Povos indígenas

Brasil tem primeiro indígena a ocupar cadeira na Academia Brasileira de Letras

Krenak vai ocupar a cadeira de número cinco, que pertenceu a José Murilo de Carvalho

06/10/2023 11:45
Brasil tem primeiro indígena a ocupar cadeira na Academia Brasileira de Letras
Foto: Divulgação/Funai

 

Pela primeira vez, um representante dos povos indígenas assume uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL). Com 23 votos, Ailton Krenak foi eleito nesta quinta-feira (05/10), para ocupar a cadeira de número 5 da instituição. A posição já foi de José Murilo de Carvalho, que faleceu em agosto deste ano.

O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) e a Fundação Nacional dos Povos indígenas (Funai) parabenizaram Krenak com publicações nas redes sociais. A presidenta da Funai, Joenia Wapichana, ressaltou a importância do líder na defesa dos direitos indígenas na Constituição Federal de 1988. “Parente que fez da pintura ao rosto a mensagem de resistência dos Povos Indígenas no Brasil. Merecida conquista”, publicou.

A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovações, Luciana Santas, também homenageou os atributos do líder indígena. “Notícia maravilhosa a eleição de Ailton Krenak para a Academia Brasileira de Letras! Filósofo, poeta, ambientalista, professor e escritor, é o 1º indígena a ocupar uma cadeira na ABL. Que a diversidade formadora do nosso país esteja cada vez mais representada em todos os espaços”, postou em rede social.

Novo integrante da ABL

Ailton Alves Lacerda Krenak é um pensador, ambientalista, filósofo, poeta e escritor brasileiro da etnia indígena crenaque. É também professor Honoris Causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e pela Universidade de Brasília (UnB).

Nascido em 1953 no município de Itabirinha, Minas Gerais, na região do Médio Rio Doce, aos 17 anos de idade Ailton mudou-se com sua família para o Paraná, onde se alfabetizou e se tornou produtor gráfico e jornalista.

Na década de 1980, passou a dedicar-se exclusivamente ao movimento indígena. Em 1985, fundou a organização não governamental Núcleo de Cultura Indígena, que visa promover a cultura indígena. À época da Assembleia Nacional Constituinte, uma emenda popular assegurou a participação do grupo no processo de elaboração da nova Carta Magna, momento em que Ailton assumiu ativo papel na defesa dos direitos de seu povo.

Em 1988, participou da fundação da União dos Povos Indígenas, organização que visa representar os interesses indígenas no cenário nacional. No ano seguinte, participou da Aliança dos Povos da Floresta, movimento que visava o estabelecimento de reservas naturais na Amazônia – onde fosse possível a subsistência econômica através da extração do látex da seringueira, bem como da coleta de outros produtos da floresta. Aí, retornou a Minas Gerais, onde passou a dedicar-se ao Núcleo de Cultura Indígena.

Ailton Krenak tem vários livros publicados. Sua obra está traduzida para mais de treze países. Atualmente vive na Reserva Indígena Krenak, no município de Resplendor, em Minas Gerais.

Por: Agência Gov


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