Meio ambiente

Mutirão COP 30 convida a sociedade para o debate sobre a crise climática

Em entrevista à Voz do Brasil, o presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Mauro Pires, falou sobre o assunto

Agência Gov
28/10/2025 19:41
Mutirão COP 30 convida a sociedade para o debate sobre a crise climática
Valter Campanato/Agência Brasil

A 30ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30) se aproxima e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) convida a sociedade para o debate sobre as mudanças climáticas, fortalecendo e ampliando a importância das Unidades de Conservação no enfrentamento da crise do clima. 

Em entrevista ao programa A Voz do Brasil, desta terça-feira (28/10), o presidente do ICMBio, Mauro Pires, falou sobre o Mutirão COP 30. "No debate sobre mudança do clima, nós queríamos que as pessoas também participassem, as pessoas comuns, todos nós. Então, nós criamos esse mutirão que se resume no seguinte convite. As pessoas que quiserem podem gravar vídeos e colocar nas suas redes sociais e aí pode mencionar o nome do ICMBio, jogo da velha ICMBio, para criar um movimento em favor dessas Unidades de Conservação como uma estratégia que o Brasil tem a oferecer para enfrentar a mudança do clima", destacou. 

Onde nós temos Unidades de Conservação, nós vemos que a temperatura é melhor, é mais regulada, a chuva acontece muito em razão da vegetação, em função daquele equilíbrio. Portanto, essas áreas de proteção são fundamentais para enfrentar essa situação que assola todo o nosso planeta", acrescentou. 

Parques, áreas de proteção ambiental, estações ecológicas e outras categorias são o que conhecemos como Unidades de Conservação. São áreas protegidas pela legislação brasileira que promovem a proteção do patrimônio socioambiental, sendo uma das estratégias mais eficazes para a conservação da sociobiodiversidade.

Conservação significa redução ou fim do desmatamento, significa mais proteção frente a queimadas ou incêndios e significa que aquela vegetação que lá está será protegida. Portanto, significa menos emissões. Quanto menos carbono a gente levar para a atmosfera, mais proteção ao clima nós temos", explicou Mauro Pires.


Leia a entrevista completa:

Presidente, vamos começar, então, falando sobre essas unidades de conservação que são mantidas pelo ICMBio, como é que elas funcionam? O que são esses espaços?

Então, as unidades de conservação são áreas criadas, destinadas, como o próprio nome já diz, destinadas à conservação. Então, nós temos os parques, por exemplo, os parques nacionais, mas eles podem ser também estaduais e municipais. Temos as reservas extrativistas, que são espaços também de conservação, mas destinados a comunidades extrativistas. E temos áreas de proteção ambiental, florestas nacionais.

Por exemplo, aqui em Brasília, nós temos uma Floresta Nacional de Brasília, temos Parque Nacional de Brasília e que, somadas todas essas áreas, nós temos 344 unidades espalhadas no Brasil, representando todos os biomas e também a parte marítima. Nós temos algumas ilhas, conhecidas, por exemplo, Fernando de Noronha, em que lá nós temos uma área de proteção ambiental e o Parque Nacional Fernando de Noronha. Essas áreas, para nós, elas são, digamos, a melhor estratégia para fazer o enfrentamento da mudança do clima.

Por quê? Porque essas áreas, elas são destinadas à conservação. Conservação significa redução ou fim do desmatamento, significa mais proteção frente a queimadas ou incêndios e significa que aquela vegetação que lá está, a fauna que lá está, elas serão protegidas. Portanto, significa menos emissões, lembrando que a biodiversidade é formada com o carbono e, portanto, quanto menos carbono a gente levar para a atmosfera, mais proteção ao clima nós temos.

Unidade de conservação e área de proteção ambiental são a mesma coisa ou não? 

O nosso Sistema Nacional de Unidade de Conservação diz o seguinte, as unidades de conservação são de vários tipos. Entre eles, nós temos a área de proteção ambiental, que é a APA. A APA é uma categoria de unidade, por exemplo, como eu comentei aqui em Brasília e nós temos em outras cidades grandes também, destinadas ao ordenamento territorial, ao planejamento e ao engajamento da população naquela área.

Mas são áreas em que é possível fazer, enfim, inúmeras atividades econômicas ou moradia, coisa que em outras unidades, digamos assim, mais restritivas não seria permitido. Então, a APA é uma categoria muito importante, aliás, ela permite, portanto, essa convivência, essa harmonia entre atividades econômicas, sociais, culturais e também a conservação. De modo geral, as pessoas falam área de proteção, porque de fato são todas destinadas à proteção ambiental e o ICMBio é o órgão que faz a gestão dessas áreas, como eu disse, 344 espalhadas no Brasil todo e elas são fundamentais e nós queremos que a população participe, vejam essas unidades, essas áreas como parte também da sua própria vida.

Presidente, esse tema está sendo usado nas redes sociais do ICMBio para convidar o público ao debate. É o mutirão COP 30, né? 

Exatamente. Esse mutirão foi feito pela seguinte razão. A COP é um evento, como você já comentou, Luciano, voltado para a negociação entre os países, mas o Brasil, como é um país muito importante no cenário internacional, no debate sobre mudança do clima, nós queríamos que as pessoas também participassem, as pessoas comuns, todos nós. Então, nós criamos esse mutirão que se resume no seguinte convite. As pessoas que quiserem podem gravar vídeos e colocar nas suas redes sociais e aí pode mencionar o jogo da velha, o nome do ICMBio, jogo da velha ICMBio, para criar um movimento em favor dessas unidades de conservação como uma estratégia que o Brasil tem a oferecer para enfrentar a mudança do clima.

Onde nós temos unidade de conservação, nós vemos que a temperatura é melhor, é mais regulada, a chuva acontece muito em razão da vegetação, em função daquele equilíbrio. Portanto, essas áreas de proteção, essas unidades de conservação são fundamentais para enfrentar essa situação que assola todo o nosso planeta. 

Presidente, na próxima semana a gente já tem o primeiro evento ligado à COP 30, oficialmente falando, que é a reunião de cúpula dos chefes de Estado, lá em Belém. Depois, na semana seguinte, começa a conferência propriamente dita, como é que vai ser a participação do ICMBio em termos de eventos de governo, reuniões com a sociedade civil, como é que vai ser tudo isso?

Perfeito. O ICMBio é um órgão do Governo Federal vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e como órgão do Governo Federal nós temos várias atividades que vão acontecer. Nós teremos uma participação bastante ativa, realizando o debate, realizando conscientização das pessoas e também participando, digamos assim, daquelas discussões mais técnicas que vão, digamos, subsidiar a participação do Brasil dentro dessa negociação.

Nós queremos aproveitar o ambiente da COP exatamente para mostrar como que essas unidades de conservação, que são patrimônio do povo brasileiro, são essenciais para fazer o enfrentamento da mudança do clima.

Manter esse equilíbrio climático, não é?

Exatamente. Acho que as unidades, elas, ao mesmo tempo, são uma estratégia de enfrentamento, mas é também um lugar em que a gente pode fazer o que a convenção chama de adaptação.

Uma vez que a mudança do clima já está em curso, nós precisamos nos adaptar a algumas atividades econômicas, a forma de conviver com o meio ambiente. A unidade de conservação é o melhor lugar para fazer esse tipo de adaptação. É esse tipo de recado que nós queremos participar dentro da conferência.


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