Cúpula da Amazônia: Negar a crise climática é insensatez, afirma Lula
Em seu discurso de encerramento, o presidente da República reforçou que o encontro é o ponto de partida para que as florestas tropicais passem a ser vistas como uma solução para o desenvolvimento socioambiental
"Negar a crise climática é insensatez. Precisamos de uma visão de desenvolvimento sustentável que coloque as pessoas no centro das políticas públicas e inaugure um ciclo de prosperidade baseado na floresta em pé”. A frase do discurso do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que encerrou a Cúpula da Amazônia marca o início de uma nova era socioambiental. O evento, que reuniu representantes dos oito países signatários da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), em Belém (PA), definiu diretrizes conjuntas para o desenvolvimento sustentável da região.
“Preservar a floresta não é só manter as árvores de pé. Significa dar dignidade para as quase 50 milhões de pessoas que moram na Amazônia sul-americana. Esta Cúpula é o ponto de partida para que a nossa Amazônia e as demais florestas tropicais deixem, de uma vez por todas, de ser vistas como um problema, e se tornem solução”, afirmou o presidente brasileiro.
Para Lula, a Cúpula permitiu a identificação de várias convergências entre os países que têm florestas tropicais, sobretudo do ponto de vista de ser urgente e necessária a atuação conjunta em fóruns internacionais. “Não podemos aceitar um neocolonialismo verde que, sob o pretexto de proteger o meio ambiente, impõe barreiras comerciais e medidas discriminatórias e desconsidera nossos marcos normativos e políticas domésticas. Reivindicamos maior representatividade em discussões que nos dizem respeito", disse, ao cobrar dos países desenvolvidos os aportes de fundos destinados à contenção da crise climática.
O presidente do Brasil destacou ainda que os serviços ambientais e ecossistêmicos fornecidos para o mundo pelas florestas tropicais devem ser remunerados, de forma justa e equitativa, e que a perspectiva dos países amazônicos precisa ser levada em conta na negociação de um conceito internacional de sociobioeconomia que permita certificar produtos e gerar oportunidades para a população.
A solução, disse Lula, é oferecer segurança nas fronteiras e garantir oportunidades de emprego e renda a quem vive nas regiões mais afastadas da Amazônia, por meio de políticas públicas de geração de emprego e renda, fomento à ciência, tecnologia e inovação, investimento em bioeconomia e valorização dos povos indígenas e comunidades tradicionais.
Lula mencionou duas frentes de trabalho que devem ser implementadas. Uma delas é trabalhar pela definição de um conceito internacional de sociobioeconomia que permita certificar produtos da floresta, gerando emprego e renda. A outra é criar mecanismos para remunerar, de forma justa e equitativa, os serviços ambientais que as florestas prestam ao mundo. "Estamos dizendo ao mundo: não aceitaremos mais criar teses que não serão colocadas em prática", reforçou.
Cúpula da Amazônia
Durante a Cúpula da Amazônia foi construído um documento conjunto, denominado Declaração de Belém, instrumento capaz de apontar os desafios compartilhados pelos oito países que compõem a Amazônia - Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. "Trabalharemos juntos no combate ao desmatamento e na criação de mecanismos financeiros para apoiar ações nacionais e regionais de desenvolvimento sustentável. A natureza é que está precisando de dinheiro e de financiamento", argumentou o presidente Lula.
Na avaliação do líder brasileiro, o papel da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) é fundamental no cumprimento do compromisso de conter a crise climática, assim como a cooperação entre presidentes e a participação de movimentos sociais.
"O Brasil, enquanto anfitrião do encontro, continuará valorizando o intenso diálogo com a sociedade civil. Foram quase 30 mil pessoas credenciadas nos últimos dias. Ouvimos os povos indígenas e quilombolas, mulheres, jovens e todos aqueles que arriscam suas vidas para preservar a Amazônia. Essa Cúpula vai gerar muitos frutos e será lembrada no futuro como marco do desenvolvimento sustentável", concluiu.
Por: Agência Gov
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