‘Trabalho grande de divulgação de nossos produtos’, diz Mauro Vieira sobre 500 novos mercados
Ministro das Relações Exteriores ressalta atuação do presidente Lula para expandir presença do Brasil no exterior. Abertura de novos mercados tem potencial de gerar aumento nas exportações de até 33 bilhões de dólares nos próximos cinco anos
A abertura de 500 novos mercados para a agropecuária brasileira entre 2023 a 2025 é resultado direto da atuação do presidente Lula durante viagens internacionais, ao divulgar produtos brasileiros e abrir mercados. Foi o que afirmou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, durante o programa Bom Dia, Ministro desta quinta-feira (18/12), transmitido pelo Canal Gov, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
Distribuídos por mais de 80 países, os novos mercados geraram 3,4 bilhões de dólares adicionais em exportações e têm potencial para gerar até 33 bilhões de dólares de aumento nos próximos cinco anos.
“O presidente Lula é o maior divulgador do Brasil e isso é desde o seu primeiro mandato. Ele, agora no terceiro mandato, teve um número inacreditável. Ele teve mais de 60 encontros diretos, presenciais, com chefes de Estado estrangeiros, seja em visitas no Brasil, seja em encontros à margem de encontros internacionais ou visitas dele ao exterior. E ele tem expandido a presença do Brasil. O presidente Lula tem muito presente a necessidade do Brasil estar presente em todos os tabuleiros”
Nesses contatos, ele leva o Brasil como um país que defende a paz, cooperação e entendimento entre as nações, o multilateralismo, todas as iniciativas que dizem respeito ao fortalecimento das instituições multilaterais internacionais e, além disso, ele é um vendedor do Brasil, também abrindo mercados”, explicou o ministro
Como exemplo, Mauro Vieira citou a viagem de Lula a países do sudeste asiático em outubro deste ano, em uma aproximação para realizar e fortalecer acordos comerciais com os integrantes da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean).
“O Brasil, no terceiro mandato do presidente Lula, passou a ser parceiro de diálogo da Asean e nós vamos evoluir para a categoria mais alta, que é de parceiro da Asean. E vários países, Estados Unidos, países europeus, são membros de diálogo da Asean. Isso é um mercado novo, enorme, que se abre. A Indonésia é um país que tem 280 milhões de habitantes. A Indonésia está na presidência da Asean e o presidente Lula foi convidado especial para participar da cúpula”.
Com a contribuição das exportações para os novos mercados, as exportações brasileiras devem bater novo recorde em 2025. As projeções do Governo do Brasil são de alcançar 345 bilhões de dólares de exportação e 629 bilhões de dólares na corrente de comércio.
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Embrapa
Durante o programa, o ministro destacou as qualidades sanitárias dos produtos brasileiros exportados, em um trabalho da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
“Fazemos um trabalho muito grande de divulgação dos produtos brasileiros. Há um grande interesse no mundo inteiro pela segurança alimentar e, nisso, o Brasil também tem um grande exemplo a dar e, por isso, trabalhamos também junto com a Apex Brasil e com a Embrapa”.
A Embrapa é uma empresa que é um grande exemplo mundial de conquistas na área agrícola. Foi graças a Embrapa que o Brasil chegou a ser o maior exportador, por exemplo, de carne neste momento, e se não é o primeiro, o segundo maior exportador em uma série de grãos. Isso tudo é resultado do trabalho e das grandes conquistas da Embrapa”, afirmou o ministro
Mauro Vieira citou as próximas viagens internacionais programadas do presidente Lula para o início de 2026: Índia, Coreia do Sul e Alemanha.
“O Brasil é um país que é um ator global. Nós temos relações diplomáticas estabelecidas com todos os outros 192 países membros da ONU. A ONU tem 193 (países). A nossa mensagem será levar a voz do Brasil na defesa do multilateralismo, das instituições multilaterais que cuidam de aspectos e de áreas que são fundamentais para o Brasil, como a Organização Mundial de Comércio. É importantíssimo ter regras de comércio que deem ordem ao comércio internacional, que haja mecanismos de proteção e de negociação. Então o Brasil tem como objetivo as negociações e os contatos bilaterais com todos os países, ter a presença no mundo e defender o multilateralismo e a paz”, disse o ministro.
Tarifaço
Outro tema tratado pelo ministro das Relações Exteriores foi a política de elevação de tarifas sobre produtos brasileiros, imposta ao Brasil pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Após o anúncio de retirada de 238 produtos da lista de sobretaxas, as negociações seguem em andamento para eliminar a alíquota adicional de 22% sobre exportações brasileiras para o país norte-americano.
“A questão de tarifas dos 10% e, em alguns casos, adicionais 40%, eram baseadas, segundo a informação do governo americano, num grande superávit que o Brasil teria com os Estados Unidos e o presidente Lula provou durante encontros com o presidente Trump que era o oposto. Os Estados Unidos têm um superávit com o Brasil nos últimos 15 anos de 410 bilhões de dólares, ou seja, durante 15 anos o Brasil foi transferindo para os Estados Unidos valores que hoje somados dão 410 bilhões. Portanto, não havia também um motivo comercial de um desequilíbrio na balança que justificasse tarifas”, relatou.
Isso foi a posição do presidente Lula, muito claro, de que era preciso que fossem suspensas as tarifas e que fossem suspensas as sanções para sentarmos e negociarmos. E nesse ponto estamos. O governo americano suspendeu sanções, colocou em lista de exceções vários itens da nossa pauta, ainda não está toda coberta, mas estamos seguindo para isso, para então sentarmos e negociarmos acessos a mercados dos dois lados, mercado americano por exportações brasileiras e vice-versa e também para discutir temas de interesse bilateral”, declarou Mauro Vieira
Brics
Em 2025, o Brasil também exerceu a presidência rotativa do Brics, com a realização da Cúpula dos Chefes de Estado em julho, no Rio de Janeiro. A ocasião reuniu os líderes dos 11 países-membros e dos dez países-parceiros em torno do tema Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável.
O objetivo foi fortalecer a cooperação e as parcerias estratégicas entre as nações. A presidência brasileira contribuiu para o avanço do diálogo em temas políticos, de segurança, econômico-financeiros e relacionados à sociedade civil. ”Houve no Brics no Rio de Janeiro um encontro empresarial relevante, reunindo um grande número de empresários de todos os países membros. É sempre um momento de grande contato, de grande ebulição para todas as áreas, para todos os setores. E, sem levar em conta as importantes decisões tomadas que dizem respeito à intensificação do comércio entre os países do Brics”, detalhou o chefe do Itamaraty.
O chanceler também apontou a relevância da parceria inédita para a Eliminação das Doenças Determinadas Socialmente, lançada durante o Brics pelo presidente Lula e pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e considerada um marco na agenda global de equidade em saúde.
“Desta vez também foi uma das prioridades brasileiras a discussão da questão das doenças, do combate às doenças derivadas da pobreza, às doenças socialmente determinadas, que foi uma decisão importante, aprovada por iniciativa do Brasil, durante a cúpula do Brics. Portanto, eu acho que foi excelente ter sediado o Brics, e foi muito bom ter sido na cidade do Rio de Janeiro, e sei que o legado será importante para as posições do Brasil, do Brics, e também para a divulgação do Brasil”, afirmou Vieira.
COP 30
Durante o programa, o ministro apresentou o legado deixado após a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), em Belém (PA), durante o mês de novembro. O encontro representou oportunidade para o país apresentar avanços e resultados na agenda climática, além de consolidar o Brasil como um ator decisivo nas negociações multilaterais.
“Foi um marco. Como disse o presidente Lula, o Brasil ganhou em tudo. Foi um grande legado também para o Brasil em termos de mostrar a Amazônia para o mundo. É a primeira vez que uma COP, e essa foi a 30ª, ocorreu dentro de uma floresta tropical e, no caso específico, da maior floresta tropical do mundo, para chamar a atenção das necessidades de preservação da floresta, do ecossistema e da importância para o mundo”.
Mauro Vieira apontou que as obras integradas para a realização da COP 30 também colaboraram para deixar um legado duradouro de melhoria na infraestrutura urbana, saneamento e qualidade de vida para os habitantes da capital paraense. ”Eu tenho certeza também que do ponto de vista local, no estado do Pará e na cidade de Belém, essa marca vai ficar porque os investimentos e a preparação que a cidade teve para receber 45 mil pessoas, 195 delegações, isso exigiu um grande esforço do governo nos três níveis, federal, estadual e municipal. Devo dizer que foi um sucesso absoluto”, assinalou.
Inovador — Além disso, Vieira lembrou que o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), lançado no contexto da COP 30, propõe um modelo inovador de financiamento para a proteção das florestas tropicais, que combina retorno financeiro para os investidores e benefícios concretos para o meio ambiente e a sociedade. Ele destacou o caráter inovador e pioneiro do fundo e afirmou que o TFFF será um novo paradigma no financiamento climático.
“Não são doações, são investimentos que tanto os países como grandes empresas podem fazer num fundo que vai gerar rendimentos que serão aplicados a uma proporção que é em torno de 4 dólares por hectare para programas de sustentação de desenvolvimento de apoio às populações locais e para promover também uma economia sustentável. Isso foi a primeira vez, é uma coisa inovadora”, assegurou o ministro.
Tensões geopolíticas
A atenção que o Governo do Brasil tem dado à escalada das tensões envolvendo os Estados Unidos e a Venezuela também foi comentada pelo ministro Mauro Vieira. “Há um número muito grande de venezuelanos morando no Brasil, vivendo no Brasil, cerca de 500 mil. E há 20 mil brasileiros que vivem na Venezuela. Portanto, é muito importante, a Venezuela é vizinha direta, próxima do Brasil aqui na América do Sul. Portanto, somos todos parte desse espaço de paz e cooperação que é a América do Sul. O presidente Lula, nas duas vezes em que falou com o presidente Trump por telefone, se referiu à Venezuela e disse que a nossa região é uma região de paz e cooperação e que o Brasil estará sempre pronto a facilitar o diálogo e aproximar as partes para que se chegue a uma solução”, relatou o chanceler brasileiro.
Vieira afirmou que o Brasil acompanha com preocupação a concentração da força naval estadunidense em águas do Caribe. Segundo ele, a diplomacia brasileira espera que, como afirmam os Estados Unidos, seja uma ação “para coibir a questão do narcotráfico, mas que não passe daí, que não haja um enfrentamento não desejado”. “É uma questão de preocupação para todos e o Brasil quer facilitar esse diálogo, essas iniciativas de contato, promover iniciativas de contato que possam levar a um entendimento e uma negociação”.
Assista à íntegra do Programa Bom Dia, Ministro
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