África do Sul assume liderança do G20 e presidente elogia legado do Brasil
Após a Cúpula marcada por avanços históricos no Brasil, foco do próximo mandato, que começa neste domingo (1o), será em combate à fome, mudanças climáticas e inclusão digital, com ênfase na solidariedade internacional e no legado do G20 Social
O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, concedeu uma coletiva de imprensa no encerramento da Cúpula do G20 no Brasil, apresentando os pilares da futura gestão sul-africana do grupo. Ele elogiou a liderança do presidente Lula durante a presidência do G20 em 2024, especialmente pela criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e do G20 Social, iniciativas que ressoam com os princípios de inclusão e desenvolvimento sustentável defendidos pela África do Sul.
Ramaphosa anunciou que a solidariedade será o tema central do G20 de 2025, com prioridade em áreas como combate à fome, mudanças climáticas e governança da inteligência artificial. Ele enfatizou a importância do legado brasileiro na promoção de um "consenso suficiente", que permite avanços mesmo diante de divergências. "Nenhuma nação deve bloquear o progresso global quando há um amplo consenso", afirmou.
"Quando se trata de tecnologias digitais, particularmente a evolução da inteligência artificial, é uma das nossas prioridades. Temos três temas prioritários que são o combate à fome, a mudança climática, como lidar com os danos climáticos, e a tecnologia digital, mais especificamente a inteligência artificial. Queremos garantir que isso leve ao desenvolvimento de pessoas, seja voltado para garantir o benefício social, ser orientado e beneficiar as pessoas", afirmou o presidnete sul-afrcano
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Sobre a presidência sul-africana, Ramaphosa assegurou a continuidade do G20 Social, promovendo diálogos inclusivos entre governos, sociedade civil e empresas. Ele também convidou líderes globais para a cúpula em Joanesburgo, reforçando o compromisso com a cooperação internacional. "Nosso desafio é enfrentar desigualdades históricas e construir um futuro mais igualitário para o Sul Global ", defendeu.
Confira os principais momentos da entrevista:
Prioridades sul-africanas e legado do Brasil: continuidade do G20 Social e fortalecimento da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza
"Nossa pauta vai ser focada na questão da solidariedade, igualdade e desenvolvimento sustentável. Vamos ter prioridades importantes que queremos discutir e que dará apoio nos diversos temas mais amplos que pretendemos alcançar.
Quando se trata de tecnologias digitais, particularmente a evolução da inteligência artificial, é uma das nossas prioridades. Temos três temas prioritários que são o combate à fome, a mudança climática, como lidar com os danos climáticos, e a tecnologia digital, mais especificamente a inteligência artificial. Queremos garantir que isso leve ao desenvolvimento de pessoas, seja voltado para garantir o benefício social, ser orientado e beneficiar as pessoas".
"Acabamos de ver uma Cúpula de Excelência, já agradeci ao presidente Lula da Silva pela organização, focada em questões importantes que afetam bilhões de pessoas ao redor do mundo. Nós, como africanos, levamos isso de volta do Brasil. Temos muito a fazer e a aprender com o que foi feito. De um ponto de vista substantivo, o foco em questões de desenvolvimento, em particular para erradicar a pobreza e a fome no mundo, ressoa muito com nossos objetivos de desenvolvimento e agrega bastante".
"Estamos muito felizes de participar do lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e do G20 Social. É uma inovação na arquitetura do G20, que fomos convidados e vai trazer milhares de pessoas de todas partes do mundo, em diversas formações, para dar peso à iniciativa.
Estamos felizes porque vários dos problemas levantados foram encarados pelos líderes. Isso para nós foi muito bom, isso se alinha muito com nossa própria tradição como país, onde as formações sociais, da sociedade civil, religiosas, associações de negócios, esportes e cultura, todos tiveram um papel muito importante em pôr fim ao pesadelo do apartheid. Fomos convidados a essa inovação e dizemos que queremos continuar com essa nova prática que o Brasil começou. Vamos ter o G20 Social durante a nossa presidência em 2025.
A forma como o Brasil liderou o processo para alcançarmos a declaração que adotamos foi notável. Estamos aprendendo é que no final, quando há um consenso amplo, o que nós chamamos de consenso suficiente, uma declaração deve ser adotada e deve nos levar a frente sem falhar em adotar os princípios aprovados".
Taxação dos super ricos e reforma da governança global
"Outro aspecto importante do que o Brasil alcançou foi focar em questões como a taxação dos ultra ricos. Para iniciar o processo e ver como eles podem ser levados a pagar mais impostos. Foram apresentadas pesquisas e se chegou ao número de 3 mil pessoas super-ricas no mundo e esses estudos deverão desenvolver alguma estrutura em nível nacional, vamos ver como isso funciona melhor. Acho que ainda é algo que precisa ser trabalhado.
A reforma de instituições globais, de governança e financeira. O foco na mudança climática também é algo que nós agradecemos ao Brasil. Em geral são resultado de muito sucesso para a Cúpula do G20 e dá uma boa base para a África do Sul, enquanto nos concentramos agora em ter o próximo G20 em Joanesburgo. Eu tive tempo de convidar todos esses países participantes, como membros e convidados, e incluindo organizações internacionais, para ir à África do Sul e participar".
As relações entre Brasil, África do Sul e o fortalecimento do Sul Global
"A bilateral que tivemos (Brasil e África do Sul) abordou vários problemas em que cooperamos. Somos dois países do Sul Global, membros do BRICS, somos unidos em muitos pontos e trabalhamos juntos extremamente bem. Durante a nossa reunião bilateral com o presidente Lula falamos sobre a convergência de nossos objetivos como país e sobre o seu desejo de ir à África do Sul e que possamos aumentar nossas discussões. Claro que a questão das transações entre os dois países foi debatida e que precisamos aumentar a escala das nossas negociações, para conseguir que empresas africanas também possam exportar para cá. Empresas brasileiras já exportam bastante para a África do Sul, de um modo geral foram boas as conversas".
Sul Global no centro das discussões
"Nossa estratégia para a Cúpula do G20 é um apelo à inclusão. Vamos ouvir todas as vozes, todas as visões de todas as estruturas, tanto quanto possível. A África é o nosso lar. Vamos procurar fazer com que esse G20 seja afrocentrado. Também focado no Sul Global, como o Brasil fez. Mas no nosso caso, será o nosso país, o continente africano. Já dissemos isso publicamente, queremos focar nas necessidades e nos desafios que o continente africano enfrenta.
A zona livre de comércio do Continente Africano representa uma grande oportunidade. Queremos que todos nós do continente possamos utilizar da melhor forma possível essa plataforma, a participação dos países da África Continental. Utilizar essa oportunidade que está sendo trazida por países que controlam até 80% do PIB mundial, do comércio e do crescimento econômico.
Queremos isso, a diáspora Africana tem um papel importante e nós vamos utilizar. Vamos criar uma plataforma onde as pessoas possam publicar suas propostas, tanto na África do Sul quanto da comunidade africana e todo o continente. Para nós, esta é uma oportunidade muito excitante. Queremos utilizar isso para ações positivas, para trabalhar com os outros e focar nos problemas importantes que o mundo precisa resolver. De muitas formas o G20 cria uma plataforma com impacto na direção que o mundo precisa ir, para os lugares certos. Isso nos traz uma oportunidade e queremos utilizar isso".
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