MPI cria Gabinete de Crise para acompanhar as violações de direitos humanos do povo Guarani Kaiowá
Portaria foi editada depois da morte de um casal de anciões indígenas encontrados carbonizados dentro de sua casa no dia 18/09 na aldeia Guassuty, no Mato Grosso do Sul
O Ministro dos Povos Indígenas substituto, Eloy Terena, instituiu por meio da portaria GAB/GM/MPI Nº 217 o Gabinete de Crise para acompanhar a situação de violação de direitos humanos do povo Guarani Kaiowá, e propor ações e medidas de proteção aos indígenas da região sul de Mato Grosso do Sul. Segundo a portaria, o Gabinete será composto por representantes do Gabinete da Ministra; da Secretaria Executiva do MPI; da Secretaria de Direitos Ambientais e Territoriais Indígenas; da Fundação Nacional dos Povos Indígenas – FUNAI –, e do Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Fundiários Indígenas, sendo este último o responsável pela coordenação do Gabinete.
Entre as ações atribuídas ao Gabinete estão reuniões quinzenais de seus membros e a elaboração de um relatório que apresente diagnóstico da situação de violência e violação de direitos envolvendo o povo Guarani Kaiowá. O relatório deverá sugerir medidas concretas para a pacificação dos conflitos em curso na região.
Para as reuniões, serão convidados representantes de diversos órgãos e entidades que contribuam para a análise e ações de combate à crise de segurança e de direitos que atinge a região, como o Ministério da Justiça e Segurança Pública; o Ministério de Direitos Humanos e Cidadania; o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar - MDA; o Governo do Estado do Mato Grosso do Sul; a Defensoria Pública da União - DPU; o Ministério Público Federal - MPF; o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA; o Conselho Nacional de Direitos Humanos - CNDH; a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil - APIB; e a - Aty Guasu Guarani Kaiowá, a grande assembléia de mulheres Kaiowá e Guarani organizada desde 2006 no Cone Sul do Mato Grosso do Sul.
O Gabinete de Crise terá duração 180 dias, podendo ser renovado por igual período uma única vez.
Sebastiana Galton, de 92 anos, e Rufino Velasque, líderes espirituais indígenas, foram encontrados mortos e carbonizados na casa onde viviam e realizavam rituais religiosos na aldeia Guassuty, na cidade de Aral Moreira (MS), que faz fronteira com o Paraguai. Em nota, a grande assembleia de mulheres Kuñangue Aty Guasu disse que "a nhandesy [rezadora] Sebastiana vinha recebendo várias ameaças de morte nos últimos anos, inclusive sendo chamada de 'feiticeira”. Segundo a Polícia Civil do MS as investigações não apontavam para crime de ódio, mas lideranças indígenas atribuem intolerância religiosa à motivação dos assassinatos. Imediatamente após o ocorrido, o MPI oficiou a Polícia Federal de Ponta Porã para investigar o caso.
Por: Ministério dos Povos Indígenas
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