As emissões de gases de efeito estufa no setor aquaviário caíram 7,68% nos últimos anos

O total de emissões de carbono diminuiu 7,68% entre 2021 e 2023 na cabotagem e na navegação interior, segundo aponta o 1º Inventário de Gases de Efeito Estufa do Setor Aquaviário.

O painel foi elaborado pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) e lançado oficialmente nesta quarta-feira (5). Os dados estão disponíveis para consulta neste link e mais informações estão disponíveis aqui .

Durante o evento de lançamento, o diretor-geral da ANTAQ, Eduardo Nery destacou a importância desse projeto que é o primeiro inventário setorial aquaviário do mundo e reforçou que “para sabermos se estamos avançando na pauta de transição energética, a primeira coisa é entender quanto nós emitimos. Esse é o propósito do inventário”.

Ele afirmou ainda que “a ANTAQ sempre teve uma atuação pioneira quanto ao tema da sustentabilidade. A Agência foi a primeira a desenvolver o Índice de Desempenho Ambiental do setor de transportes, também somos uma das pioneiras na formação de uma Agenda Ambiental e sempre promovemos estudos buscando a descabonização e outros temas relacionados à sustentabilidade”.

A cerimônia de lançamento do inventário, que aconteceu na sede da ANTAQ, em Brasília, contou com a presença de toda a diretoria colegiada da Agência; da secretária-executiva do Ministério de Portos e Aeroportos, Mariana Pescatori; do presidente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), Vander Costa; do presidente do IBAMA, Rodrigo Agostinho; e de diversas autoridades do setor aquaviário.

Menos emissões

Em 2021, os tipos de navegações apresentaram emissões de carbono que equivalem a 2,99 milhões de toneladas e esse valor chegou a 2,76 milhões de toneladas de carbono em 2023.

Apesar das emissões caírem nesses últimos anos, o inventário setorial mostra que a carga transportada por esses dois tipos de navegação aumentou durante o período. A cabotagem teve um acréscimo de 4,1% e a navegação interior apresentou alta de 14,4% no transporte de cargas.

A principal razão para redução nas emissões de carbono, apesar do volume transportado ter sido maior, decorreu principalmente de uma mudança na política de utilização de combustíveis de melhor qualidade que emite menos carbono e da redução da quantidade do teor de bunker existente na mistura.

O inventário setorial, faz o levantamento, além do dióxido de carbono, de outros gases de efeito estufa, como, o óxido nitroso e o metano. O projeto é um marco importante para o desenvolvimento sustentável do transporte marítimo e fluvial no Brasil.

Expansão futura

Nesse primeiro momento, o foco é mensurar as emissões de gases de efeito estufa na cabotagem e na navegação interior. No entanto, o objetivo é expandir essa medição para todo o setor aquaviário, incluindo embarcações de maior porte e instalações portuárias.

O inventário vai permitir uma visão precisa sobre as emissões de gases de efeito estufa pelas embarcações em operação, criando uma base sólida que vai fomentar a implementação de ações concretas rumo à descarbonização.

Este é um marco importante para o desenvolvimento sustentável do transporte marítimo e fluvial no Brasil. O inventário setorial é o primeiro passo de um esforço contínuo para mapear, quantificar e mitigar as emissões de gases de efeito estufa provenientes das operações aquaviárias.

A superintendente de ESG e Inovação, Cristina Castro, explicou que “o inventário setorial se divide em três frentes. Na primeira nós olhamos para as emissões diretas do porto; na segunda vemos as emissões indiretas, que são os arrendatários, os fornecedores e os navios; e a terceira frente diz respeito às emissões de eletricidade do porto”.

Acordos firmados

Durante a cerimônia, a ANTAQ assinou dois Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) e dois Memorandos de Entendimentos. O ACT com a Eletrobras visa avaliar e propor soluções em energia renovável para portos públicos e privados.

O acordo de cooperação com a Confederação Nacional do Transporte (CNT) e o Memorando de Entendimento com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) tratam do desenvolvimento das próximas fases do inventário setorial.

Por sua vez, o Memorando de Entendimento com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é um compromisso firmado entre as instituições para o desenvolvimento de normatização visando a adaptação e mitigação da mudança do clima e descarbonização dos portos, instalações e terminais portuários no Brasil.

Guia de descarbonização

Como complemento ao inventário setorial, foi desenvolvido o Guia de Descarbonização do Setor Aquaviário: Conceitos e Futuro Sustentável . O documento tem como intuito nivelar o conhecimento de todos os entes envolvidos no setor aquaviário sobre os conceitos fundamentais da descarbonização e as ações necessárias para promover um modelo de baixo carbono.

O guia está alinhado às diretrizes da Organização Marítima Internacional (IMO) e aos compromissos globais e nacionais em torno do desenvolvimento sustentável e da redução das emissões de gases de efeito estufa.