A Segunda Guerra Mundial terminou há 80 anos , mas seus vestígios ainda emergem do fundo do oceano e da memória dos combatentes. Pesquisas arqueológicas e de narrativas desenvolvidas pela Marinha do Brasil (MB) acrescentam novas páginas a esse capítulo sombrio da história da humanidade e ampliam a compreensão sobre a defesa naval brasileira no período. Elas foram apresentadas durante a primeira edição do Seminário Conjunto de História Militar da Defesa, promovido pela Chefia de Educação e Cultura do Ministério da Defesa, entre os dias 9 e 11 de abril, em Brasília (DF) e no Rio de Janeiro (RJ).

O projeto de pesquisa arqueológica no naufrágio do Navio-Auxiliar “Vital de Oliveira” teve início em janeiro deste ano, quando seu casco foi encontrado a 35 milhas náuticas (cerca de 65 quilômetros) do litoral de Macaé (RJ). A embarcação foi torpedeada, em 1944, pelo submarino alemão U-861, causando cerca de cem mortes. Por meio de ecobatímetro multifeixe e sonar de varredura lateral , a Marinha conseguiu mapear o relevo do fundo oceânico e criar modelos tridimensionais do casco e de outros elementos estruturais do antigo navio. A descoberta deve ganhar um documentário, produzido pelo Centro de Comunicação Social da Marinha.

“Preservar o ‘Vital de Oliveira’ é mais do que conservar um navio: é manter viva a memória de seus tripulantes, fortalecer a identidade nacional e afirmar o compromisso permanente da MB com a história, a cultura e o futuro da nação. Que a lembrança de seus mortos não se perca no tempo, mas continue navegando, como farol de honra entre as novas gerações”, explica o mestre em arqueologia e um dos painelistas do evento, Capitão-Tenente (Quadro Técnico) Caio Cézar Pereira Demilio.

O que dizem os veteranos

Outra iniciativa abordada no Seminário foi a apresentação do Projeto Memória de História Oral, que reúne entrevistas com ex-combatentes da Marinha do Brasil que tiveram importante papel na defesa do País durante a Batalha do Atlântico, na Segunda Guerra Mundial. “Tendo sempre em conta que a memória é um construto social sobre o passado elaborado a partir de diferentes perspectivas desde o presente, o projeto adquire notável relevância, pois tem como principal objetivo o registro e a disponibilização pública dessas narrativas”, afirma o pesquisador e doutor em história, Primeiro-Sargento Robert Wagner Porto da Silva Castro, que também apresentou painel sobre o tema.

Além das pesquisas encabeçadas pela Força Naval brasileira, por meio da Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha, o Seminário incluiu apresentações do Exército Brasileiro sobre a Força Expedicionária Brasileira (FEB), a Divisão de infantaria enviada à Europa para lutar ao lado dos países aliados, e da Força Aérea Brasileira, sobre a participação da aviação de patrulha e de caça no conflito. Na capital federal, o encontro também contou com exposição de objetos históricos e maquetes de meios de combate, com navios e aviões da época.