20ª SNCT: Novas espécies de plantas e insetos são descobertas na Mata Atlântica
Muitas das novas espécies já nascem ameaçadas de extinção, alerta o INMA. Menos de 10% da cobertura original da Mata Atlântica está conservada
Pesquisadores do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), unidade de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), descobriram 13 novas espécies de plantas e insetos entre 2022 e 2023. Após a descoberta, as espécies foram formalmente descritas para a comunidade científica e passaram a ser protegidas da extinção.
“Com um nome científico, essas espécies, que geralmente já nascem ameaçadas de extinção, podem ser efetivamente protegidas, assim como o ambiente onde ocorrem, através de políticas de gestão ambiental”, explicou o botânico e pesquisador do INMA, Joelcio Freitas.
Para o pesquisador João Paulo Fernandes Zorzanelli, as descobertas podem indicar a ampliação do esforço amostral para regiões consideradas lacunas, mas também podem acender um alerta sobre a perda de habitat que pressiona as populações dessas espécies. Zorzanelli faz parte do grupo de pesquisa que estuda a nova espécie de planta Callianthe capixabae.
Também conhecida como “ lanterninha-capixaba”, a espécie ocorre em dois locais com realidades distintas. “No Parque Estadual do Forno Grande, uma unidade de conservação, que teoricamente possui vegetação com proteção especial, e na Serra do Valentim, onde as vegetações pertencem a proprietários particulares. Além disso, a Serra do Valentim concentra incêndios recorrentes e extração ilegal de palmito-juçara”, disse o pesquisador.
Já a Vitex pomerana , uma espécie de tarumã que está restrita a áreas não protegidas nos municípios de São Roque do Canaã e Santa Leopoldina, no Espírito Santo, é um arbusto de 1 a 3 metros de altura, e se diferencia das outras até então conhecidas pela folha. “Essa espécie apresenta apenas um folíolo, diferente das demais espécies para a Mata Atlântica que apresentam três ou mais folíolos”, disse o pesquisador Joelcio Freitas.
Preservação
Durante a 20ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, o INMA fará um alerta sobre as espécies em extinção de um dos biomas mais diversos do planeta e que abriga a maioria das espécies ameaçadas de extinção no Brasil. Amplamente devastada, menos de 10% da cobertura original da Mata Atlântica está conservada.
De acordo com o pesquisador João Paulo Zorzanelli, para evitar que espécies entrem em extinção ou façam parte das listas vermelhas é preciso primeiro entender alguns fatores que contribuem para isso: perda ou redução de habitat (promovido por desmatamento, incêndios e extração criminosa), invasão biológica (por espécies exóticas, que colonizam e se estabelecem ali, contribuindo para a redução da população de espécies nativas) e mudanças climáticas.
“É uma questão muito complexa, pois envolve uma série de medidas que precisam ser muito bem estudadas, delimitadas, coordenadas e implementadas, agindo no combate ao desmatamento e aos incêndios, na restauração de áreas e na definição, regramento e manejo das espécies de plantas nativas com potencial econômico”, enfatizou. “São vários atores que precisam atuar em sincronia e com determinação. Desde pesquisadores, atores comunitários, escolas, sobretudo o Poder Público e a iniciativa privada. É uma ação conjunta”, concluiu o pesquisador.
O botânico Joelcio Freitas ressaltou a importância do trabalho da taxonomia, estudo que descreve e nomeia as espécies, uma vez que elas precisam estar formalmente descritas para serem protegidas. “As políticas de gestão ambiental precisam ser efetivas para a preservação, com a criação de novas unidades de conservação, uma vez que muitas dessas novas espécies são ameaçadas de extinção em áreas não protegidas e podem desaparecer por ações antrópicas”.
Por: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI)
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