Governo assina protocolo contra o racismo no futebol na final da Copa do Brasil
Acordo foi firmado entre Ministérios e a Confederação Brasileira de Futebol. Objetivo é promover a igualdade no esporte e fortalecer o combate ao racismo
Os Ministérios dos Direitos Humanos e Cidadania, da Igualdade Racial e do Esporte deram mais um passo para combater ao racismo no futebol, ao assinarem um protocolo de intenções em conjunto com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), na partida final da Copa do Brasil entre Flamengo e São Paulo, no estádio do Morumbi, neste domingo (24/9). Estavam presentes cerca de 63 mil torcedores.
O protocolo traz inúmeras ações que buscam os esforços necessários de todas as partes para promover a igualdade racial por meio de campanhas de conscientização com intuito de prevenção, reforço no papel social e estratégico do futebol para a superação do racismo, o aprimoramento dos canais de denúncia e o estímulo de oportunidade de formação que promovam a inclusão racial nas diferentes áreas de atuação profissional do futebol, entre outras medidas.
Representando o Governo Federal, estavam no estádio os ministros dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), Silvio Almeida, da Igualdade Racial, Anielle Franco, do Esporte, André Fufuca, além do presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ednaldo Rodrigues. André Fufuca e Anielle Franco participaram da entrega de medalhas aos jogadores.
Anielle Franco enfatizou a importância dessa ação conjunta do esporte mais popular do país para tratar de uma pauta tão recorrente, e que necessita de ações como essas para trazer o debate necessário para combater o racismo no futebol.
“Quero agradecer a CBF, agradecer ao MEsp, porque esse é um trabalho que começou desde fevereiro desde ano, ainda sob a liderança da ministra Ana Moser. Temos que reconhecer o trabalho que foi feito, com muito esforço com muito afinco, com muito diálogo, desde o início, tratando não só com o MEsp, mas também com o Ministério da justiça e com tantas outras pessoas, porque onde há racismo não se consegue dar um passo à frente. Essa união do Governo Federal com a CBF é imprescindível. É preciso fazer cada vez mais, para que o racismo desapareça, e que um dia seja a regra", afirmou.
Já André Fufuca defendeu um esforço de todos os envolvidos para fazer história, com uma política efetiva de combate ao racismo no futebol e em todas modalidades no geral.
“Sermos reconhecidos pela capacidade de coibir esse mal. E não apenas coibir, mas abolir essa questão do racismo. O racismo deve ser abolido dos campos e também fora dos campos. É dessa maneira que nós teremos uma sociedade mais fraterna e justa. Tenho certeza de que hoje, no momento que damos os braços para a CBF, nós estamos visando ao futuro do esporte mais justo, fraterno, sem violência”, assinalou.
Ednaldo Rodrigues avalia a ação como marco para o futebol brasileiro, devido à iniciativa do Governo Federal de se unir à Confederação para propor ações, políticas e programas transversais de combate ao racismo, e lembrou que o Observatório da Discriminação Racial no Futebol é um importante aliado na apuração de casos de racismo no futebol.Com Racismo Não Tem
Jogo – Disque 100
O Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania promoveu uma ação de mídia no estádio com os dizeres “Com racismo não tem jogo” e a divulgação do Disque 100, serviço de utilidade pública para denunciar violações de Direitos Humanos. Durante a atividade, foi exibido um balão inflável do Disque 100, Disque Direitos Humanos, da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH). O ministro Silvio Almeida frisou que a divulgação do Disque 100 é um mecanismo que precisa ser divulgado cada vez mais para a sociedade.
“A importância é de fato relacionar o futebol com aquilo que o povo brasileiro tem como essencial, que é o respeito, a dignidade. O futebol como uma das manifestações mais importantes da nossa cultura diz muito sobre o que a gente é. Ele não pode ficar de fora de uma luta sem fronteira contra todos os tipos de discriminação e principalmente contra o racismo. A assinatura tem um caráter fundamental, que marca um ponto de compromisso com aqueles que organizam o futebol.”
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Ministérios fazem ação conjunta contra racismo no futebol
Histórico
Com os infindáveis casos de racismo dentro e fora do País, o Governo Federal já dialogava desde o mês de fevereiro no grupo de trabalho “Esporte Sem Racismo”, que também envolve o Ministério da Justiça e Segurança Pública para estabelecer esforços conjuntos para o combate do racismo e para a promoção da diversidade e inclusão racial no futebol. Segundo levantamento do Observatório da Discriminação Racial do Futebol, foram registrados 90 casos de ofensas raciais em 2022, contra 64 em 2021. Um aumento de 40%. O Regulamento Geral de Competições da CBF para 2023 indica punição a casos de discriminação, que pode variar de uma advertência até a perda de pontos.
O grupo de trabalho foi criado por portaria em 16 de junho de 2023, e entregou no último mês o relatório com as seguintes missões: realizar programas transversais de combate ao racismo e de promoção da inclusão da população negra nos esportes a serem executados pelos órgãos competentes da administração pública federal; propor estratégias de integração entre as políticas públicas de igualdade racial, esporte e promoção e acesso à justiça e promover diálogo intersetorial no âmbito governamental e com atores da sociedade civil voltado para a replicação de práticas racistas.
O secretário nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor, José Luiz Ferrarezi, acompanhou o ministro e observou que essa ação conjunta é um passo importante para o esporte. “Essa ação conjunta do MEsp, MIR e CBF é uma parceria inédita que vai mudar esse jogo com ações concretas de combate, ações educativas e punitivas para acabar de vez com o racismo no futebol e no esporte de um modo geral”, afirmou.
Por: Ministério do Esporte, com edição da Agência Gov
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