G20 Brasil

A Aliança Global contra a Fome e os simbolismos do Galpão da Cidadania

Local do pré-lançamento da Aliança abriga a Ação da Cidadania, movimento criado por Betinho há três décadas – histórico na luta pela segurança alimentar e no combate ao desperdício

Agência Gov | Via Secom/PR
23/07/2024 13:57
A Aliança Global contra a Fome e os simbolismos do Galpão da Cidadania
Felipe Neiva/Seres
Daniel Souza, filho de Betinho: sociedade mais justa se constrói no coletivo, com políticas duradouras contra a fome

O Galpão da Cidadania, lugar escolhido para o pré-lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza no âmbito do G20, é repleto de história e simbolismos. A estrutura abriga a sede da Organização Não Governamental Ação da Cidadania. Criada há 31 anos pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, para arrecadar alimentos para milhões de brasileiros que estavam abaixo da linha da pobreza, a ONG é referência internacional na atuação pelo direito à alimentação.

O local vai receber a partir das 11h desta quarta-feira, 24 de julho, o evento com presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e autoridades de vários países. Eles vão formalizar os documentos que permitirão a adesão dos países interessados no pacto pela redução da fome e da pobreza no planeta. A Aliança Global é a principal medida do período de  Presidência do Brasil à frente do G20 e tem consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, que preveem a eliminação da pobreza extrema até 2030.

Em 2003, a Ação da Cidadania recebeu do Governo Federal o Armazém Docas D. Pedro II, na região portuária, que foi construído em 1871 pelo engenheiro afrodescendente André Rebouças.


"O Galpão fica perto do Morro da Providência, perto do cais do Valongo, que historicamente era o cais do Rio de Janeiro que recebia os escravizados do tráfico negreiro. Então, também tem um simbolismo forte nesse aspecto. E o próprio galpão foi construído por um dos maiores abolicionistas brasileiros, o engenheiro André Rebouças", destacou o embaixador Maurício Lyrio, Sherpa do Brasil no G2O e secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores.


Com 14 mil metros quadrados, o galpão tem as laterais e a fachada tombadas. Conquistou, com recursos de patrocínio, uma reforma feita pelo arquiteto Hélio Pelegrino, para abrigar o Centro Cultural Ação da Cidadania. No espaço multifuncional interno com 168 metros de comprimento e 36 metros de largura, são realizadas plenárias com os comitês da Ação da Cidadania, palestras e encontros, além de atividades de inclusão social, como oficinas e cursos de capacitação gratuitos. O amplo espaço, como forma de gerar renda para a própria manutenção, é alocado para a realização de grandes eventos, como festas, feiras, congressos, shows e apresentações culturais.

Entre os principais temas estabelecidos pelo governo brasileiro no G20 estão o combate à fome, à pobreza e à desigualdade, que são também os pilares da ONG. "A Ação da Cidadania é uma entidade que tem 31 anos. Ela nasceu em 1993, quando saiu uma pesquisa dizendo que a gente tinha 32 milhões de pessoas passando fome. “O lugar onde está sendo a plenária do G20 é um armazém onde, nas campanhas, a gente bota ali 300 toneladas de comida", contou Daniel Souza, presidente do Conselho da ONG e filho do sociólogo Betinho.

Para ele, uma sociedade mais justa e igualitária se constrói no coletivo, com políticas públicas duradouras e eficientes contra a fome e em defesa da cidadania. “Ter a nossa sede como espaço de debates sobre as principais questões econômicas e diplomáticas que giram em torno da governança global nos inspira”, disse. “As futuras gerações vão nos perguntar como deixamos a fome chegar a esse ponto em um mundo que produz comida suficiente para todos. A nossa resposta precisa começar agora”, completou.

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Visitação

Durante o evento, integrantes do G20 e convidados poderão conhecer a estrutura física e logística da Ação da Cidadania, que mantém em sua sede nacional uma gestão que contribui para a segurança e a soberania alimentar, o combate ao desperdício e a distribuição de alimentos. Por lá, poderão ver de perto e na prática como funcionam políticas públicas brasileiras contra a insegurança alimentar.

O local conta com uma Cozinha Solidária, que prepara e distribui, diariamente, 1000 refeições prontas para consumo de pessoas em situação de vulnerabilidade social; uma área de Agroecologia, com hortas urbanas e áreas verdes para atender comunidades locais; e o Banco de Alimentos que, por meio do incentivo do poder público, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) do Governo Federal, atua na captação, recebimento e entrega de alimentos e insumos.

A instituição também inclui uma rede de 3 mil voluntários que atuam em todo o país no combate à insegurança alimentar. "O G20 veio fortalecer aquilo que a gente tem de missão e a representatividade que um projeto social tem. Diante da luta há 30 anos contra a fome, insegurança alimentar e nutricional, o G20 estar tratando do combate à fome, para a gente, é muito orgulho. É um reconhecimento. E isso repercute não só aqui, mas para todos os países. Para todas as nações comprometidas com o desenvolvimento econômico", disse a coordenadora da Cozinha Solidária da ONG, Lícia Marca.


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