Na Assembleia Nacional de Angola, Lula defende nova agenda de investimentos com o país africano
Presidente do Brasil foi homenageado em sessão solene no Parlamento angolano, no primeiro dia da visita oficial
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi homenageado em uma sessão solene da Assembleia Nacional de Angola na tarde desta sexta-feira, 26/8. Em seu discurso, ele defendeu que a parceria entre os dois países, que voltou a ser aprofundada neste ano, seja ainda mais ampla e variada daqui para frente.
“Queremos inaugurar uma nova agenda de cooperação com Angola, que também sirva de modelo para outros países. Temos orgulho de ter contribuído, no passado, com o financiamento de projetos de rodovias, saneamento, abastecimento de água e geração e distribuição de energia elétrica. O Brasil tem condições de voltar a ser um grande parceiro de Angola em seu desenvolvimento”, afirmou Lula.
O presidente destacou que a retomada de uma parceria mais consistente deve favorecer empresários dos dois países e ampliar o leque de produtos comercializados, que nos últimos anos ficou concentrado em petróleo e bens primários. A ideia é que a mudança tenha participação da Câmara de Comércio Brasil-Angola, criada em junho.
“Os empresários que acompanham minha visita demonstram grande interesse nas oportunidades que a economia angolana oferece. O fluxo comercial entre nossos países voltou a crescer após sete anos de estagnação. No primeiro semestre de 2023, foi quase 65% maior em relação ao mesmo período de 2022”.
COOPERAÇÃO – Mais cedo, no Palácio Presidencial em Luanda, os governos dos dois países assinaram sete documentos de cooperação bilateral , em turismo, saúde, educação, agricultura, apoio a pequenas e médias empresas, recursos humanos e exportações.
De acordo com o presidente, a parceria deve incluir também o fortalecimento da indústria, progresso científico e tecnológico, transição energética e proteção ao meio ambiente e biodiversidade. Ele citou como exemplo um projeto agrícola implementado no sul de Angola em parceria com a Embrapa.
“O programa de regiões irrigadas e políticas de apoio à agricultura familiar no Vale do Rio Cunene será um marco dessa nova fase. Formulada com base em demandas angolanas, a iniciativa fortalecerá o planejamento de recursos hídricos e a organização de cadeias produtivas naquela província. Permitirá transformar as terras irrigadas em fonte de recursos para a segurança alimentar e o desenvolvimento social. Saúdo o governo angolano pelo sucesso das obras de transposição das águas do rio Cunene, que traz esperança à população desta região”, ressaltou.
TRANSIÇÃO ENERGÉTICA - Lula abordou ainda a necessidade de encontrar novas fontes de energia e de preservar o meio ambiente, para tentar frear os efeitos da mudança climática em todo o planeta. Citou que o Brasil trabalha em soluções sustentáveis há décadas e que tem potencial de contribuir com seus parceiros.
“Com os biocombustíveis, chegamos a uma opção viável, limpa, relativamente barata e acessível. A consolidação dos mercados de bioenergia permitirá que a África em breve disponha de nova fonte de recursos para financiar seu desenvolvimento”, disse.
Para Lula, Angola tem um papel importante na luta pela preservação das florestas tropicais, e conta com a ajuda do país na luta por uma ampliação do financiamento das ações ambientais que vem cobrando de países desenvolvidos. “Como possuidora de florestas tropicais, Angola é aliada natural dos países amazônicos na busca por remuneração justa pelos serviços que esses biomas prestam ao mundo”, declarou.
PARCERIA HISTÓRICA – No encerramento do discurso, Lula exaltou os laços que unem Brasil e Angola ao longo da história e disse que a visita marca um “reencontro” não só entre os dois países, mas do Brasil com o continente africano.
“Temos orgulho de ser o primeiro país do mundo a reconhecer Angola independente. Temos orgulho de fazer parte da moderna história deste país. Uma história rica e vitoriosa, que bem exemplifica a capacidade das nações africanas de assumir o seu próprio destino. Esta visita marca o reencontro do Brasil com a África, relança a cooperação bilateral e prepara uma agenda robusta para comemorar, em 2025, nossos 50 anos de relações diplomáticas”, finalizou.
Por: Planalto
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