CAPES discute intercâmbios com Moçambique
Agentes do governo e de universidades do Brasil e do país africano se reuniram para alinhar ação de mobilidade acadêmica no sul global
A CAPES recebeu nesta quarta-feira, 27 de setembro, representantes da Universidade Pedagógica de Maputo (UP – Maputo), de Moçambique, para avançar na construção da primeira etapa da iniciativa Caminhos Amefricanos: Programa de Intercâmbios Sul-Sul . A ação é fruto de parceria entre a Fundação e os Ministérios da Igualdade Racial (MIR), idealizador da ação, e da Educação (MEC).
O novo programa promoverá intercâmbios de 15 dias para turmas de 50 pessoas, sempre compostas por quilombolas ou autodeclarados pretos ou pardos, que cursem licenciatura ou sejam professores da educação básica. O intuito é desenvolver uma educação antirracista, a partir da troca de experiências e políticas públicas, com países da África, América Latina e Caribe. Em um primeiro momento, haverá mobilidade acadêmica entre quadros da UP – Maputo e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), primeira instituição do Brasil a ofertar curso de Licenciatura em Estudos Africanos e Afro-Brasileiros e palco do lançamento do Programa .
A reunião na CAPES teve o objetivo de alinhar os próximos passos. Rui Oppermann, diretor de Relações Internacionais da Fundação, afirmou que há “muito a se fazer para que isso se torne uma política permanente de Estado”. Paulo Santos, diretor de Avaliação da CAPES, ressaltou a importância de o Programa estar voltado para a educação básica: “O saber instituído pode ser modificado. E muitas vezes é modificado a partir da base”.
Jorge Ferrão, reitor da UP – Maputo, afirmou que a ação vem para “propiciar condições de mudanças profundas na sociedade brasileira, a partir das crianças”, e agradeceu à Fundação por ter financiado parte de seus estudos. Ferrão viveu por oito anos no Brasil e cursou doutorado na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Natalino Filho, reitor da UFMA, atentou para o fato de o Programa estar em desenvolvimento nas universidades, e não só em gabinetes de governo, “fundamental para ações que se proponham a durar por um longo período”.
Kátia Régis, coordenadora-geral de Justiça Racial e Combate ao Racismo do MIR, explicou que a edição de Moçambique se dará em duas etapas: primeiro, curso on-line sobre história afro-brasileira e moçambicana, depois, estadia de duas semanas no país africano, com atividades presenciais. “Uma política de igualdade racial está sendo gestada em nosso País, com todos os desafios que isso possa representar”, afirmou. Giane Vargas, da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão do MEC (Secadi), contou ser “uma doutora forjada com bolsa CAPES” e atentou para a necessidade de se promover uma educação antirracista, para que mais pessoas não brancas possam virar mestras e doutoras no Brasil.
Legenda das imagens:
Banner e Imagem dentro da matéria: Comitiva da Universidade Pedagógica de Maputo, de Moçambique, esteve na CAPES para debater Programa de intercâmbios (Foto: Naiara Demarco - CGCOM/CAPES )
Imagem 2: Participantes dos Caminhos Amerficanos: Programa de Intercâmbios Sul-Sul, fruto de parceria entre a CAPES e os Ministérios da Igualdade Racial (MIR) e da Educação (MEC). (Foto: Naiara Demarco - CGCOM/CAPES )
Por: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
A reprodução é gratuita desde que citada a fonte