Impactos da mudança do clima serão mais severos no Brasil, diz coordenador do MCTI
Tema foi abordado em palestra no Rio de Janeiro; atividade faz parte do projeto Ciência Básica para o Desenvolvimento Sustentável
Os impactos mais severos da mudança do clima serão sentidos no Brasil, que tem dimensões continentais e parte considerável localizada em região tropical. Isso porque as áreas continentais aquecem mais que as oceânicas. A avaliação foi feita pelo coordenador-geral de Ciência do Clima do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Márcio Rojas. “Os impactos da mudança do clima que o Brasil vai sentir serão mais severos do que a média global”, afirmou nesta quarta-feira (25/10) durante palestra no Museu de Astronomia, no Rio de Janeiro. A atividade faz parte do projeto Ciência Básica para o Desenvolvimento Sustentável da unidade vinculada ao MCTI.
Segundo dados observacionais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) dos últimos 60 anos, algumas regiões no Brasil já apresentam temperaturas máximas até 3 oC graus superior. Uma análise publicada neste mês pela World Weather Attribution, com participação de cientistas brasileiros, apontou que a mudança do clima influenciou a onda de calor que ocorreu no Brasil no fim de agosto e início de setembro.
Rojas apresentou um panorama global, baseado no Relatório Síntese do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), lançado neste ano, e iniciativas produzidas pelo MCTI para prover informações técnico-científicas na área de clima para subsidiar a tomada de decisão.
Segundo o coordenador-geral, as mais recentes projeções do IPCC reforçam com maior grau de confiabilidade o que estava posto desde os primeiros relatórios sobre a relação entre a ação humana e o aquecimento global e as probabilidades de ocorrência de eventos extremos. De acordo com o órgão científico global, a tendência é de aumento na frequência e na intensidade de ondas de calor, precipitação em curtos períodos, entre outros extremos climáticos, conforme o cenário de aquecimento global. “Eventos que ocorriam um episódio por década, passam para três vezes por década. Em um cenário de aquecimento global de 4 oC, por exemplo, os extremos podem passar a ocorrer anualmente”, explicou.
Ele salientou que a mudança do clima é um fato presente, e do ponto de vista científico é um fenômeno decorrente da ação humana, ou seja, um efeito antropogênico. “Há relação linear entre a concentração de dióxido de carbono e o aquecimento global”, disse ao apresentar um dos gráficos de trajetória de emissões e aumento de temperatura.
Contudo, os efeitos não se restringem aos países mais emissores. A atmosfera é única e os efeitos do aumento da concentração de dióxido são vivenciados por todos. “As consequências serão sentidas por gerações que não necessariamente tiveram responsabilidade sobre as emissões”, analisou Rojas.
Impactos
O diretor do MAST e um dos coordenadores do projeto, Marcio Ferreira Rangel, ressaltou que o tema mudança do clima está completamente conectado às discussões desenvolvidas ao longo do ano que envolvem ciência básica e desenvolvimento sustentável sob diferentes perspectivas. “A mudança climática é um tema estratégico para toda a sociedade, brasileira e mundial”, afirmou.
De acordo com o diretor o museu está interessado em compreender o impacto das mudanças climáticas em determinadas comunidades e a relação desses impactos com relação à memória, identidade e práticas tradicionais.
Por: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI)
Edição: Yara Aquino
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