Meio ambiente

Governo e especialistas debatem desafios da emergência climática

Em evento, a ministra Maria Silva enfatizou a importância de investimentos em prevenção para reduzir os impactos de desastres naturais

28/09/2023 12:57
Governo e especialistas debatem desafios da emergência climática
Foto: Lula Marques/Agência Brasil

 

Um dos temas prioritários em debates da agenda política nacional e internacional - o enfrentamento à crise climática e seus efeitos - está em discussão na oficina “Emergência Climática: as ações federais diante de crescentes desafios”, realizado nestas quinta-feira (28/09) e sexta-feira (29/09), em Brasília (DF).

Na abertura do evento, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Marina Silva, reforçou a necessidade de fortalecer ações preventivas para reduzir os impactos dos desastres naturais. Segundo a ministra, há 1.038 municípios brasileiros identificados como suscetíveis a eventos climáticos extremos e, afirmou ela, discute-se ainda a possibilidade de decretar emergência climática nesses locais para viabilizar a prevenção.

“Teremos que criar mecanismos para ter orçamento contínuo, facilidade para contratação dos serviços e das intervenções que precisam ser feitas e ai, estamos trabalhado com a tese de que, talvez, possamos decretar emergência climática nos 1.038 municípios para que se tenha os recursos necessários às mudanças”, argumentou, na abertura do seminário.

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Marina Silva afirmou que, embora possa parecer pretensioso discutir a prevenção a eventos climáticos, é preciso ir além do trabalho emergencial de atuar nos locais afetados, após as catástrofes. A ministra detalhou que para trabalhar a prevenção é preciso de decisão política, ética e ciência.

“Precisamos nos antecipar com infraestrutura adequada, com sistema de alerta adequado, com investimento para que não tenha tantos prejuízos. A infraestrutura não pode mais ser pensada nesses lugares como eram feitas as edificações, onde a tecnologia e o conhecimento são usados as perdas são incomparavelmente menores”, defendeu a ministra.

Aos participantes do seminário, a ministra lembrou casos como os ocorridos em Petrópolis (RJ), no sul da Bahia e no Rio Grande do Sul, locais atingidos problemas como fortes chuvas, deslizamentos e ciclone. Em sua avaliação, os eventos climáticos extremos "saíram das narrativas e já bateram à nossa porta", afetando a população.

Estratégia interministerial

Já o Diretor do Departamento para o Clima e Sustentabilidade do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Osvaldo Moraes, defendeu ser necessário um trabalho conjunto e ações imediatas para enfrentar o desafio dos desastres naturais relacionados ao clima e citou o aquecimento global. “Os alertas que o IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima da ONU] está fazendo, já passaram de ser um sinal amarelo. Aquilo que o Acordo de Paris pretendia, que nós estivéssemos chegando no limite [de aquecimento da Terra] de 1,5 grau no final desse século, relatório específico do IPCC aponta que, se nada for feito, vamos chegar na década de 40 com o 1,5 grau”, disse.

Os debates vão contribuir para a elaboração do Plano Clima - Adaptação, processo conduzido no âmbito do Comitê Interministerial de Mudança do Clima (CIM) e do Grupo de Trabalho Temporário - Adaptação.

Entre os resultados esperados da oficina, está também a contribuição teórica para basear a elaboração do marco de atuação do Governo Federal diante de desastres naturais, incluindo propostas de aprimoramento de ações federais, com foco em mapeamento de áreas de risco, monitoramento e envio de alertas e estruturação dos órgãos municipais e dos planos de contingência locais.

A oficina Emergência Climática é realizada pela Secretaria Nacional de Mudança do Clima do MMA, em conjunto com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e o Ministério da Integração Nacional e Desenvolvimento Regional (MIDR).

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Por: Agência Gov


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