Amazônia

Ministros de Relações Exteriores e de Meio Ambiente de países amazônicos alinham consensos em Belém

Chanceler brasileiro, Mauro Vieira, diz que proteção da floresta e desenvolvimento da região exige compromisso e coordenação estreita entre nações da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica

07/08/2023 18:50
Ministros de Relações Exteriores e de Meio Ambiente de países amazônicos alinham consensos em Belém
Foto: Agência Brasil

 

Antes de os presidentes da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) se sentarem para a Cúpula da Amazônia, dias 8 e 9 de agosto em Belém (PA), ministros das Relações Exteriores e do Meio Ambiente de Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela adiantaram parte dos entendimentos em reunião nesta segunda-feira (7/8), na sede do governo paraense.

Em pronunciamento à imprensa, o chanceler Mauro Vieira disse que os países que fazem parte do bioma importante e estratégico, onde vivem cerca de 50 milhões de pessoas, devem liderar iniciativas para cuidar da região que, segundo ele, exige compromisso forte e coordenação estreita das nações donas dos territórios.

“Nosso objetivo é reativar canais de diálogo com os países da região para que, por meio da cooperação, possamos encontrar juntos soluções para os nossos desafios comuns em benefício da população”, disse o ministro. Ele lembrou que o presidente Lula prioriza a Amazônia e o combate à criminalidade e à mudança climática e tem compromisso com o desenvolvimento sustentável em todas as dimensões: econômica, social e ambiental.

Mauro Vieira contou que, num segundo momento, nesta tarde, ministros da República do Congo, da República Democrática do Congo e da Indonésia, detentores de grandes florestas tropicais, participarão do encontro. A dinâmica dos dois próximos dias será similar. No primeiro dia, encontro entre os chefes de Estado dos países da OTCA, que vão assinar a Declaração de Belém. No segundo dia, representantes dos países convidados e instituições convidadas.

A Declaração de Belém, segundo o ministro, vem sendo negociada há um mês e será afinada no encontro entre os presidentes. A ela serão incorporadas as sugestões dos Diálogos Amazônicos, que reuniu cerca de 27 mil pessoas de diferentes países e representações sociais, mas principalmente comunidades amazônicas, entre os dias 4 e 6 de agosto.

Segundo o ministro, os Diálogos demonstraram o interesse de quem vive e conhece a Amazônia em entender os desafios e possibilidades existentes para o desenvolvimento sustentável da região, a proteção do bioma, a redução das desigualdades e a promoção da inclusão social.

A ministra de Meio Ambiente, Marina Silva, destacou a importância da participação social e elogiou a escolha do presidente Lula de fazer a Cúpula da Amazônia em dois trilhos, o governamental e o da sociedade civil.

Para ela, os pontos centrais são combater desigualdades, não permitir chegar a um ponto de não retorno e trabalhar conjuntamente em um novo modelo de desenvolvimento para a região, capaz de gerar um ciclo de prosperidade e redução de desigualdades.

“Não dá mais para os governos acharem que vão fazer as coisas unilateralmente para as pessoas, as empresas e a sociedade. Terão, necessariamente, que fazer com as pessoas”, disse, acrescentando que o trilho da sociedade civil, com os Diálogos Amazônicos, foi um grande sucesso.

CONTEXTOS - Na opinião de Marina Silva, o contexto da região amazônica mudou nesses 45 anos de existência da OTCA e, hoje, a realidade é de um bioma drasticamente ameaçado e que não pode chegar a um ponto de não retorno. Por isso, disse, é impossível reverter o processo de degradação da região trabalhando de forma isolada.

As políticas para a Amazônia, acrescentou, devem ser orientadas por evidências científicas. “Não é momento de termos atitudes erráticas. Qualquer decisão que não considere a ciência pode cometer erros irreversíveis e com grandes prejuízos. Vamos trabalhar para dar suporte técnico e científico para não chegarmos a um ponto de não retorno”, disse, defendendo o fortalecimento da OTCA para dar suporte técnico e encaminhamento às decisões tomadas.

De acordo com a ministra, é preciso trabalhar um espaço multilateral global para que haja envolvimento de todos os países na busca por um mundo mais sustentável. “Mesmo que consigamos reduzir o desmatamento em 100%, se o mundo não parar com as emissões de combustíveis fósseis, vamos prejudicar a Amazônia de igual forma”.

 

Por: Planalto

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