Agricultura

Valor de produção e safra de grãos batem recorde em 2022, aponta IBGE

Com crescimento de 1,3%, valor de produção da soja chegou a R$ 345,4 bilhões em 2022

14/09/2023 10:21
Valor de produção e safra de grãos batem recorde em 2022, aponta IBGE
Foto: Divulgação/IBGE

 

O valor de produção das principais culturas agrícolas do Brasil atingiu o recorde de R$ 830,1 bilhões em 2022, com alta de 11,8% em relação ao ano anterior. Foi a maior safra de grãos já registrada na série histórica, com 263,8 milhões de toneladas, alta de 3,8% frente a 2021. A área plantada do país foi de 91,1 milhões de hectares, com alta de 5,2%, ou 4,5 milhões de hectares a mais do que em 2021. Os dados são da Produção Agrícola Municipal (PAM), divulgada nesta quinta-feira (14/09) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

“Com a restrição do comércio das principais commodities agrícolas, por conta dos conflitos entre Rússia e Ucrânia, e o dólar mantendo sua valorização frente ao real, os preços dos principais produtos agrícolas se mantiveram elevados”, explica Winicius Wagner, supervisor da pesquisa.

Com o bom desempenho, principalmente da segunda safra, e novo recorde na série histórica, a cultura do milho foi a que mais contribuiu para o crescimento do valor de produção agrícola no ano, alcançando 109,4 milhões de toneladas, gerando R$ 137,7 bilhões, com alta de 18,6% ante 2021.

No ranking de valor de produção, a soja liderou. Apesar da queda de 10,5% na produção em 2022, com um volume de 120,7 milhões de toneladas, o valor de produção da oleaginosa cresceu 1,3% frente a 2021, chegando R$ 345,4 bilhões. A seguir vieram milho, cana-de-açúcar, café e algodão.

“Além do recorde de produção de grãos, a manutenção do elevado patamar de preços das principais commodities agrícolas no mercado internacional contribuíram para uma alta de 6,6% no valor da produção do grupo dos cereais, leguminosas e oleaginosas, com um recorde de R$ 568,2 bilhões”, acrescenta Winícius. Com participação de 30,2% na produção nacional de grãos, Mato Grosso novamente foi o maior produtor, seguido por Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul.

 

Mato Grosso mantém liderança, com 21,1% do valor de produção agrícola

Maior produtor de soja, milho e algodão, o Mato Grosso foi a unidade da federação com maior valor de produção agrícola. Em 2022, a produção do estado gerou R$ 174,8 bilhões, um acréscimo de 15,2%. Mato Grosso aumentou sua participação nacional para 21,1%, e agora está à frente de São Paulo. Mais de 1/5 do valor de produção agrícola nacional se concentra no estado.

São Paulo apresentou alta de 24,6% no valor de produção da cana-de-açúcar e 16,4% no valor de produção da laranja, produtos dos quais é líder nacional na produção. No geral, o crescimento foi de 22,5%, resultando num valor de produção de R$ 103,0 bilhões. A participação do estado, que em 2021 havia sido de 11,3%, ficou em 12,4% em 2022. Já Minas Gerais, maior produtor de café, ocupou a terceira posição ao totalizar R$ 87,3 bilhões, um aumento de 28,1%.

Entre os municípios, Sorriso (MT) liderou pela quarta vez consecutiva, alcançando R$ 11,5 bilhões em valor da produção e respondendo por 1,4% do total nacional. Sorriso também teve o maior valor de produção em soja (R$ 5,8 bilhões) e milho (R$ 4,2 bilhões). O município mato-grossense também foi o quinto maior produtor de algodão herbáceo (em caroço), obtendo R$ 1,3 bilhão, e o quarto maior produtor de feijão, com 46.350 toneladas que geraram R$ 152,5 milhões.

A segunda posição ficou com Campo Novo do Parecis (MT), totalizando R$ 8,2 bilhões, alta de 7,9% em relação a 2021. A produção de soja, algodão e milho somou R$ 7,8 bilhões. No ano, Campo Novo do Parecis gerou R$ 2,2 bilhões com a produção de algodão, ocupando a terceira posição no ranking de valor da produção com o produto no país.

Sapezal (MT), terceiro colocado, apresentou valor de produção de R$ 8,0 bilhões, retração de 11,5% na comparação com o ano anterior. O município destacou-se na produção de algodão herbáceo, tendo o maior valor gerado com o produto, aproximadamente R$ 3,6 bilhões. Além disso, ficou na sexta posição nacional em valor da produção de soja, com R$ 3,4 bilhões.

 

Forte estiagem no Sul afeta produção de soja

Em 2022, a estiagem no Rio Grande do Sul, Paraná e em Mato Grosso do Sul, reduziu o rendimento médio da soja em 14,3% ante a safra anterior. Mesmo aumentando a área cultivada, a produção nacional caiu 10,5% ante 2021, chegando a 120,7 milhões de toneladas. Já o valor da produção cresceu 1,3%, totalizando R$ 345,4 bilhões. Assim, a soja permaneceu líder entre os cereais, leguminosas e oleaginosas, compondo 60,8% do valor da produção desse grupo.

De acordo com o supervisor da pesquisa, “os preços atrativos do grão nas últimas safras mais uma vez estimularam os produtores a ampliarem as áreas de cultivo. Em consequência disso houve aumento de 5,1% da área plantada no ano, acréscimo de quase dois milhões de hectares”.

Com 38,0 milhões de toneladas e alta de 7,6% no ano, Mato Grosso é o maior produtor. Goiás vem a seguir, com 15,2 milhões de toneladas e alta de 11,4%. Entre os municípios, os maiores produtores foram Sorriso (MT), com 2,1 milhões de toneladas, Rio Verde (GO), com 1,64 milhões de toneladas, e Formosa do Rio Preto (BA), com 1,58 milhões de toneladas.

A exportação de soja caiu 8,6%, totalizando 78,7 milhões de toneladas. Ainda assim, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), o produto foi o líder das exportações em 2022, mantendo uma participação de 13,9% do total das exportações do Brasil nesse ano.

Segunda safra garante produção recorde de milho

Impulsionada pelo bom desempenho da segunda safra, a produção nacional de milho mostrou recuperação em 2022. Foram produzidas 109,4 milhões de toneladas, representando um crescimento de 24,0% (mais 21,1 milhões de toneladas). Trata-se de uma forte reação após o prejuízo da safra anterior com a estiagem que assolou o Centro-Sul do Brasil nos meses do outono e inverno, impactando a produtividade da 2ª safra nacional.

Os atrativos preços durante o final de 2020 e o primeiro semestre de 2021 fizeram com que os produtores ampliassem as áreas de cultivo, que alcançaram novo recorde de 21,3 milhões de hectares, acréscimo de 8,9%. O milho, que respondeu por 41,5% da produção total de cereais, leguminosas e oleaginosas no país, e seu valor gerado cresceu 18,6%, chegando a R$ 137,7 bilhões.

A área plantada na primeira safra cresceu 3,8%, ficando próxima dos 5,2 milhões de hectares.

A segunda safra de milho, por sua vez, teve expansão de 10,6% na área plantada e incremento de 18,9% no rendimento médio. Isso representa recuperação frente ao resultado de 2021. O volume produzido foi de 84,4 milhões de toneladas, aumento de 34,4%. Com isso, a segunda safra foi recorde, aumentando a participação do milho para 77,2% do total produzido no Brasil.

De acordo com a SECEX, o ano de 2022 registrou recorde na exportação nacional de milho. Houve aumento de 111,4% no volume de milho exportado, atingindo um total de 43,2 milhões de toneladas. O Irã foi o principal destino do milho brasileiro, recebendo 16,5% do total embarcado.

Com alta de 19,6% e quase toda produzida na segunda safra, Mato Grosso se manteve em primeiro lugar no ranking de produção de milho ao obter 38,3 milhões de toneladas. Os preços do grão, que começaram o primeiro trimestre em alta, caíram ao longo do ano e influenciaram diretamente no valor de produção mato-grossense, que cresceu 9,4% e alcançou R$ 42,1 bilhões. O Paraná, segundo colocado na lista, teve forte recuperação quando comparado a 2021, com expansão de 47,8% no volume produzido que gerou R$ 20,4 bilhões em valor de produção, alta de 35,7%.

Os três municípios com a maior produção do país são de Mato Grosso: Sorriso (3,8 milhões de toneladas), Nova Ubiratã (2,14 milhões de toneladas) e Nova Mutum (1,95 milhões de toneladas).

Apesar de redução das áreas cultivadas, cana-de-açúcar recupera produtividade

Terceiro produto com maior geração de valor em 2022, a cana-de-açúcar teve diminuição de 1,0% na área cultivada, aproximadamente 100 mil hectares. Mesmo assim, registrou crescimento de 1,2% na produção, totalizando 724,4 milhões de toneladas. O valor da produção ficou em R$ 93,5 bilhões, um acréscimo de 24,2% na comparação com o ano anterior.

A menor oferta global de açúcar, a valorização do dólar frente ao real e a expressiva alta no preço do petróleo explicam, em parte, a subida de preço da cana-de-açúcar. “A redução da área dos canaviais, em detrimento do cultivo de grãos, é um processo que ocorre há alguns anos, pois estes têm proporcionado melhor rentabilidade aos produtores”, observa Winicius. Os municípios com as maiores produções são Uberaba (MG), com 9,7 milhões de toneladas, Barretos (SP) com 6,64 milhões de toneladas, e Quirinópolis (GO), com 6,59 milhões de toneladas.

Com o moderado crescimento da produção de cana-de-açúcar e o arrefecimento econômico global, as exportações de açúcar se mantivessem no patamar de 2021, segundo a SECEX. Já as exportações do etanol cresceram 26,7%, devido à maior demanda internacional.

 

Por: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE)


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