Meio ambiente

Brasil vai sediar final de competição mundial sobre tecnologias para mapeamento de biodiversidade de florestas tropicais

Expectativa é que a etapa final do Prêmio XPRIZE Rainforest traga descobertas sobre o território amazônico em tempo real; dos 6 times finalistas, um é brasileiro

25/08/2023 17:24
Brasil vai sediar final de competição mundial sobre tecnologias para mapeamento de biodiversidade de florestas tropicais
Foto: Divulgação

 

O Ministério Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) firmou, nesta sexta-feira (25/08), um termo de parceria com a XPRIZE Foundation para que a competição XPRIZE Rainforest Florestas Tropicais seja realizada na Floresta Amazônica brasileira, no estado do Amazonas, em meados de 2024. O prêmio visa o desenvolvimento de novas tecnologias para a mapeamento da biodiversidade das florestas tropicais do mundo.

A cerimônia de assinatura contou com a presença do presidente em exercício e ministro, Geraldo Alckmin, do vice-presidente executivo de biodiversidade e conservação da XPRIZE, Peter Houlihan, e da presidente do Instituto Alana, Ana Lúcia Villela. “Muito importante a cooperação técnica na final do prêmio”, afirmou Alckmin na abertura da solenidade. “É maravilhoso. Nada mais relevante que uma disputa pela tecnologia para a biodiversidade da floresta, uma disputa saudável, de maior interesse público”, acrescentou.

O secretário de Economia Verde do MDIC, Rodrigo Rollemberg, assinou o termo de parceria em nome da Pasta e celebrou a parceria. "Esse prêmio usa as tecnologias da fronteira do conhecimento para identificar nossa biodiversidade". Ele ressaltou as potencialidades do país na área de bioeconomia, que elevam o país a uma posição de liderança.  "O Brasil tem tudo para liderar uma economia verde, uma economia de baixo carbono por suas condições naturais e políticas. Temos a maior biodiversidade do planeta, temos grande quantidade de biomassa, uma matriz energética renovável e em expansão, 12% da água do  planeta e temos democracia."

Financiado pelo Instituto Alana, o XPRIZE Rainforest premiará os vencedores com US$ 10 milhões. A competição entrou na reta final após quatro anos de trabalho envolvendo 100 grupos de cientistas de 40 países. Com tecnologias que incluem o sequenciamento de material genético ambiental, drones com sensores bioacústicos, uso de robótica terrestre, inteligência artificial e ciência cidadã, as equipes selecionadas para a final mostraram, na prática, o efetivo uso de suas inovações.

Na primeira fase da competição, realizada em Singapura, em junho de 2022, foram selecionadas seis equipes, entre elas um time brasileiro: Brazillian Team de Piracicaba (SP), que desenvolveu uma tecnologia envolvendo drones, arranjos de sensores, robótica terrestre e drones com podadores projetados para coletar amostras de DNA ambiental (eDNA) para avaliação. Além da equipe brasileira, há equipes da Suíça, Espanha e três dos Estados Unidos.

No segundo semestre de 2024, os finalistas devem ser capazes de pesquisar 100 hectares de Floresta Amazônica em 24 horas e relatar as descobertas mais importantes feitas em tempo real, em até 48 horas. O objetivo será demonstrar escalabilidade e maximizar o desempenho tanto no levantamento da biodiversidade quanto na produção de soluções compatíveis com os desafios de uma floresta tropical úmida e densa.

“A sobrevivência da humanidade, especialmente a vida das crianças, depende da nossa capacidade de entender e proteger as florestas e sua sociobiodiversidade, mas nos resta pouquíssimo tempo. Nossa organização apoia os esforços ousados do XPRIZE Rainforest para encontrar junto a toda comunidade global de cientistas, mais rapidamente, novas tecnologias e aplicações para conservar nossas florestas tropicais e seus povos, incluindo a proteção de territórios, comunidades originárias e a valorização dos seus conhecimentos tradicionais e da repartição justa de benefícios”, afirma Pedro Hartung, Diretor de Políticas e Direitos do Alana.

As descobertas das equipes, em especial as que se conquistarem os três primeiros lugares, vão beneficiar não apenas o Brasil, que possui a maior floresta tropical do mundo, mas também outros nove países na América Latina, África e Ásia que possuem florestas tropicais, além da possibilidade de aplicá-las na conservação da biodiversidade de outros biomas. Até hoje, pesquisadores de todo o mundo identificaram cerca de 1,5 milhão de espécies, presentes nas florestas tropicais, mas alguns estudos estimam que convivemos com cerca de 9 milhões tipos de fauna e flora que ainda não conhecemos. Ao mesmo tempo, o mapeamento permite o acompanhamento efetivo do combate à perda da biodiversidade, uma das ameaças centrais da vida na Terra segundo a ONU.

“Não podemos proteger aquilo que não conseguimos medir e entender com precisão, mas estamos muito empolgados com o que as equipes mostraram nos testes da semifinal em Singapura. Elas trouxeram novos recursos de eDNA de campo que sinalizam um grande avanço para a avaliação da biodiversidade em geral”, diz Peter Houlihan, vice-presidente executivo de biodiversidade e conservação do XPRIZE. Uma vez que especialistas dizem que a data limite o "ponto de não retorno" das florestas está previsto para o fim desta década, as tecnologias oferecidas podem chegar na hora certa para abordar questões críticas sobre a conservação dos ecossistemas tropicais.

O armazenamento e uso dos dados coletados durante a competição é um dos pontos de atenção para a equipe do prêmio XPRIZE Rainforest | Florestas Tropicais. “Um pilar crucial desta competição desde o início tem sido a inclusão, capacitação e crédito apropriado, atribuição e direitos dos Povos Indígenas e das comunidades locais, que são os principais guardiões, protetores e detentores do conhecimento das florestas tropicais do planeta. As equipes têm sido obrigadas a aderir a isso, evitando causar danos, na co-criação, co-design e ampliação de soluções desde o início, enquanto seguem a Convenção sobre Diversidade Biológica, bem como regulamentações nacionais ou internacionais relevantes referentes à propriedade dos dados (biológicos ou outros) e ideias produzidas como parte da competição", finaliza Houlihan.

Em 2018, a brasileira Ana Lucia Villela, pedagoga, filantropa, ativista e presidente do Alana, tornou-se a primeira mulher da América Latina a integrar o Innovation Board do XPRIZE Foundation, organização que realiza competições globais para solucionar os maiores desafios da humanidade. Ela enxergou nas competições do XPRIZE uma forma eficiente de alavancar o investimento filantrópico com foco na resolução de problemas complexos, como a perda da biodiversidade, e gerar impacto global: espera-se que cada dólar investido seja potencializado de 19 até 31 vezes, já que são geradas diversas pesquisas em torno do tema.  O XPRIZE Rainforest vai antecipar a criação de tecnologias que, na velocidade tradicional de desenvolvimento, estaria disponível apenas na próxima década, em 2035.

Saiba mais sobre as equipes finalistas e suas tecnologias:

  • Brazilian Team , Piracicaba (SP) - drones, arranjos de sensores, robótica terrestre e drones com podadores projetados para coletar amostras de DNA ambiental (eDNA) para avaliação.
  • ETH BiodivX , Suíça - drones patenteados e modificados usados para coletar amostras digitais e físicas que podem ser analisadas usando a tecnologia de “backpack lab” combinando IA inovadora, ciência cidadã e eDNA de campo para análise remota econômica.
  • Map of Life , EUA - veículos aéreos não tripulados (UAVs) equipados com captura de imagem de alta resolução e sensores acústicos que transmitem dados para um painel baseado em nuvem.
  • Providence Plus , Espanha - grandes sensores implantados por drones projetados para produzir dados ricos em vários níveis de cobertura que, de outra forma, seriam difíceis de acessar.
  • Team Waponi! , EUA - novas armadilhas de captura de insetos e sensores bioacústicos inovadores para serem implantados e recuperados via drone.
  • Welcome to the Jungle , EUA - drones com sensores bioacústicos e de imagens personalizados para deixar para trás apenas material orgânico nativo da floresta após a recuperação.

Sobre o EXPRIZE

Há mais de 25 anos, o XPRIZE vem lançando competições globais para solucionar os maiores desafios da humanidade, sempre tendo em vista: romper novas fronteiras, garantir a sustentabilidade do planeta e despertar o potencial humano. O primeiro prêmio foi o Ansari XPRIZE para voos espaciais privados, que gerou avanços exponenciais, impulsionando a indústria de voos espaciais comerciais, inspirando o surgimento de empresas pioneiras e nomes conhecidos como Virgin Galactic, Blue Origin e SpaceX. Desde então, o XPRIZE conta com a realização de 25 competições e já ofereceu mais de US$ 269 milhões em premiações.

O XPRIZE Rainforest | Florestas Tropicais é uma competição de cinco anos que tem por objetivo estimular as equipes a desenvolverem tecnologias autônomas para a avaliação da biodiversidade com o intuito de melhorar a compreensão dos ecossistemas da floresta tropical, usando a rápida integração de dados para fornecer novos conhecimentos sobre a floresta. Entre os seus conselheiros estão nomes como o ator Harrison Ford e o cientista brasileiro Carlos Nobre, membro da Academia Brasileira de Ciências.

 

Por: Ministério Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC)

Link: https://www.gov.br/mdic/pt-br/assuntos/noticias/2023/agosto/brasil-vai-sediar-final-de-competicao-mundial-sobre-tecnologias-para-mapeamento-de-biodiversidade-de-florestas-tropicais
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