Desafios futuros do Sirius, o acelerador de partículas brasileiro
“Para investigar as grandes questões que o mundo enfrenta nos temas de saúde, energia, materiais, meio ambiente, agricultura e clima, você precisa de ferramentas especiais”, diz presidente do CNPEM
Para o país se manter no estado da arte das pesquisas com a luz síncrotron é preciso um comprometimento político em se manter atualizado. A fala do diretor-geral do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), Antonio José Roque da Silva, fez parte do painel “O futuro do Sirius e das grandes infraestruturas de pesquisa no Brasil”, realizado nesta terça-feira (25), na 75ª SBPC.
“Onde o Brasil quer chegar? A manutenção do estado da arte é uma atividade contínua. O que os outros países fazem para continuarem atualizados é manter o fluxo de pesquisadores em outros projetos. Uma das maneiras de fazer isso é se envolver com outros projetos mundiais. Para os futuros aceleradores, é central que a gente domine a tecnologia de supercondutividade. Ou a gente domina isso ou a gente não vai ser competitivo”, pontuou.
O Sirius é o acelerador de partículas brasileiro, localizado em Campinas (SP), e faz parte do CNPEM, que é uma organização social do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O diretor do Centro também apontou os futuros desafios da infraestrutura como a construção de novas linhas de luz e o Laboratório de Contenção Biológica NB4, que será integrado ao Sirius e usado no estudo de tecidos e patógenos.
Durante a apresentação, o presidente do CNPEM explicou a importância das grandes infraestruturas de tecnologia como forma de avançar no conhecimento científico ao longo da história. Ele listou exemplos de infraestruturas nos Estados Unidos, Europa, Japão e China. Em comum, esses locais têm instalações especiais, desenvolvimento de tecnologia, atuação em áreas estratégicas, treinamento de pessoal altamente qualificado e transbordamento de tecnologia.
“Estamos sempre buscando compreender os limites do conhecimento, entender o universo de forma ampla. Temos grandes desafios relacionados a matéria e energia escura. Para investigar essas grandes questões que o mundo enfrenta nos temas de saúde, energia, materiais, meio ambiente, agricultura e clima, você precisa de ferramentas especiais”, explicou.
Roque ainda lembrou a história da concepção do Sirius, os desafios de construção da infraestrutura e as vantagens do país em ter um dos 3 aceleradores de luz sincrotron de quarta geração do mundo, capaz de executar experimentos que não são possíveis em outras partes do planeta.
Luz síncrotron
A luz síncrotron é um tipo de radiação eletromagnética extremamente brilhante que se estende por um amplo espectro, isto é, ela é composta por diversos tipos de luz, desde o infravermelho, passando pela luz visível e pela radiação ultravioleta e chegando aos raios X.
Com o uso dessa luz especial é possível penetrar a matéria e revelar características de sua estrutura molecular e atômica para a investigação de todo tipo de material. O seu amplo espectro permite realizar diferentes tipos de análise com as diferentes radiações que a compõem. Já seu alto brilho permite experimentos extremamente rápidos e a investigação de detalhes dos materiais na escala de nanômetros.
Por: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
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