Kits humanitários enviados pelo Brasil chegam ao Egito para serem entregues em Gaza
Aeronave presidencial desembarcou 40 purificadores de água e dois kits de saúde no aeroporto de Al-Arish e retornou ao Cairo, onde aguarda para resgatar os brasileiros
Um pouso às 16h04 no horário local do Aeroporto Internacional de Al-Arish, no Egito, marcou uma nova fase da Operação Voltando em Paz. A missão foi montada pelo Governo Federal para repatriar brasileiros que estão na zona do conflito no Oriente Médio e, desta vez, o avião presidencial foi aproveitado para levar apoio humanitário aos moradores da Faixa de Gaza.
Estamos todos muito satisfeitos com a chegada da ajuda humanitária do Governo Federal ao Egito para posterior envio à Faixa de Gaza. A operação logística foi um sucesso”
Paulino Franco de Carvalho Neto, embaixador do Brasil no Egito
O VC-2 levou ao Egito, sob comando do major Thiago Junqueira, um kit de ajuda humanitária destinado à população em Gaza composto por equipamentos de filtragem de água e itens de saúde. São 40 purificadores de água com capacidade de tratar mais de 220 mil litros por dia. Com tecnologia e fabricação brasileiras, os equipamentos são capazes de remover 100% de vírus e bactérias da água. O acesso à água potável é uma das maiores dificuldades enfrentadas hoje pela população da Faixa de Gaza.
Além disso, foram desembarcados dois kits de saúde. Cada um atende até 3 mil pessoas ao longo de um mês. Eles são compostos por medicamentos e insumos, como anti-inflamatórios, analgésicos, antibióticos, além de luvas e seringas. Ao todo, são 48 itens em cada kit, com um total de 267 quilos de materiais.
O pedido de assistência humanitária foi recebido na quinta-feira passada, 12 de outubro, pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC) do Itamaraty, coordenadora do sistema de cooperação internacional brasileiro. Demandada pela ABC/MRE, a fabricante nacional de purificadores PWTech, que desenvolve sistemas para tratamento de águas contaminadas, fez a entrega em seis horas e sem custo algum.
“Estamos todos muito satisfeitos com a chegada da ajuda humanitária do Governo Federal ao Egito, para posterior envio à Faixa de Gaza. A operação logística foi um sucesso, graças ao empenho decidido e coordenado do Itamaraty e da Força Área Brasileira”, declarou o embaixador do Brasil no Egito, Paulino Franco de Carvalho Neto.
CRESCENTE VERMELHO – Após o desembarque do material cedido pelo Brasil, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Egito tramita a conferência da carga para realizar a liberação dos kits humanitários.
A partir daí, o Crescente Vermelho, movimento humanitário não vinculado a qualquer Estado e fundado em Genebra, na Suíça, em 1863, assume a responsabilidade de coordenar a logística de transporte, o cruzamento da fronteira e as entregas em Gaza.
Integrante da equipe de resposta emergencial do Crescente Vermelho no Egito, Ahmed Ali explicou que os kits do Brasil integram uma mobilização internacional para prestar socorro às famílias na Faixa de Gaza. “Só hoje recebemos 300 kits de saúde e cerca de 700 purificadores de água. Estamos aguardando a autorização da fronteira com Gaza em Rafah para fazê-los chegar às equipes palestinas do Crescente Vermelho”, detalhou Ahmed Ali.
SEM TORRE – O Brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno, comandante da Aeronáutica, ressaltou que a missão que levou a ajuda humanitária a Al-Arish permitiu à tripulação brasileira ambientar-se a um aeroporto cujas condições de pouso não são triviais.
“Além de levar todos os mantimentos, essa aeronave teve a oportunidade de fazer o reconhecimento dessa pista, que nunca havíamos operado antes, vendo suas condições de operação. Se para lá o governo do Egito determinar que façamos a extração dos brasileiros, já estaremos familiarizados”, ressaltou o brigadeiro.
Segundo informações da tripulação do VC-2, a pista estava desativada há até pouco tempo e foi reativada para oferecer uma via de acesso a Gaza para as ações humanitárias. O aeroporto não conta com torre de controle, mas outras aeronaves militares já haviam pousado antes do avião brasileiro, o que confirmava que a pista estava em boas condições de pouso.
CAIRO – A missão da tripulação do VC-2 em Al-Arish foi breve e durou pouco mais de uma hora. Após realizar o desembarque, a aeronave decolou às 17h07 (horário local) e chegou ao Cairo às 17h47. A tripulação ficará de prontidão na capital do Egito à espera da abertura da fronteira da Faixa de Gaza, para repatriar cidadãos brasileiros e seus familiares.
ESCASSEZ AGUDA – Segundo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), os hospitais em Gaza enfrentam escassez aguda de suprimentos médicos. Há interrupção do fornecimento de eletricidade e água à Faixa de Gaza e, segundo a entidade, os danos causados pelo conflito às infraestruturas de água e saneamento e a superlotação nos assentamentos humanos aumentam o risco de surtos de doenças.
Cerca de 95% da população de Gaza não tem água potável disponível. Devido à extração excessiva do aquífero costeiro e à infiltração pela água do mar e esgotos, a água da torneira é salgada, poluída e imprópria para beber.
De acordo com a OMS, uma pessoa precisa de no mínimo 100 litros por dia para beber, lavar, cozinhar e tomar banho — e, em situações emergenciais e de crises, precisa de um mínimo de 7,5 a 15 litros por dia. Em Gaza, o consumo médio é de cerca de 84 litros por pessoa. Desses, apenas 27 litros são considerados adequados para uso humano.
Por: Ministério da Saúde, com informações da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República
A reprodução é gratuita desde que citada a fonte