Projeto da Ferrovia Bioceânica avança em negociações com a China, diz Simone Tebet
Obra de 3 mil quilômetros representa uma 'revolução', destaca ministra Simone Tebet durante visita oficial do presidente Lula a Pequim

Nesta terça-feira (13/5), a comitiva brasileira liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhada pela ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, em Pequim (China), firmou diversos acordos bilaterais e memorandos de entendimento com o país asiático. Segundo a ministra, um dos projetos brasileiros prioritários para a China, a Ferrovia Bioceânica foi objeto de negociações e a parceria com os chineses está avançando.
Em todos os acordos firmados, há quatro eixos estratégicos delineados durante a visita do presidente chinês Xi Jinping ao Brasil no final do ano passado: o Novo PAC, a Nova Indústria Brasil, o Plano de Transformação Ecológica e as Rotas de Integração Sul-Americana, sendo estas últimas um dos projetos mais relevantes do Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO).
O interesse da China se concentra na construção da Ferrovia Bioceânica, que, uma vez finalizada, interligará Ilhéus (BA) ao porto de Chancay, no Peru. O trajeto da ferrovia passará por regiões-chave do agronegócio brasileiro, incluindo o Matopiba, a área de fronteira entre os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
“Isso representa uma revolução. Quando esse projeto se concretizar, transformaremos todo o cenário econômico do Brasil. Estamos levando desenvolvimento a uma região atualmente considerada a mais rica devido à qualidade de seu solo e agronegócio, mas que carece de infraestrutura”, afirmou Simone Tebet. “O projeto da ferrovia tornará o Brasil muito mais competitivo. É uma mudança radical. Impactará diretamente regiões do Norte, Centro-Oeste, interior do Sudeste e do Nordeste. Seu efeito sobre o desenvolvimento é comparável ao que uma reforma tributária provocaria nas indústrias do Sul e Sudeste”, ressaltou a ministra.
O desenho da ferrovia está sendo desenvolvido pelo Ministério do Planejamento e Orçamento, em colaboração com a Casa Civil, o Ministério dos Transportes e o Ministério dos Portos e Aeroportos.
3 mil quilômetros de conexão
Embora o traçado da ferrovia ainda esteja sendo definido, a intenção é conectar a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), atualmente em execução, com a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico), unindo-as ao Peru.
“A China tem interesse, assim como o Peru e o Brasil. O objetivo é garantir segurança jurídica e previsibilidade, assegurando que, independentemente das gestões governamentais, este projeto é um compromisso do Estado brasileiro, com viabilidade econômica clara”, destacou Simone Tebet.
“O plano é, de fato, rasgar o Brasil de leste a oeste”, reitera a ministra. “Quando falamos em 'cortar' o Brasil, estamos tratando de pelo menos 3 mil quilômetros para conectar à ferrovia que a Vale está construindo pela Fico e que liga à Fiol na Bahia. Estamos nessa tarefa há 60 dias e estamos progredindo”, completou Tebet, referindo-se às negociações iniciadas pelo secretário de Articulação Institucional do MPO, João Villaverde, em colaboração com a secretaria especial do Novo PAC, da Casa Civil, e a secretaria nacional de ferrovias, do Ministério dos Transportes.
As tratativas entre os ministérios e a estatal chinesa China State Railway Group incluiram visitas técnicas a Brasília, a Mara Rosa (um ponto de entroncamento entre a FICO e a FIOL, além da Ferrovia Norte-Sul) e ao porto de Santos, em São Paulo.
Projetos ferroviários tendem a ser dispendiosos e demoram para ser concluídos, uma vez que envolvem diversas etapas, desde estudos de viabilidade técnica, ambiental e econômica até a execução das obras. A participação do capital privado – incluindo o internacional – é essencial para a concretização de uma iniciativa dessa magnitude.
“Não há investimento privado nacional suficiente; precisamos de capital estrangeiro. Atualmente, quem possui os recursos necessários é a China, tanto no setor privado quanto no público”, afirmou a ministra Tebet.
A viagem oficial brasileira à China se encerrará nesta quarta-feira (14).
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