Saúde

‘Agora Tem Especialistas é prioridade absoluta e vai acelerar redução da espera em 2026’

Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, comemora recorde de atendimentos com especialidades pelo SUS em 2025. E informa que um novo grande mutirão do Agora Tem Especialista em março, com foco em saúde da mulher, já está programado

Agência Gov | Via A Voz do Brasil
22/12/2025 19:34
‘Agora Tem Especialistas é prioridade absoluta e vai acelerar redução da espera em 2026’
Reprodução/Canal Gov

O programa Agora Tem Especialistas, criado para antecipar atendimentos em consultas, exames e cirurgias para que espera há meses, ou anos, foi muito bem sucedido em 2025 e vai continuar sendo tratado com prioridade absoluta o próximo ano. "Vai acelerar", afirma o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

O ministro destacou a ação integrada, envolvendo hospitais universitários estados, municípios, santas casas, hospitais privados de plano de saúde em débito com a União. E já antecipou que um novo mega-mutirão já está programado para o mês de março, como foco em saúde das mulheres.

Nesta entrevista para A Voz do Brasil, Alexandre Padilha comemorou a redução de 75% dos casos de dengue neste ano, e a parceria com empresa chinesa que ampliará a capacidade do Instituto Butantã de produzir a vacina contra a dengue inteiramente nacional. E destacou ainda a importância de as gestantes se vacinarem parta proteger da bronquiolite seus bebês que estão a caminho. E pelo SUS, e não mais pagando em torno de R$ 2.000 pelo imunizante.

Os cuidados preparados para atender pessoas abaladas pelo vício nas apostas – uma epidemia, segundo Padilha – e a preparação do sistema público de saúde para os problemas de saúde decorrentes das mudanças climáticas são também abordados nesta entrevista. Confira.


Acompanhe A Voz do Brasil. E leia a seguir os principais trechos da entrevista


Ministro, vamos começar falando de vacinação. Este ano foi um ano que a gente teve o lançamento de duas vacinas muito importantes, que é a vacina contra bronquiolite e a vacina nacional contra a dengue. Queria que o senhor falasse um pouquinho sobre as duas.  

Eu sempre falo de vacina porque uma boa saúde começa com a prevenção. E eu, como médico infectologista, sou especialista nisso. Posso atestar quantos problemas de saúde deixaram de existir no Brasil e no mundo por conta da vacina. E nós temos dois grandes resultados positivos, eu acho que esse ano. 

Primeiro, a gente aumentou nossa cobertura vacinal. Quero agradecer muito os pais, as mães, os profissionais de saúde, de educação – porque a gente fez a vacinação dentro da escola também –, que nos ajudaram nessa corrente de vacinação, porque a gente enfrenta hoje um negacionismo, tem gente que espalha mentiras sobre vacina, né? Então a gente já conseguiu aumentar a cobertura vacinal de todas as vacinas pras crianças. 

E a vacinação nas escolas, superimportante. Mais de 1,2 milhão de crianças foram vacinadas este ano dentro da escola. Isso porque a gente fez essa autorização, então o pai, amanhã se tem alguma dificuldade de levar na unidade de base de saúde, faz uma carta de autorização que ela pode receber a vacina dentro da escola. 

A segunda dimensão são as novas vacinas que a gente colocou no SUS. Primeiro, a vacina contra bronquiolite, que é um problema gravíssimo para os bebês. É a principal causa de internação por doença respiratória até 1 ano de idade. Uma das principais causas de morte de doença respiratória. 

Então, a gente colocou no SUS, já entrou esse ano, uma vacina que é a gestante que toma. É uma vacina que custa R$ 1.700, R$ 2.000, já vi até R$ 4.000 reais sendo cobrado por essa vacina na clínica privada. Agora ela tá de graça no SUS. 

Então, toda gestante, a partir da 28ª semana de gestação, tem de já procurar a Unidade Básica de Saúde e tomar essa vacina. Se tiver no último dia da gravidez, pode tomar a vacina também. E garantir os bebês protegidos quando chegar o inverno. 

E outra conquista é a vacina nacional contra dengue. O Ministério da Saúde já compra a única vacina internacional que tem contra a dengue, com garantia para os próximos dois anos, 18 milhões de doses já compradas. E agora a gente conquista a nova vacina do Instituto Butantan, que o Ministério da Saúde financiou o desenvolvimento junto com o BNDES. Vai ser uma vacina muito importante, 100% nacional, em parceria com empresa chinesa para aumentar a capacidade do Butantan de produzir. E todo o nosso planejamento em 2026 é já começar a vacinar a população com essa nova vacina. 

Agora é importante que as pessoas não descuidem. Não fiquem pensando “não precisamos mais cuidar do mosquito”.  

Neste ano a gente conseguiu reduzir em 75% os casos de dengue, comparado com o ano passado. Provamos que é possível reduzir cuidando da casa, mobilizando o bairro, a comunidade, a igreja, as escolas, e acabar com os criadouros de mosquito da dengue.  

A vacina vai ser uma arma a mais pra gente controlar essa doença.  

Agora ministro, vamos falar do Agora Tem Especialistas, que é um programa xodó também, para diminuir as filas no SUS, principalmente levando especialistas a regiões mais remotas. E este ano foi também dos mutirões do Agora Tem Especialistas, né?, com os hospitais universitários. 

O 2025 vai ficar marcado como o ano em que o Ministério da Saúde, o Governo do Brasil, com estados e municípios, colocaram como prioridade absoluta o atendimento das pessoas que estão há meses, às vezes até anos, esperando por uma cirurgia, por um exame especializado, consulta especializada. 

A gente está usando tudo o que tem da saúde pública e privada no Brasil para reduzir o tempo de espera. E vamos chegar no final de 2025 superando o nosso recorde, vai ser o ano em que mais se realizou cirurgias eletivas pelo Sistema Único de Saúde, graças ao trabalho dos estados, municípios, os nossos hospitais universitários federais, das santas casas. Fizemos em dezembro o maior mutirão nacional da história do SUS, juntando mais de 210 hospitais. E não vamos descansar aqui não. Março de 2026 a gente programa mais um grande mutirão nacional de saúde da mulher.  

O Agora Tem Especialistas tem uma novidade que foi atrair hospitais privados de planos de saúde a abrirem as suas portas ao atendimento a pacientes do SUS, através de uma troca de dívidas que esses hospitais têm ou de abatimento de impostos.  

E é muito importante a parceria que os mutirões têm com os estados e municípios.  

É importante a gente lembrar as pessoas disso: o Governo Federal leva o mutirão pra uma determinada cidade, mas cabe à rede local acionar as pessoas que estão na fila. Esse controle da fila é feito localmente, certo? 

O Ministério da Saúde não cria uma fila própria, porque isso ia gerar uma confusão, ia até ser injusto com quem está esperando há tanto tempo. As carretas do Agora Tem Especialistas já está circulando em todos os estados. A carreta vai lá, fica 30 dias, fazendo exames da mulher, mamografia, biópsia do câncer, ultrassom ginecológico, faz um procedimento para câncer do colo de útero, consulta com ginecologista.  

Então, as mulheres que estavam esperando naquela fila vão lá, o município chama, o estado chama e resolve o problema.  

Agora, ministro, não posso encerrar sem a gente falar de um problema que vem preocupando as pessoas, que é a questão da saúde mental relacionada aos jogos e apostas. As pessoas que têm tido problemas ou a família das pessoas que tem tido problemas com jogos, têm como procurar ajuda no sistema público de saúde?  

Esse é um problema muito grave, eu classifico como uma nova emergência de saúde pública, nós criamos um observatório saúde junto com o Ministério da Fazenda, observatório de saúde e apostas eletrônicas que já lançou algumas medidas. 

Primeiro, desde o dia 10 de dezembro, a pessoa que percebe a situação de quem aposta mais do que tem de recurso, ela tem um mecanismo do governo que é chamada plataforma de autoexclusão. Se tiver dúvida, você procura lá no Meu SUS Digital, vai te levar pra um sistema que você mostra o seu CPF e com isso você fica excluído de ser tentado a fazer apostas, de receber publicidade dessas empresas. E com isso você reduz o risco de entrar de novo nesse ciclo vicioso de apostas eletrônicas que atacam sua família, atacam suas finanças, muita gente na situação de compulsão já. E esse observatório vai permitir que o Ministério da Fazenda passe para o Ministério da Saúde essas informações. 

Por exemplo, em toda a rede que nós temos espalhada no país de saúde mental, este ano deve chegar a cerca de 5 mil atendimentos apenas, porque as pessoas não procuram esse serviço.  

Então o Ministério da Fazenda vai passar pra nós as informações, por exemplo, um CPF que começou a ter um comportamento de apostas que parece compulsão, e isso permite que a gente possa acionar o agente comunitário de saúde daquele município, para a equipe de atenção primária fazer uma formação específica naquela equipe, identificar onde está essa pessoa, oferecer o teleatendimento e com isso a gente poder enfrentar esse problema.  

E eu quero fazer um apelo aos familiares, pra todo mundo, os colegas de trabalho, os colegas de diversão, o que a gente tem ouvido dessas pessoas dos profissionais especializados é que é muito difícil a pessoa enfrentar sozinho esse problema. Então ela precisa de um apoio.  

Observe, observe o seu parceiro, ele está na sua família, está no seu lado no trabalho é um grande amigo que você sempre teve começou a ter um comportamento mais compulsivo, então ofereça pra essa pessoa, fala do Meu SUS Digital, da plataforma de autoexclusão. 

Muito bem, ministro, em 2026 a gente pode esperar o quê? O que você acha que vai ser destaque na saúde?  

Primeiro a gente vai acelerar muito as ações do Agora Tem Especialistas buscar reduzir cada vez mais esse tempo de espera dessa integração com os estados, com os municípios com os hospitais filantrópicos e privados. É uma prioridade absoluta pra nós. Estamos fazendo a reestruturação também do atendimento na atenção primária em saúde nas UBS.  

Estamos fazendo uma adaptação dos sistemas de saúde do Brasil para o enfrentamento das mudanças climáticas, o programa Adapta SUS, tema que foi conseguiu levar esse tema para uma COP, que pela primeira vez teve um dia oficial da saúde. Lançamos um plano que tem mais de R$ 9 bilhões de investimento para construção das novas unidades de saúde, para os novos hospitais já serem resilientes às mudanças climáticas montando centros especializados de saúde e clima. Muita coisa pela frente. 


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