Censo 2022: Brasil tem 106,8 milhões de endereços e 24,4 milhões não têm número
Pesquisa revelou ainda acréscimo de 34 milhões de novos endereços em comparação com Censo anterior. Ausência de numeração nos domicílios revela 'déficit de cidadania', diz pesquisador
O IBGE divulga hoje (14) a versão completa do Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos (CNEFE), que traz microdados com os principais atributos dos 106.814.877 endereços do país. Esses atributos incluem o nome do logradouro, número e modificador do endereço, complemento, localidade, CEP, espécie da unidade visitada, tipo de edificação e nomes dos estabelecimentos, entre outros.
Segundo o CNEFE, no período abrangido pela coleta do Censo 2022, o país tinha 3,5 milhões de edificações em construção ou reforma, das quais 605,2 mil estavam no estado de São Paulo, que abrigava a maior quantidade dessa espécie de endereços, entre as 27 unidades da federação. O CNEFE informa, ainda, se essas construções ou reformas terão uso residencial, não residencial, misto ou indeterminado.
34 milhões de novos endereços
Organizado pelo IBGE desde 2005, o CNEFE é o principal acervo de endereços do país com abrangência nacional e acesso público. Ele é atualizado periodicamente, sendo totalmente revisado durantes os censos demográficos.
O trabalho do Censo 2022, por exemplo, teve início com uma lista prévia de 89.327.652 endereços. Destes, 81,5% foram confirmados e 18,5% foram excluídos durante a coleta, que ainda acrescentou 33.992.241 novos endereços ao CNEFE. “A contribuição dos 120 mil recenseadores foi fundamental. Foram os trajetos por eles percorridos e o seu trabalho de cobertura que nos permitiram ter o produto que estamos entregando hoje para a sociedade”, observa Eduardo Baptista, gerente do CNEFE.
O CNEFE é fundamental não apenas para orientar os recenseadores durante a operação censitária, mas também para estruturar as amostras das pesquisas domiciliares do IBGE. “A PNAD Contínua, por exemplo, já está utilizando os dados do CNEFE atualizado”, observa Eduardo.
Brasil tem 24,4 milhões de endereços sem número
Uma análise dos diversos atributos do CNEFE permite saber que o país tem 24,4 milhões de endereços sem número (ou 22,8% do total de endereços) e a maior parte deles está em Goiás (2,46 milhões). Além disso, há 438,0 mil endereços identificados pela quilometragem da via. Entre estes, 76,1 mil estão em Rondônia, unidade da federação com a maior ocorrência desse modificador.
Os endereços também foram agrupados pelos tipos de logradouros mais comuns. Dessa forma, o país tem 72,4 milhões de endereços situados em ruas, 10,7 milhões de endereços em avenidas e 7,1 milhões de endereços em estradas. Travessas, sítios, alamedas e fazendas também estão entre os principais tipos.
O país tem, ainda, 2,7 milhões de endereços em logradouros sem nome, com o maior número deles na Bahia (314,5 mil). Além disso, existem 171,7 mil endereços em logradouros cujo nome tem a palavra “Brasil”.
O gerente do CNEFE observa: “O endereço é também um indicador de cidadania. Isso significa que o cidadão que vive em um endereço sem número ou em uma rua ou avenida sem denominação está sofrendo algum tipo de déficit na sua cidadania, pela não formalização daquele endereço ou logradouro pelo poder público municipal”.
Há, ainda, 2,3 milhões de endereços em logradouros cuja denominação tem a palavra “São”, além de 1,7 milhão de endereços em logradouros com “Doutor”, 1,0 milhão de endereços em logradouros cujo nome contém “Santa” e 483,5 mil de endereços em logradouros que têm “Presidente” na sua denominação, entre outros exemplos.
O CNEFE também permite saber que, entre seus endereços, há 90,6 milhões de domicílios particulares e 104,5 mil domicílios coletivos, além de 264,4 mil estabelecimentos de ensino e 247,5 mil estabelecimentos de saúde, entre outras categorias.
Destaques
•Durante o Censo 2022, foram acrescentados cerca de 34,0 milhões de novos endereços ao Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos (CNEFE), que foi criado pelo IBGE em 2005 e está em permanente atualização.
•A análise dos atributos do CNEFE mostra que o país tinha 24,4 milhões de endereços sem número (22,8% do total) e 2,7 milhões de endereços em logradouros sem nome.
•Brasil tem 72,4 milhões de endereços situados em ruas, 10,7 milhões de endereços em avenidas e 7,1 milhões de endereços em estradas. Travessas, sítios, alamedas e fazendas também estão entre os principais tipos.
•País tem 3,3 milhões de endereços em logradouros cujo nome tem a palavra “São” ou “Santa” e 171,7 mil endereços em logradouros cujo nome tem a palavra “Brasil”.
•Durante a coleta do Censo 2022, o país tinha 3,5 milhões de edificações em construção ou reforma, das quais 605,2 mil estavam no estado de São Paulo.
•Cerca de 13,3 milhões de endereços do país estão em condomínios, sendo 3,6 milhões deles em condomínios com entre 6 e 20 endereços.
•Os dados do CNEFE ajudaram o poder público a enfrentar calamidades em Alagoas e Pernambuco, em 2010, em Brumadinho (MG), em 2019, em São Sebastião (SP), em 2023, e no Rio Grande do Sul, em 2024.
•O CNEFE é fundamental para estruturar as amostras das pesquisas domiciliares do IBGE, como a PNAD Contínua e a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF).
•Os endereços do CNEFE também foram agregados por Códigos de Endereçamento Postal (CEP).
13,3 milhões de endereços do país estão em condomínios
O Brasil tem 13.285.465 de endereços situados em arranjos condominiais, sendo 3,6 milhões de endereços em condomínios com entre 6 e 20 endereços, 2,7 milhões em condomínios com entre 21 e 50 endereços, 2,2 milhões em condomínios com entre 51 e 100 endereços e 4,8 milhões em condomínios com mais de 100 endereços.
O IBGE considera arranjos condominiais as copropriedades entre diferentes pessoas de um mesmo imóvel. Foram identificados como arranjos condominiais aqueles que tinham seis ou mais domicílios particulares permanentes em edificação caracterizada como “casa de vila ou em condomínio” ou “apartamento” na mesma face de quadra e, ainda, compartilhavam o mesmo logradouro, número, localidade e CEP.
Pesquisa pode auxiliar no enfrentamento de calamidades
Em 2 de fevereiro, o IBGE já havia divulgado as Coordenadas Geográficas das Espécies de Endereços do Censo Demográfico 2022 . Mais tarde, em 21 de maio, foi antecipada a liberação dos microdados do CNEFE , para auxiliar os órgãos governamentais no enfrentamento das inundações no Rio Grande do Sul.
Na figura abaixo, um exemplo de aplicação dessas informações, mostrando, a partir dos dados georreferenciados do CNEFE, os endereços atingidos por alagamentos no município de Lajeado (RS). No momento da análise retratada pela figura, esses endereços alagados incluíam, entre outros exemplos, 4,6 mil domicílios particulares, 82 edificações em construção e 15 estabelecimentos de ensino.
Os dados do CNEFE também foram utilizados para apoiar a estratégia de atuação de órgãos governamentais e de Defesa Civil durante calamidades ocorridas em Alagoas e Pernambuco, em 2010, em Brumadinho (MG), em 2019, e em São Sebastião (SP), em 2023, entre outras ocasiões.
Com informações precisas sobre a localização dos domicílios e estabelecimentos, as três esferas de governo podem realizar um planejamento mais eficiente de infraestruturas públicas, identificando regiões com maior demanda por transporte, escolas, hospitais, coleta de lixo, abastecimento de água e luz e, inclusive, facilitando a entrega de correspondências.
Eduardo lembra que “as informações do CNEFE são extremamente úteis para caracterizar distintos padrões de ocupação, identificando áreas verticalizadas ou com grande número de edificações em construção. Além disso, o CNEFE oferece a outras instituições, públicas ou privadas, um importante repositório de endereços para amostras de pesquisas domiciliares”.
IBGE organizou os endereços do CNEFE por CEP
Essa divulgação do CNEFE traz os endereços agregados pelo Código de Endereçamento Postal (CEP). “Será possível saber, por exemplo, quantos domicílios e estabelecimentos estão vinculados a cada um dos mais de 931.499 CEPs associados aos endereços no CNEFE. Esse detalhamento atende demandas de diversos usuários de nossos dados”, observa Eduardo.
O CNEFE traz 5.570 arquivos em formato CSV, com informações de cada município do país. Os dados também estão em 27 arquivos CSV por unidade da federação, para recortes geográficos mais amplos. Há, ainda, uma planilha com os dados agregados por CEP. Acompanham esse material uma nota metodológica e o dicionário de dados. Os arquivos do CNEFE podem ser utilizados em Sistemas de Informação Geográfica, para gerar mapas e cartogramas, inclusive combinados com outras camadas de informações em diversas plataformas, como Google Earth.
Mais sobre a pesquisa
O Censo Demográfico é a mais completa operação estatística realizada no país, indo a todos os domicílios dos 5.570 municípios brasileiros e coletando os endereços e as coordenadas geográficas das espécies de endereços visitadas pelos recenseadores.
O Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos (CNEFE) é o principal repositório de endereços com abrangência nacional e de acesso público. O CNEFE busca registrar todos os endereços de unidades construídas ou em construção e traz informações como logradouro, localidade, CEP e número, além de complementos que diferenciam endereços em uma mesma posição no logradouro. Para complementar a localização de endereços, associa-se a esse registro um par de coordenadas geográficas.
Os dados podem ser visualizados na Plataforma Geográfica Interativa (PGI) e no panorama do Censo 2022 .
Por IBGE
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