Cúpula da Amazônia será divisor de águas para a preservação ambiental, diz Lula

A edição do programa Conversa com o Presidente desta terça-feira (08/08) foi especial. O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, está em Belém, no Pará, para participar da Cúpula da Amazônia e conversou ao vivo com o apresentador Marcos Uchôa sobre as expectativas do Brasil para o encontro, que reúne lideranças de oito países signatários da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).

A Cúpula, realizada nos dias 8 e 9 de agosto, tem como objetivo fortalecer o bloco socioambiental - único da América Latina -, composto pelo Brasil, Bolívia, Colômbia, Peru, Guiana, Equador, Suriname e Venezuela. "Eu tenho certeza que esse encontro será um divisor de águas para a preservação da Amazônia", destacou o presidente. "O evento já começou antes, porque por aqui já passaram mais de 27 mil pessoas discutindo a questão do clima, do desenvolvimento sustentável, dos indígenas, das terras. Esse encontro é um marco", avaliou.

Dentre as expectativas do País, Lula destacou a implementação de políticas públicas conjuntas, incluindo a participação popular, para a preservação do meio ambiente, combate ao desmatamento, queimadas e garimpos ilegais, melhorias e qualidade de vida para os indígenas, quilombolas, extrativistas, entre outros povos que residem a região.

Segundo o presidente, para evitar crimes ambientais, o Governo Federal contará com o apoio das Forças Armadas e da Polícia Federal para combater também o narcotráfico. "Quem quiser derrubar árvores, que plante. O que não dá é para destruir aquilo que não é deles", disse.

Lula destacou que, além da fiscalização do governo, a participação social também será fundamental no processo de desenvolvimento da Amazônia. Em resposta à jovem maranhense Gracinha Donato, no quadro 'O povo quer saber', o presidente ressaltou que a participação popular pode se dar de diversas formas, como pelos ministérios do Meio Ambiente, da Igualdade Racial e das Mulheres, além da Secretaria-geral, responsáveis por fazer a ligação entre governo e movimentos sociais. 

"Vamos fazer neste ano e no próximo todas as conferências necessárias para participação popular. O que nós queremos é que o povo esteja cada vez mais organizado e participativo", afirmou. O presidente disse ainda que é preciso colocar mais pessoas, cada vez mais preparadas, para fiscalizar o meio ambiente. "O movimento popular para nós será a vanguarda e o instrumento para implementar nossas políticas públicas", garantiu.

Na edição anterior do Conversa com o Presidente, Lula já havia mencionado a criação de um centro de cooperação policial em Manaus e de um sistema integrado de tráfego aéreo para combater atividades ilícitas. Ações conjuntas também com países fronteiriços.

O presidente e Marcos Uchôa falaram, ainda, das ações que estão levando energia elétrica e banda larga ao Norte do País, da conscientização da sociedade sobre a importância de preservar a Amazônia, dos acordos bilaterais com outros países e do desafio de conciliar a geração de empregos em uma economia mais verde.

Segundo o presidente, ao investir em uma economia verde, o Governo Federal visa atrair novos investidores e parceiros comerciais, principalmente da União Europeia. Além disso, Lula assumiu o compromisso de zerar o desmatamento no País até 2030.

Educação para o meio ambiente

A Marcos Uchôa, Lula disse ter sugerido ao ministro da Educação, Camilo Santana, colocar no currículo escolar disciplinas que estimulem o cuidado com o meio ambiente. "A questão do clima hoje não é trivial. É algo sério. Vamos precisar trabalhar com mais esforço e carinho para que as pessoas aprendam a cuidar. Não temos o direito de continuar sendo o único animal do planeta Terra que destrói o seu lar", reforçou.

Para o presidente, com ações o Brasil pode assumir a liderança na preservação ambiental e no desenvolvimento sustentável. "A gente reduziu a emissão de gás de efeito estufa em 36%. Podemos ainda fazer muito mais", disse, referindo-se às suas gestões anteriores.

Conferência das Partes

A 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas (COP-30), que será realizada em novembro de 2025, terá o Brasil como sede e acontecerá em Belém (PA). Segundo o presidente, a agenda será um marco histórico para o País, especialmente por ocorrer na região. "Eu quero que o mundo veja como a gente vive, como é a Amazônia. Não é só porque o território é nosso, mas porque é importante preservar a Amazônia para a manutenção da espécie humana", disse. 

Um dos compromissos do Governo Federal é recuperar as terras degradadas por madeireiros ilegais e queimadas, além da meta de acabar com o desmatamento até 2030. "Isso precisa mudar porque o mundo exige que mude. A espécie humana precisa sobreviver", afirmou Lula.

O presidente disse já ter conversado com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva,  sobre a importância de incluir os prefeitos das cidades amazônicas para, em conjunto com o Governo Federal, combaterem crimes ambientais. "Quero que cientistas do mundo inteiro se engajem nessa luta de preservação do clima: escrevam, pesquisem, mandem mensagem para o governo, participem de debates. Este não é um desafio só do governo, mas também da humanidade", concluiu.

A edição do Conversa com o Presidente desta terça-feira (08/08) está disponível nas redes sociais, na página do CanalGov no YouTube e também no Spotify. O próximo programa será realizado excepcionalmente na segunda-feira (14/08), já que Lula participará da posse do presidente eleito do Paraguai, Santiago Peña.

Cúpula da Amazônia

Durante o evento, Lula recebe chefes de Estados e representantes de 15 países. A programação inclui um encontro com a cúpula de líderes da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), criada em 1978, com objetivo de promover a preservação da Amazônia, melhorar a qualidade de vida das comunidades locais e propor ações conjuntas para a região. Esta será a 4ª reunião dos integrantes do tratado. A primeira aconteceu em 2009.

Na quarta-feira (09/08), está prevista a Cúpula Ampliada, um encontro expandido com representantes dos países convidados e organismos internacionais - Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, o Banco Interamericano de Desenvolvimento, o Banco de Desenvolvimento da América Latina e o Banco dos Brics.

A Cúpula da Amazônia reunirá, pela primeira vez em 45 anos, os presidentes de oito países amazônicos. O encontro deve resultar em um documento final, a Declaração de Belém, com estratégias para o desenvolvimento sustentável da região.

Por: Agência Gov