Com participação da Fiocruz, Brasil e Angola reforçam laços de cooperação em saúde
A fim de retomar a histórica parceria entre Brasil e Angola, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou uma visita de Estado ao país junto a uma comitiva formada por integrantes do governo e de autarquias, parlamentares e empresários. Representando a Fiocruz, a vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação (Vpeic/Fiocruz), Cristiani Machado, esteve entre os dias 24 e 25 de agosto em Luanda e participou de atividades voltadas para o fortalecimento da cooperação bilateral na área da saúde.
No primeiro dia em missão, Cristiani Machado acompanhou as ministras da Saúde de Brasil e Angola, Nísia Trindade Lima e Silvia Lutucuta, nas visitas ao Instituto Angolano de Controle de Câncer e ao Instituto Hemoterápico Infantil, duas unidades referência em saúde no país. "Conversamos com os diretores dessas unidades e ficou muito evidente a importância da cooperação com o Brasil na formação de profissionais de saúde. No Instituto Angolano de Controle do Câncer, por exemplo, já há uma cooperação muito forte com a Unicamp e com o Inca", relatou a vice-presidente.
No segundo dia em Luanda, Cristiani participou do Fórum Econômico Angola-Brasil, que reuniu integrantes dos governos, de instituições e da iniciativa privada dos dois países. A vice-presidente integrou o painel que abriu o evento sobre Saúde, Educação e Desenvolvimento Humano. Em sua fala, ela destacou que a Fiocruz sempre estabeleceu relações próximas e solidárias com as nações da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, incluindo com Angola, contribuindo com a formação de profissionais de saúde e a estruturação da Rede de Banco de Leite Humano no país.
A uma audiência fortemente voltada para o debate econômico, Cristiani assinalou em seu discurso a "importância dos setores da saúde e educação para a economia, sendo possível apostar em uma articulação virtuosa entre economia, política social e política científica, em um projeto de desenvolvimento orientado ao bem-estar social".
Outro ponto ressaltado pela vice-presidente foi a urgência em assegurar a disponibilidade de insumos estratégicos para o atendimento das necessidades de saúde das populações, seja pelo fortalecimento da produção nacional, acordos estratégicos entre países e mecanismos solidários de cooperação bilateral ou multilateral. Ao final de sua fala, Cristiani reforçou a intenção da Fiocruz em dividir suas boas práticas com Angola. "A Fiocruz está disponível para fortalecer sua cooperação com Angola nas áreas de educação para o sistema de saúde – do ensino técnico ao doutorado -, na pesquisa, em áreas como vigilância genômica, no desenvolvimento tecnológico e em estratégias para viabilizar o acesso a insumos como vacinas e medicamentos, entre outras", afirmou.
O Fórum Econômico foi encerrado com o encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o presidente angolano João Manuel Gonçalves Lourenço e a assinatura de acordos bilaterais. Embora não tenham sido firmadas, na ocasião, parcerias envolvendo diretamente a Fiocruz, Cristiani Machado conta que uma agenda de cooperação vem sendo construída, considerando o desejo mútuo em fortalecer os sistemas públicos de saúde e respeitando as especificidades locais. Essa perspectiva se insere em uma estratégia mais ampla de cooperação Sul-Sul estruturante não somente com Angola, mas com o continente africano, especialmente com países de língua portuguesa.
"Tradicionalmente, a Fiocruz e a saúde são áreas importantes dessa cooperação Sul-Sul. A Fiocruz sempre atuou com a perspectiva de uma cooperação estruturante em saúde e com uma atenção especial aos países da América Latina e de língua portuguesa da África", afirmou Cristiani Machado.
Sobre essa cooperação estruturante, a vice lembrou que Brasil e África têm muitos desafios comuns na área da saúde - por exemplo o enfrentamento a doenças negligenciadas, como malária, febre amarela e tuberculose, ou a dificuldade, em diferentes níveis, de acesso a insumos - e que as parcerias representam também uma oportunidade de aprendizado mútuo. "Há uma dimensão de solidariedade e de aprendizado que tem que ser destacado. Esse aprendizado não é somente unilateral. Nós somos países com muita coisa em comum", disse.
Por: Fundação Oswaldo Cruz
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