Cúpula Mundial da Saúde discute mudanças climáticas, pandemias e acesso à saúde
Com o tema Um ano definidor para a ação em saúde global, a Cúpula reuniu autoridades, lideranças globais e representantes da iniciativa privada e da sociedade civil.
A cooperação internacional no enfrentamento aos efeitos das mudanças climáticas, a preparação para pandemias, a erradicação de doenças e o acesso universal à assistência médica foram alguns dos temas abordados na Cúpula Mundial da Saúde 2023.
O evento reuniu cerca de 3,5 mil representantes da área, de todo o mundo, em Berlim, entre os dias 15 e 17 de outubro, e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) teve participação ativa. Em painéis, workshops e reuniões bilaterais, a Fundação compartilhou não só a experiência de ações bem-sucedidas no Brasil, como as dificuldades encontradas e propostas para resolvê-las.
Com o tema Um ano definidor para a ação em saúde global, a Cúpula reuniu autoridades, lideranças globais e representantes da iniciativa privada e da sociedade civil.
Na abertura da Cúpula, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, comentou os aprendizados com a Covid-19 e ressaltou que as negociações para um acordo global sobre pandemias devem andar mais rapidamente, para que o texto fique pronto até a Assembleia-Geral de 2024: “Somos mais fortes juntos, e por isso o multilateralismo é tão importante”, disse.
Reduzir a dependência da região
Nesse contexto, o presidente da Fiocruz, Mario Moreira, participou também, no domingo (15/10), do encontro em que a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) apresentou a sua Iniciativa de Eliminação, que tem como objetivo erradicar até 2030, nas Américas, mais de 30 enfermidades transmissíveis - como malária, câncer no colo do útero e doença de Chagas.
Segundo o diretor da Opas, Jarbas Barbosa, é preciso garantir que os países da região tenham acesso a ferramentas e inovações em saúde, além dos fundos rotativos da organização. “Garantir o acesso a uma ampla gama de vacinas, diagnósticos, medicamentos e tecnologias emergentes será um fator importante para deter as doenças transmissíveis”, explicou.
Na reunião, Moreira ressaltou a importância de conectar a Iniciativa de Eliminação da Opas à indústria local voltada para a produção de insumos de saúde, reduzindo, assim, a dependência da região. “A iniciativa poderia estar articulada com essa indústria para termos algum tipo de autonomia na produção”, observou. O presidente da Fiocruz também destacou o impacto positivo das ações conjuntas: “Trabalhando juntos podemos produzir muito mais resultados”.
Na mesma linha, o vice-diretor de Inovação do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), Sotiris Missailidis, participou do painel organizado pela Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias (Cepi), que discutiu a importância de parcerias e investimentos de forma a estabelecer uma resposta global sincronizada, rápida e equitativa a futuras ameaças virais. Missailidis destacou que, além da produção, é necessário expandir “as capacidades de pesquisa e desenvolvimento destes países. Do contrário, sempre dependeremos de uma transferência de tecnologia que pode ou não acontecer e dos preços praticados pelas grandes farmacêuticas. Então, a fabricação é importante, mas deve haver uma forte preocupação com o componente P&D”, disse.
Educação em Saúde Única e destaque ao Cidacs
No workshop Combatendo os desafios para a Saúde Única Sustentável, enfrentando juntos questões sanitárias, ambientais e sociais, organizado pela The Lancet One Health Commission e pelo One Sustainable Health Forum, a vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB) da Fiocruz, Maria de Lourdes Oliveira, foi muito aplaudida ao comentar que o desmatamento na Amazônia havia caído 48% de janeiro a agosto deste ano, com ações do novo governo. Maria de Lourdes destacou que a ciência recuperou seu protagonismo no País:
“Não podemos falar em desenvolvimento social, ambiental ou econômico sem ter a ciência como base. Isso requer uma abordagem multidisciplinar”. Ela contou que a Fiocruz lançou cursos de Saúde Única em nível de pós-graduação, além de ter um Programa de Pesquisa Translacional, “com todas as equipes trabalhando juntas para obter um diagnóstico real e formar propostas holísticas de solução. O atual cenário requer uma preparação robusta e uma resposta imediata”, acrescentou.
Por: Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
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