Pontos históricos do Brasil que enfrentaram a escravização irão ganhar sinalização pela memória em aceno à luta antirracista
Investimento será de aproximadamente R$ 500 mil e contará com a elaboração de 100 placas a serem fixadas em 16 unidades federativas do Brasil
Dezesseis estados brasileiros receberão, ainda em 2023, placas de sinalização em reconhecimento a pontos de memória de africanos escravizados no Brasil. O anúncio é feito pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, órgão em que está abrigada a Coordenação-Geral de Memória e Verdade da Escravidão e do Tráfico Transatlântico de Pessoas Escravizadas, no âmbito da Assessoria Especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade.
Serão elaboradas cem placas a serem fixadas em lugares como portos de chegadas, casas e terreiros de candomblé, pontos históricos de revolta e quilombos, igrejas, irmandades e locais de trabalho e vida cotidiana de pessoas escravizadas. A iniciativa pretende resgatar a história e preservar a memória de um passado nefasto que ainda causa desigualdades étnicas no Brasil.
As placas serão assinadas pelos ministérios dos Direitos Humanos e da Cidadania, da Cultura e da Igualdade Racial. A agenda do projeto inclui, ainda, rodas de conversas que terão como tema central Patrimônio e Memória, reunindo especialistas da academia, do poder público e da sociedade civil.
De acordo com a ministra interina do MDHC, Rita Oliveira, em recentes reuniões a Petrobras e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) também sinalizaram interesse em apoiar as iniciativas. "As ações conjuntas e transversalidade das iniciativas, além de serem uma característica da atual gestão, fortalecem nossa agenda em defesa da memória e luta pela reparação histórica. Nosso futuro está intimamente ligado ao modo como lidamos com o passado que nos constitui e estrutura", declara a gestora em aceno à luta antirracista.
A expectativa é de que as instalações sejam feitas ao fim de outubro, por ocasião do mês da consciência negra, marcado pelo mês de novembro. Inicialmente, o projeto foi idealizado pelo antropólogo Milton Guran, representante do Brasil no Comitê Científico Internacional do então Projeto Rota do Escravo – Resistência, Liberdade, Herança, da Unesco, atualmente intitulado Programa Rotas do Escravizado.
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