Economia

Rodada de negócios do Exporta Mais Brasil explora artesanato cearense

Em viagem ao Estado, Alckmin participou de evento que propiciou 323 rodadas e 1,7 milhão em negócios entre artesãos e compradores internacionais

29/09/2023 13:25
Rodada de negócios do Exporta Mais Brasil explora artesanato cearense
Foto: Divulgação/MDIC

 

Dando sequência a seu giro pelo país para debater a neoindustrialização, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, esteve no Ceará nesta sexta-feira (29/09) para o encerramento da 5ª rodada do programa Exporta Mais Brasil, promovido pela Apex Brasil para facilitar o contato de empreendedores brasileiros de todas as regiões do país com o mercado internacional.

Durante o evento, compradores de oito países puderam conhecer o trabalho de 58 artesãos, cooperativas, casas de cultura e associações de artesanato de 17 estados brasileiros. Em 323 reuniões de negócios, foi gerado até o momento R$ 1,7 milhão de reais.

“Aqui no Ceará estamos trazendo os compradores de artesanato. E, à medida que vendemos artesanato, nós estamos promovendo o turismo. De onde é esse artesanato? É do Brasil, do Ceará. Vão querer vir pra cá”, avalia o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, que participou do evento ao lado do ministro da Educação, Camilo Santana, do presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, do governador do Ceará, Elmano de Freitas, e do deputado federal José Guimarães (PT-SP).

O ministro ressaltou que, apesar de o país estar registrando seguidos recordes nas exportações, o Brasil representa apenas 1,9% do comércio realizado no mundo, o que significa que 98,1% do comércio está fora do Brasil. “Exportar é fundamentar para a gente fazer crescer a atividade econômica”, afirmou.

Hidrogênio Verde

Alckmin também destacou o potencial do Ceará de se tornar um hub para o mundo de hidrogênio verde. “A neoindustrialização precisa ser verde, precisa de energia limpa. E o hidrogênio verde é o grande caminho para o mundo descarbonizar.”

O vice-presidente se referia ao fato de o Porto de Pecém, localizado no estado, passar por um processo de modernização para a produção de hidrogênio verde. O complexo está preparando suas áreas portuárias e industriais para receber o hub. Além da localização próxima a grandes mercados consumidores, o custo de produção de hidrogênio verde no Ceará deve ser o menor do mundo em razão da disponibilidade abundante de energia.

Pecém também  foi um dos destaques da fala do ministro da Educação, Camilo Santana, que governou o Ceará por dois mandatos. Em seu discurso, no evento da ApexBrasil, ele ressaltou que o local abriga a primeira Zona de Processamento das Exportações a funcionar no país e que Pecém firmou convênio com o Porto de Roterdã, na Holanda, para auxiliar o porto a se tornar um importante centro logístico e comercial do Nordeste do Brasil.  A gestão conjunta do complexo industrial e portuário amplia a capacidade de atração de mais investimentos internacionais também no segmento de infraestrutura e de instalação de novas indústrias na região.

Santana defendeu que o caminho para o desenvolvimento do estado é a conectividade — portuária, aeroportuária e tecnológica —, além da educação, da formação humana. Ele lembrou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá ao estado em breve para anunciar uma unidade do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) no Ceará. A escolha do estado se deu pelo fato de 40% dos aprovados no exame de admissão para o ITA de São Paulo serem provenientes do estado nordestino.

Após o evento da ApexBrasil, os ministros visitaram o Porto de Pecém, em São Gonçalo do Amarante, para conhecer a ZPE e os projetos de hidrogênio verde em desenvolvimento no local.

Em sintonia com as vantagens oferecidas por Pecém, o Ceará firmou até agora 32 memorandos de entendimento e três pré-contratos assinados com as empresas interessadas em atuar no estado. Somente os três contratos já assinados somam US$ 8 bilhões em investimentos até 2030. Essas três empresas devem tomar suas decisões finais a partir de 2024 para iniciar a produção entre 2026 e 2027.

Em seguida, Alckmin volta a Fortaleza para uma conversa com empresários locais na FIEC (Federação das Indústrias do Estado do Ceará).

Exporta Mais Brasil

Na  5ª rodada do programa Exporta Mais Brasil, que ocorreu ao longo desta semana, em Fortaleza, artesãos brasileiros puderam mostrar seus trabalhos a potenciais compradores da Holanda, Reino Unido, Irlanda, Áustria, Estados Unidos, China, Japão e Jordânia.

“Nosso programa trouxe compradores de 8 países, fazendo negócios com pessoas que fazem artesanato. As pessoas mais simples, mas que têm mãos talentosas e muita inteligência e produzem algo que no mundo tem valor.”

Viana ressaltou, no entanto, que o Brasil está ainda muito atrasado na valorização de seu artesanato diante do mundo. “A Colômbia ganha mais dinheiro com o comércio exterior de artesanato do que o Brasil. Se juntar Ceará, Pernambuco, Alagoas e Paraíba, com política de apoio, só esses quatro estados, juntos, têm condições de ter uma produção artesanal muito maior até. Mas as oportunidades têm que vir do governo, das políticas públicas.”

O presidente da ApexBrasil informou que, após a etapa de rodadas no Brasil, esses times de artesãos serão levados para participar de feiras internacionais de negócios relacionados ao artesanato. “Esse talento precisa ganhar o mundo, e a oportunidade é agora no governo do presidente Lula.”

O perfil dos 58 artesãos é diverso e abriga trabalhos em cerâmica e barro, rendas e bordados, fibra vegetal e madeira, além de outras tipologias e técnicas. A representatividade regional é igualmente variada, com seis participantes vindos do Sul do país, sete do Sudeste, nove do Centro-Oeste, 12 do Norte e, por fim, 24 do Nordeste.

A questão de gênero também se destaca: entre os participantes, mais de 70% ou são artesãs ou são associações e cooperativas que possuem mulheres à frente dos trabalhos. A liderança feminina, aliás, é marcante no segmento: dados do Sebrae em 2018 já apontavam que elas são 77% do total de artesãos brasileiros, sendo, muitas vezes, também arrimo de família e líderes destacadas em suas comunidades. Além disso, as artesãs costumam ser as guardiãs das tradições, responsáveis por ensinar esses modos de fazer às gerações mais jovens.

Até o final do ano, o programa fará 13 rodadas que contemplarão 13 diferentes setores da economia.

Artesanato brasileiro

De acordo com o IBGE, o artesanato contribui para a economia de 67% dos municípios brasileiros e movimenta cerca de R$ 50 bilhões ao ano. Responsável por 3% do PIB brasileiro, a atividade gera emprego e renda para cerca de 8,5 milhões de pessoas, sendo uma maioria expressiva de mulheres, e conta com produção relevante em territórios indígenas e quilombolas. Por seu aspecto comunitário e pelo cuidado com matérias-primas regionais, o artesanato possui também um forte apelo em termos de sustentabilidade e de práticas ESG (ambiental, social e governança) no geral, o que o torna atraente para o mercado externo. Persistem, no entanto, desafios ligados à qualificação e à capacidade produtiva dos artesãos.

 

Por: Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC)

 

Link: https://www.gov.br/mdic/pt-br/assuntos/noticias/2023/setembro/ceara-rodada-de-negocios-levam-artesanato-brasileiro-ao-mundo
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