Abertura da 7° Marcha das Margaridas teve participação de ministros
Proteção das mulheres contra a violência, democratização do acesso à terra, preservação da natureza e inclusão digital são alguns dos eixos reivindicados pelas trabalhadoras rurais
Este ano, a Marcha das Margaridas tem o lema "Pela Reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver". O movimento das trabalhadoras rurais luta por melhores condições de trabalho no campo, em especial para as mulheres. São esperadas em Brasília mais de 100 mil mulheres brasileiras do campo, da floresta, das águas e das cidades, além de representantes de 33 países.
A abertura da 7° Marcha das Margaridas foi realizada na terça-feira (15/08) e contou com a participação de pelo menos 15 ministros. O evento segue até esta quarta-feira (16/8) e é coordenado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), federações e sindicatos filiados, e 16 organizações parceiras. Ele ocorre a cada quatro anos.
Trabalhadoras rurais, indígenas, quilombolas, ribeirinhas, sem-terra, extrativistas, da comunidade LGBTQIA+ e moradoras de centros urbanos reivindicam neste ano 13 eixos políticos, que serão debatidos nos dois dias do evento, como poder e participação política das mulheres; vida livre de todas as formas de violência, sem racismo e sem sexismo; proteção da natureza com justiça ambiental e climática; democratização do acesso à terra, entre outros. Mazé Morais, secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Contag e coordenadora da Marcha das Margaridas, discursou sobre a importância do movimento.
"Nós, mulheres, somos parte da história do movimento sindical, esse é um momento de união. Somos mulheres, somos as pessoas que preparam a terra, cultivamos o alimento. Se estamos aqui hoje é porque não queremos viver à margem para garantir nossa existência, nossos territórios e respeito a nossos povos. Cada uma de nós tem a coragem para lutar contra o machismo e o patriarcado. Acreditamos num mundo em que seja possível comer saudável, que as florestas permaneçam em pé, mundo que reconheça o trabalho e valor econômico das mulheres, por isso construímos a nossa plataforma política com a Marcha", disse ela.
Estiveram presentes a ministra do Esporte, Ana Moser; a ministra Ciência e Tecnologia, Luciana Santos; a ministra da Cultura, Margareth Menezes; a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva; a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves; a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco; a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara; o ministro da Secretaria-Geral da República, Márcio Costa Macêdo; o ministro das Comunicações, Juscelino Filho; o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida; o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira; o ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula; o ministro da Procuradoria-Geral da União, Antônio Brandão; o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha; e ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias.
A Marcha
A marcha homenageia Margarida Maria Alves, ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba. Ela foi assassinada em 12 de agosto de 1983, por sua luta pelos direitos da categoria. Desde 2000, a liderança se tornou símbolo da resistência de milhares de homens e mulheres que buscam justiça e dignidade. O crime segue sem solução e os mandantes não foram condenados.
O caso de Margarida chegou à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). Em abril de 2020, a comissão publicou o Relatório de Mérito 31/20 sobre o caso, concluindo que o Estado brasileiro é responsável pela violação dos direitos à vida, integridade pessoal, proteção e garantias judiciais de Margarida e às pessoas indicadas no relatório internacional. O documento ainda faz recomendações ao Brasil de como reparar integralmente os familiares da vítima; a investigação efetiva para esclarecer os fatos; o fortalecimento do Programa de Proteção a Defensores de Direitos Humanos, concentrando-se na prevenção de atos de violência.
Por: Ministério do Esporte
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