Relações exteriores
Parceria entre Brasil e Israel pode impulsionar projetos de pesquisa e desenvolvimento em geociências
Acordo de cooperação técnica com os israelenses vem sendo articulado pelo Serviço Geológico do Brasil, que deve realizar missão ao país em outubro
12/09/2023 00:00
Reconhecido internacionalmente por sua intensa atividade em ciência, tecnologia e inovação em diversas áreas, Israel pode ser um novo parceiro brasileiro com foco em geociências. Uma cooperação técnica com o país do Oriente Médio vem sendo articulada pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), que já deu os primeiros passos para a formalização por meio da Assessoria de Assuntos Internacionais (ASSUNI). Após reunião inicial realizada na última semana na Embaixada de Israel, em Brasília, o diretor-presidente do SGB, Inácio Melo, recebeu hoje (12), na sede do SGB, o embaixador isaraelense Daniel Zohar Zonshine. O encontro tem como objetivo estreitar as relações entre os dois países visando uma parceria por meio de seus serviços geológicos.
Segundo explica o assessor de Assuntos Internacionais do SGB, Rafael Pinto Duarte, que participou da reunião preliminar na Embaixada, o interesse é conhecer o trabalho do Serviço Geológico de Israel e identificar os pontos para projetos de longo prazo no campo da Ciência, Tecnologia e Inovação em Geociências, incluindo a formação e a capacitação de profissionais, bem como a modernização de laboratórios, visando fortalecer os interesses estratégicos do SGB.
Duarte foi recebido pelo Adido israelense de agricultura e água no Brasil, Ari Fischer, e pelo embaixador Zonshine, com quem discutiu sobre a participação do SGB na Agritech, que é uma das principais feiras de tecnologias voltadas para o agronegócio e ocorrerá em Tel Aviv, Israel, em outubro. Neste sentido, está sendo articulada uma missão brasileira no país incluindo visitas ao Serviço Geológico de Israel e ao escritório da Agência de Cooperação do Governo de Israel (MASHAV).
Israel também é um país com um dos maiores percentuais do PIB em investimento privado para Pesquisa e Desenvolvimento, e é interessante entender como podemos adaptar essas dinâmicas de fomento para potencializar as ações do SGB. Fora do campo estratégico, Israel também é conhecido pelo seu notório saber na área de gestão de recursos hídricos, reuso de água e preparação para desastres geológicos, entre outros. Tais experiências, conhecimentos e tecnologias podem ser valiosas oportunidades para o fortalecimento do SGB em termos de infraestrutura de pesquisa e inovação e desenvolvimento de competências de nossos pesquisadores”, destaca o assessor do SGB.
Com experiências acumuladas em 23 anos de trabalho na área de Cooperação Internacional em Ciência e Tecnologia em diversos órgãos e agências do Brasil e do exterior, Rafael Duarte assumiu a ASSUNI do SGB neste mês. A agenda com a Embaixada de Israel foi o primeiro compromisso oficial do novo assessor, que assume o cargo com novas projeções. Segundo ele, deve trazer e adaptar a experiência e os aprendizados adquiridos para fortalecer a atuação internacional do SGB, sobretudo no campo de desenvolvimento em C&T dos pesquisadores e laboratórios.
“Minha carreira começou no CNPq, ainda como estagiário na Assessoria de Cooperação Internacional, e desde então são 23 anos de trabalho. Em 2008, concluí o mestrado em Política e Gestão em Ciência e Tecnologia na Universidade de Brasília, onde estudei o papel da Cooperação Internacional para o desenvolvimento em C&T no Brasil, tendo a atuação do Brasil junto ao CERN (Organização Europeia para Pesquisa Nuclear) como estudo de caso. Esse trabalho permitiu propor um modelo estratégico de gestão da cooperação internacional e que pude aplicar no Ministério da Saúde, na Embaixada Britânica e no Ministério da Educação, entre outros, e neste último órgão atuei como consultor nos últimos 9 anos no âmbito da Internacionalização da Educação Superior”, relata o novo assessor.
Rafael Duarte conta que assumir o cargo no SGB é um desafio diferente do que já enfrentou, pois é a primeira vez que chega a uma instituição que já se encontra internacionalizada. “Pude perceber, mesmo com uma semana, que o trabalho feito pela equipe até então chefiada por Roberto Kirchheim tem uma excelência muito relevante não só no Brasil, mas no exterior, com uma série de indicadores robustos já estabelecidos. Esse ambiente para mim é ao mesmo tempo um desafio e um prazer poder contribuir para o avanço da atividade internacional do Serviço Geológico do Brasil”, complementa.
Agora, segundo Duarte, “a prioridade a curto prazo é tomar pé do que está em desenvolvimento, sobretudo para não incorrer em interrupções, mas obviamente não acabar reinventando a roda”. A médio prazo, o novo assessor explica que serão analisadas as parcerias vigentes, incluindo uma avaliação sobre o que mais o SGB pode produzir delas em proveito dos interesses estratégicos a partir das indicações e recomendações dos gestores e pesquisadores. Ao mesmo tempo, Duarte conta que pretende fazer a prospecção de novas oportunidades de parcerias que possam ser proveitosas.
Como gestor, o novo assessor diz que buscará propor e estudar com as instâncias competentes do SGB a definição das diretrizes, políticas e ações que poderão balizar a Cooperação Internacional da empresa de modo a contribuir para o seu desenvolvimento institucional, de infraestrutura e, principalmente, do corpo de pesquisadores da empresa.
Essas ações são fundamentais, pois a ciência, assim como a natureza, não se limita pelas fronteiras nacionais dos países. Em sua essência, o conhecimento científico é universal, já que sua publicação e validação por pares é regra geral para sua existência. Isso posto, promover a integração dos nossos pesquisadores com a produção e a pesquisa científica no mundo é vital para o desempenho das atividades do SGB”, conclui Rafael Duarte.
Por: Serviço Geológico do Brasil
A reprodução é gratuita desde que citada a fonte