Ministério da Fazenda aposta na escuta cidadã como “força transformadora” aos debates de economia do Brics
Evento "Brics: Força Transformadora", realizado na Universidade de Brasília, congregou representantes da sociedade civil, autoridades governamentais e especialistas (nacionais e internacionais), reforçando a importância do multilateralismo e da representatividade nas decisões econômicas globais

Em um ano que o Brasil preside o Brics, diversas instituições nacionais têm aproveitado a oportunidade para aprofundar os debates sobre o grupo que congrega, entre países membros e parceiros, 20 nações do Sul Global, e que vem se consolidando como potência na manutenção do multilateralismo no cenário geopolítico presente. Dentre estas instituições está a Universidade de Brasília (UnB), situada a alguns minutos de distância da sede do Brics Brasil na mesma cidade.
A universidade pública da capital federal realiza a "Semana Brics", em que, na programação, está contemplado o evento "Brics: Força Transformadora", que nesta terça (27) e quarta-feira (28) promoveu trocas entre comunidade acadêmica, autoridades do governo federal, especialistas nacionais e internacionais e representantes da sociedade civil. Temas como justiça fiscal, reformas dos sistemas monetário e financeiro internacionais e financiamento para proteção social igualitária e sustentável foram alguns dos tópicos abordados nos dois dias de encontro, coordenado pelo Ministério da Fazenda em parceria com o Instituto de Relações Internacionais (Irel) da UnB.
A secretária de Assuntos Internacionais do ministério, embaixadora Tatiana Rosito, assinalou, na sessão de abertura, que a pasta repete a experiência bem-sucedida do último ano, quando, durante a presidência brasileira do G20, ampliou a participação cidadã na definição de prioridades internacionais. "Esse evento representa uma continuidade do esforço que fizemos ano passado durante a presidência do G20. Nos pareceu que era preciso manter esse trabalho no BRICS”, disse. Em um “mundo de desafios e transição", continuou a embaixadora, a articulação do conjunto de países do BRICS tem uma dupla dimensão. "O BRICS é um agente importante de transformação e, ao mesmo tempo, de estabilização. No sentido, sobretudo, da defesa do multilateralismo, sem deixar de pontuar a assimetria entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento", sintetizou.
"O Brics é um agente importante de transformação e, ao mesmo tempo, de estabilização. No sentido, sobretudo, da defesa do multilateralismo, sem deixar de pontuar a assimetria entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento"
André Roncaglia, diretor-executivo do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI), que compôs a sessão de encerramento, destacou que a economia mundial está passando por um redesenho completo e que, neste cenário, o Brics têm potencial de ir além de um fórum de debates. "O Brics tem um papel lá dentro do FMI. Como o Brasil preside o Brics este ano, eu estou presidindo os diretores dos BRICS, e a nossa ideia é justamente contornar o Fundo nas demandas mais sensíveis do Sul Global, as demandas de países que estão em conflito, que têm problemas graves de instabilidade, países são pequenas ilhas, por exemplo", colocou ele, no que toca ao seu trabalho como diretor do Sul Global na instituição.
Também compuseram as mesas de debates no auditório Darcy Ribeiro, nomes como o de Adrien Fabre (presidente do Global Redistribution Advocates), Leandro Ferreira (presidente da Rede Brasileira de Renda Básica – RBRB), Marco Fernandes (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra – MST), Penélope Hawkins (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento – UNCTAD), Rozana Naves (reitora da UnB), Luciana Servo (presidenta do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA) e Vinicius Pinheiro (Organização Internacional do Trabalho – OIT).
Participação cidadã
Em alinhamento ao objetivo da presidência brasileira do Brics, de construção de uma governança global mais democrática e transparente, o Ministério da Fazenda, com este evento, dá mais um passo em seu projeto de expansão do diálogo junto à sociedade civil, a partir do entendimento que esta escuta constitui um alicerce essencial ao desenvolvimento de políticas públicas mais inclusivas e representativas. Em março, o ministério já havia promovido, no Rio de Janeiro (RJ) e em São Paulo (RJ), dois encontros de apresentação das prioridades do pilar de economia e finanças do agrupamento.
Estas promoções deverão qualificar a arquitetura dos pontos a serem deliberados pelos ministros de Finanças do BRICS nos dias 4 e 5 julho, em reunião que precede a Cúpula de Líderes - 6 e 7 de julho.
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