Fã que perdeu a visão após show do RBD conquista medalha de ouro no Parapan 2023

Brenda Freitas viu seu sonho de assistir ao show do RBD transformar-se em um pesadelo inimaginável. Após passar por momentos intensos de nervosismo e emoção, aos 11 anos, ela foi dormir com forte dor de cabeça e, no dia seguinte, acordou totalmente cega. No entanto, a história da jovem não é marcada por lamentações, mas sim pelo resgate da confiança e da autoestima. Nesta segunda-feira (20.11), a fã da banda esteve no centro dos holofotes ao subir ao pódio para receber a medalha de ouro no judô para cegos durante os Jogos Parapan-Americanos de Santiago, no Chile.

"Eu sou fã da banda até hoje. Na época, em 2006, eu era muito apaixonada. Fiquei muito ansiosa e nervosa. Quando acabou o show, eu já saí com muita dor de cabeça. Dormi enxergando e acordei totalmente cega após um show do RBD", recorda, hoje a atleta da Seleção Brasileira de Judô Paralímpico.

A carioca explica que a cegueira foi um dos momentos muito difíceis da sua vida. "Ninguém sabia o que era. Fui ao hospital, fiquei internada e o médico disse que era uma inflamação na retina causada pela herpes. Ela se manifestou pela forte emoção que eu passei. Minha imunidade baixou, e ela se manifestou", detalha a história.

A paixão pelo esporte começou no muay thai. O judô paralímpico entrou em sua vida em 2018, quando tinha 23 anos. A primeira convocação para a seleção brasileira veio em 2022. "Depois que eu coloquei o kimono, fiquei completamente apaixonada pelo judô", frisa.

"O esporte entrou na minha vida de maneira avassaladora. Quando passei a praticar o esporte, ele me deu autonomia e uma confiança que, depois que fiquei cega, tinha perdido. Aprendi a ter confiança em mim mesma", revela Brenda.

A atleta lembra que nunca tinha imaginado representar o Brasil em grandes competições internacionais. "Nunca passou pela minha cabeça fazer parte da seleção brasileira. Eu só via pela televisão, acompanhava os atletas brasileiros e nunca imaginei estar aqui hoje. É uma realização que vai acima dos meus sonhos", comemora.

Em Santiago, Brenda estreou no tatame dos Jogos Parapan. A brasileira venceu o primeiro combate na categoria até 70kg J1/J2 contra a judoca da casa, a chilena Francisca Almanza. No confronto seguinte, a carioca superou a cubana Ariagna Hechevarría por ippon.

Na busca pela medalha de ouro, Brenda finalizou a atleta da Argentina Nadia Boggiano novamente por ippon, e garantiu sua primeira medalha em sua estreia na maior competição esportiva das Américas.

"Estou muito feliz com essa conquista. O Parapan é um evento gigante. Vir aqui representar meu país da melhor forma possível, sendo campeã, é emocionante. Esse sentimento não está cabendo no meu coração", afirma.

"Quero muito agradecer a todos que fazem parte desse ouro. A minha equipe, família, sensei, seleção brasileira e a Bolsa Atleta, que me ajuda cada vez mais a me dedicar aos meus treinos, melhorar minha performance para hoje estar no lugar mais alto do pódio", agradece.

Atualmente, Brenda Freitas recebe o benefício da Bolsa Pódio. O suporte do Governo Federal garante o valor de R$ 15 mil por mês durante 12 meses, permitindo que ela mantenha o foco no esporte, garantindo melhores condições de treinamento e viagens para as competições internacionais.

A medalha de ouro vai para a estante na casa de Brenda, que guarda com carinho a medalha de bronze conquistada em 2022 durante o Campeonato Mundial da modalidade.

"Hoje eu me sinto viva por causa do esporte. Fiquei independente e confiante graças ao esporte", finaliza.

Por: Ministério do Esporte