Lula pede urgência para reverter mudanças climáticas e cita destruição por chuvas no Sul do Brasil
Durante a abertura da Cúpula do G20, presidente cobra recursos de países ricos para apoiar as populações mais vulneráveis
Na abertura da Cúpula do G20, neste sábado (09/09), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a pedir um esforço mundial para combater a crise climática e citou a tragédia causada pelo ciclone extratropical que atingiu o Brasil esta semana. "Se não agirmos com sentido de urgência, esses impactos serão irreversíveis", afirmou em seu discurso, ao pedir união para apoiar as populações mais vulneráveis.
"Os efeitos da mudança do clima não são sentidos por todos da mesma forma. São os mais pobres, mulheres, indígenas, idosos, crianças, jovens e migrantes, os mais impactados. Agora mesmo no Brasil, o estado do Rio Grande do Sul foi atingido por um ciclone que deixou milhares de desabrigados e dezenas de vítimas fatais”, destacou o presidente do Brasil, complementando que de nada adiantará o mundo rico chegar as Cúpulas futuras vangloriando-se das suas reduções nas emissões de carbono, se as responsabilidades continuarem sendo transferidas para os países menos desenvolvidos.
Lula cobrou, das nações mais desenvolvidas, investimentos nos países do hemisfério Sul, para que possam desenvolver suas economias de maneira sustentável. “Desde a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, realizada em Copenhague - capital da Dinamarca -, os países ricos deveriam prover R$ 100 bilhões de dólares por ano em financiamento climático novo e adicional aos países em desenvolvimento. Essa promessa nunca foi cumprida”, disse.
Para o presidente, o problema não foi falta de recursos. "Ano passado, o mundo gastou R$ 2,24 trilhões de dólares em armas. Essa montanha de dinheiro poderia estar sendo canalizada para o desenvolvimento sustentável e ação climática", afirmou, complementando ainda que, no Brasil, o Governo Federal está fazendo sua parte ao investir em fontes energéticas renováveis e ao colocar como prioridade a proteção da floresta Amazônica. Lula citou também a redução de 48% do desmatamento nos primeiros oito meses de 2023, em relação ao mesmo período do ano passado.
O presidente da república chegou a Nova Délhi na sexta-feira (08/09) e participa de três reuniões do grupo neste final de semana, que abordam o desenvolvimento verde e sustentável, a transição energética e `global net zero`, o crescimento inclusivo e as transformações tecnológicas. Durante a Cúpula do G20 haverá também a transição da presidência do grupo, que estará sob a gestão do Brasil a partir de dezembro de 2023.
Em seu discurso, Lula anunciou sua primeira medida ao assumir a liderança do G20. "Queremos chegar na COP 30, em 2025, com uma agenda climática equilibrada entre mitigação, adaptação, perdas, danos e financiamento, assegurando a sustentabilidade do planeta e a dignidade das pessoas. Para complementar esse esforço, lançaremos uma Força Tarefa para Mobilização Global contra a Mudança do Clima. Esperamos contar com o engajamento de todos. Para que a beleza da Terra não seja apenas uma fotografia vista do espaço”, concluiu.
G20
Formado pela África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coréia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia e União Europeia. Para esta cúpula, também foram convidados Bangladesh, Egito, Emirados Árabes, Espanha, Ilhas Maurício, Nigéria, Omã, Países Baixos e Singapura, o grupo responde conjuntamente por cerca de 80% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial e 75% do comércio internacional, além de dois terços da população e 60% do território do planeta.
No encerramento da cúpula de Nova Delhi, no domingo, 10/9, o Brasil receberá da Índia a incumbência de presidir o G20 no próximo mandato, que se inicia em 1º de dezembro deste ano e irá até 30 de novembro de 2024 . Nesse período, o país deverá organizar mais de 100 reuniões oficiais, que incluem cerca de 20 reuniões ministeriais, 50 reuniões de alto nível e eventos paralelos como seminários.
Por: Agência Gov
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