Tecnologia

Especial MCTI: Primeiro e único sensor que mede fluxo de metano na Amazônia está no complexo da Torre ATTO

Projeto coordenado pelo Inpa monitora processos biogeoquímicos da maior floresta tropical do planeta

06/08/2023 09:00
Especial MCTI: Primeiro e único sensor que mede fluxo de metano na Amazônia está no complexo da Torre ATTO
Foto: Raul Vasconcelos/ Ascom/MCTI

 

O primeiro e único sensor que mede o fluxo do gás metano, um dos principais responsáveis pelo aquecimento global, na Floresta Amazônica está instalado no complexo de pesquisa no Observatório da Torre Alta da Amazônia (ATTO, na sigla em inglês), localizado na Estação Científica de Uatumã, a 150 quilômetros em linha reta ao norte de Manaus.  O programa de pesquisa científica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) é coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa) em parceria com o instituto alemão Max Planck.

“Quando a gente fala de mudanças climáticas globais, o que vem à nossa cabeça é o dióxido de carbono. Mas o metano é mais eficiente para reter calor. Por isso é tão importante monitorar esse fluxo entre a floresta e a atmosfera”, afirma o pesquisador Cleo Quaresma, que coordena o grupo de micrometeorologia do programa científico da Torre ATTO.

“São poucos locais no mundo que têm sensores como esses instalados”, explica. “É um sensor moderno e robusto, responsável por medir o fluxo de metano, ou seja, um balanço entre o que a floresta absorve e emite de metano”, complementa.

O equipamento foi instalado em 2021 na torre Instant, a 50 metros de altura. Com 81 metros de altura, a Instant é complementar à Torre Alta, que tem 325 metros de altura. “A torre Instant tem o papel fundamental de efetuar medidas realmente estando dentro da Floresta Amazônica como ela é, com a densidade que ela tem”, explica Quaresma.

Construída em 2012, a Instant consegue cobrir todos os estágios da floresta da base até o topo do dossel, nome técnico para a copa das árvores. Isso porque a altura média das árvores é em torno de 37 metros nessa região.

Os 11 sensores estão instalados em diferentes patamares ao longo da torre e medem ininterruptamente pelo menos dez fatores ambientais, como vento, vapor d’água, temperatura e gases, como dióxido e monóxido de carbono, radiação e partículas. Além das concentrações, são medidos os fluxos. Todos os sensores estão instalados na face leste da torre, de onde predominam os ventos na região. Cada sensor pode custar até US$ 30 mil.

De acordo com o pesquisador Cleo Quaresma, as primeiras análises dos dados coletados estão em fase de processamento, mas estudos preliminares já indicaram sazonalidade e variação do fluxo entre os períodos secos e chuvosos. “Em breve, deveremos ter conclusões robustas para dizer como esses fluxos se comportam em períodos de El Niño e La Niña, de ano normal. Isso será importante para o melhor entendimento do processo entre floresta e atmosfera”, explica.

A ideia do monitoramento no coração da floresta é fornecer dados robustos e precisos para melhor compreensão dos processos biogeoquímicos que ocorrem na floresta e a interação com a atmosfera. O aumento na acurácia dos dados permite melhorar os modelos climáticos de médio e longo prazos.

 

Por: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação


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