Cultura

Lei reconhece pau de arara em romaria como patrimônio cultural e imaterial do Brasil

O pau de arara é utilizado desde os anos 1950 para levar fiéis na carroceria de caminhão a eventos religiosos do Nordeste

01/08/2023 17:35
Lei reconhece pau de arara em romaria como patrimônio cultural e imaterial do Brasil
Foto: Ricardo Stuckert / PR

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, nesta terça-feira (1/8), uma lei que reconhece a tradição do uso do “Pau de Arara” em romarias religiosas como patrimônio cultural e imaterial do Brasil. Pau de arara é o nome dado ao transporte de pessoas feito na carroceria de um caminhão, onde são colocadas tábuas para servir de assento e uma lona como cobertura.

Utilizado desde os anos 1950 para levar fiéis a eventos religiosos, este tipo de transporte também serviu ao êxodo de milhares de nordestinos para o Sul e Sudeste do Brasil. Durante a sanção da lei, o presidente Lula se lembrou de quando migrou de Pernambuco para o litoral de São Paulo embarcado na carroceria de um caminhão. “Eu saí de Pernambuco no dia 13 de dezembro de 1952. A gente foi num pau de arara, não tinha encosto atrás. Era o encerado que encobria e a gente utilizava o caminhão quando parava num lugar para dormir. A gente dormia embaixo do caminhão”, relembrou o presidente.

Atualmente, mais de quatro milhões de pessoas todos os anos utilizam o pau de arara em romarias como a de Padre Cícero, em Juazeiro do Norte, e de São Francisco das Chagas, em Canindé, ambas no Ceará, e a de Bom Jesus da Lapa, na Bahia. No entanto, por questão de segurança, o Contran, Conselho Nacional de Trânsito, proíbe transportar passageiros em veículos de carga.

O autor da proposta da Lei, deputado federal José Guimarães, destacou que a cultura do pau de arara no Nordeste é muito forte a ponto de ser o símbolo dos romeiros da região. O padre Cícero José da Silva, que mora no Ceará e participou do evento de sanção da lei, no Palácio do Planalto, disse que os romeiros fazem questão de enfeitar o transporte que utilizam por fazerem deles uma extensão dos santuários que visitam em Juazeiro do Norte. “A importância desse reconhecimento em forma de lei, que ela também possa servir para lembrarmos da necessidade constante de valorização do povo simples”. 

 

Por: Agência Gov


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