No Senado, Ministério do Esporte debate políticas de prevenção e repressão ao racismo no futebol

O debate sobre políticas de prevenção e repressão ao racismo no futebol foi a pauta de reunião extraordinária da Comissão do Esporte (CEsp) do Senado na manhã desta quarta-feira (13/9), da qual participou, como representante do Ministério do Esporte, o assessor especial Diogo Silva. A audiência foi realizada a pedido dos senadores Jorge Kajuru (PSB/GO) e Romário (PL/RJ), e contou com a presença da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.

“Infelizmente, não estamos tratando daquilo que voltou, mas do que nunca acabou. O racismo sempre permaneceu, e por conta disso precisamos unir forças dentro de uma ação conjunta do Executivo e do Legislativo”, afirmou Diogo Silva, ao lembrar a articulação iniciada há cerca de 120 dias.

Diogo destacou que o esporte é uma área que preserva uma característica que ainda precisa ser devidamente revista, relacionada a termos pejorativos que necessitam de modernização. “Estranhamente, o mercado do esporte é o único que ainda vê um ser humano e o trata com compra e venda. Comprar e vender jogadores – pessoas – demonstra falta de evolução da humanidade, o que impede a percepção crítica sobre o impacto dos negócios nas gerações”, avaliou.

A participação do MEsp nas articulações internacionais para o tema também foi acentuada, como o debate em torno dos negócios do esporte entre os países do chamado B20 - com reunião marcada para 2024 no Brasil –, bem como o Pacto pelo Esporte junto à Siga América Latina, entidade criada em 2022 para promover as práticas de transparência, integridade e boa governança.

“O combate ao racismo no esporte é discutido dentro da integridade, conceito que está em evidência pela questão da manipulação de resultados, mas quando vemos quem são os punidos, sem passar por um processo educativo, entendemos por que temos que ter ações de combate ao racismo.”

Além das articulações, o planejamento das ações para execução de longo prazo foi considerado fundamental, na visão do assessor, para promover mudanças sociais permanentes. “O racismo impacta a vida, limita o indivíduo economicamente, impede a participação em espaços de gestão. Em 109 anos, o Comitê Olímpico do Brasil [COB] não tem presidente, vice ou gestores negras ou negros. O clube Ponte Preta levou 114 anos para ter o Tiãozinho como seu primeiro gestor preto. Então, seja com políticas alternativas ou por projetos de lei, os pactos precisam acontecer”, concluiu.

Oportunidade para ação

Também representando o Ministério do Esporte, o chefe da Assessoria de Participação Social e Diversidade, Denis Rodrigues da Silva, ressaltou o processo de construção de um conjunto de ações estruturantes de longo prazo, a pedido da então ministra Ana Moser, junto aos ministérios de Igualdade Racial e da Justiça e Segurança Pública, e à CBF.

“Identificamos 19 ações e mais 10 que estão em debate, para termos um conjunto positivo de medidas perenes, implementação de processos formativos e campanhas continuadas e recorrentes”, ressaltou Denis.

Entre as medidas estão a implementação de ações de sucesso de federações de outros países; formação de parcerias com empresas patrocinadoras de eventos esportivos; abertura de debates com instâncias do Judiciário; implantação de programas de saúde mental para pessoas acusadas de atos racistas; criação de um canal de denúncia de racismo no esporte; além da promoção de espaços de debate sobre o tema dentro dos próprios clubes.

“O importante é que estamos vivendo outra fase civilizacional no Brasil, que nos traz a oportunidade histórica e inédita para superar isso institucionalmente”, apontou o chefe da Assessoria de Participação Social e Diversidade.

Também esteve presente pelo MEsp a assessora especial de Assuntos Parlamentares e Federativos, Jane Diehl.

Por: Ministério do Esporte