O próximo dia 28 de abril será marcado por um evento significativo para a navegação fluvial brasileira e para a sociedade mineira: o retorno do Vapor “Benjamim Guimarães” às águas. O navio, agora reformado, voltará a navegar pela bacia do Rio São Francisco, onde, desde a primeira metade do século passado, realizou transporte de passageiros e mercadorias entre Pirapora (MG) e Juazeiro (BA).
Dada a relevância cultural e histórica do vapor, a Marinha do Brasil (MB), por meio da Delegacia Fluvial de Pirapora (DelPirapora), acompanhou de perto as reformas realizadas pela Empresa Municipal de Turismo de Pirapora (EMUTUR), proprietária da embarcação, e pelo Estaleiro Indústria Naval Catarinense (INC). Essa atuação teve como objetivo orientar as entidades quanto à documentação necessária para a emissão dos pareceres relativos às obras da rampa de lançamento, bem como aos documentos estatutários exigidos, a fim de garantir o lançamento e a navegação segura do navio.
Importância regional e nacional
O Vapor “Benjamim Guimarães”, ou apenas “Benjamim”, como é conhecido pelos piraporenses, foi construído pelo estaleiro norte-americano James Rees & Sons, em 1913. Dada a sua estrutura, navios como o “Benjamim” eram chamados de “gaiolas”.
No Brasil, a embarcação navegou inicialmente no Rio Amazonas, antes de ser transferida, em 1920, para o Rio São Francisco, do qual se tornou símbolo histórico e cultural. O atual nome do navio, inclusive, homenageia o empresário que foi um dos grandes incentivadores do transporte hidroviário na região.
Sempre na proa: vapor tem longa folha de serviço sobre as águas. Foto: Iphea/Minas Gerais
“Esse navio é uma das mais marcantes relíquias históricas da navegação fluvial do Brasil, mais especificamente da região do São Francisco. A sua história e importância vão além do aspecto técnico: é um símbolo da integração regional, do desenvolvimento econômico e da cultura ribeirinha do interior do País”, detalha a Secretária da Sociedade Amigos da Marinha de Pirapora (SOAMAR-Pirapora), Antônia Suely Dias Vieira.
Desde 1985, o “Benjamim” é tombado pelo estado de Minas Gerais, com inscrição constante do Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico. É um reconhecimento ao papel desempenhado, ao longo de décadas, nas atividades comerciais e sociais do São Francisco, contribuindo para que este fosse conhecido como o “Rio da Integração Nacional”.
Marinha em Minas Gerais
Embora não tenha litoral, o estado de Minas Gerais conta com marcante presença da MB, devido às suas águas interiores, como rios e lagos. A então chamada Capitania dos Portos do Estado de Minas Gerais foi estabelecida justamente em Pirapora, em 11 de dezembro de 1926, marcando o início da presença oficial da Marinha no estado. À época, o principal objetivo era fiscalizar as atividades no Rio São Francisco.
Em 2019, foi inaugurada a atual DelPirapora, que, além de ser responsável pela proteção das águas nas quais o vapor voltará a navegar, também participa ativamente da sua preservação como patrimônio histórico. A Delegacia possui 207 municípios sob sua jurisdição e é diretamente subordinada à Capitania Fluvial de Minas Gerais (CFMG), sediada em Belo Horizonte.