Sertão Vivo: Projeto de R$ 1,7 bilhão vai desenvolver agricultura familiar do Nordeste
Considerada estratégica, a política contribuirá para o enfrentamento à pobreza, às mudanças climáticas e apoiará a produção de alimentos saudáveis e sustentáveis
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, lançaram, nesta terça-feira (24/10), o Projeto Sertão Vivo, Semeando Resiliência Climática em Comunidades Rurais no Nordeste, com investimento de R$ 1,775 bilhão.
Política inédita, o Sertão Vivo deve beneficiar 1,8 milhão de pessoas, o equivalente a 439 mil famílias, e tem como objetivo apoiar projetos de todos os estados da região Nordeste, fortalecer a agricultura familiar, aumentar a produtividade e, ainda, tornar o semiárido nordestino referência para a agricultura sustentável.
Dos R$ 1,775 bilhão investidos no programa, R$ 1 bilhão provém do BNDES e R$ 475 milhões vêm do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), agência das Nações Unidas, e do Fundo Verde para o Clima, também ligado às Nações Unidas.
Durante a cerimônia, no Palácio do Planalto, o presidente do BNDES citou os efeitos das mudanças climáticas no semiárido e afirmou que o Sertão Vivo pode ser mais uma ação para desenvolver a agricultura local com sustentabilidade e justiça social. "Não é só um projeto social. É um projeto estratégico para o Brasil. Estamos beneficiando um milhão e 800 mil pessoas, que vão melhorar de vida, aprender, isso vai para dentro das escolas também. Vamos dar um salto de qualidade histórico", afirmou Mercadante.
Para que os objetivos sejam atingidos, as estratégias previstas no programa são: aumentar a resiliência das comunidades rurais do Semiárido do Nordeste brasileiro; adotar tecnologias de captação, armazenamento e reuso da água; diversificar a produção agrícola com aumento da produtividade e restauração de biomas e aumentar a capacidade de resistir a catástrofes provocadas por mudanças climáticas e reduzir a emissão de gases de efeito estufa.
"Estamos vendo [com o Sertão Vivo] como o planeta vai se defender do aquecimento global em áreas que podem viver o cenário que o Nordeste conhece, com tecnologia social, com a experiência do acúmulo de água, com as variedades que temos que produzir para atingir uma alimentação saudável", argumentou o presidente do BNDES,
Foram anunciados os valores repassados para os nove estados do Nordeste, determinados de acordo com quatro critérios - pobreza rural, vulnerabilidade climática, insegurança alimentar e disponibilidade hídrica. Inicialmente, quatro estados seriam contemplados, mas, com a ampliação dos investimentos próprios do BNDES no projeto, todos da região receberão o programa.
Bahia
R$ 299 milhões, com 75 mil famílias beneficiadas
Ceará
R$ 252 milhões, com 63 mil famílias beneficiadas
Rio Grande do Norte
R$ 150 milhões, com 38 mil famílias beneficiadas
Pernambuco
R$ 299 milhões, com 75 mil famílias beneficiadas
Alagoas
R$ 150 milhões, com 38 mil famílias beneficiadas
Maranhão
R$ 150 milhões, com 38 mil famílias beneficiadas
Paraíba
R$ 150 milhões, com 38 mil famílias beneficiadas
Sergipe
R$ 150 milhões, com 38 mil famílias beneficiadas
Projeto estratégico
Para Tereza Campello, diretora socioambiental do BNDES, trata-se de um projeto inovador por contemplar três prioridades do governo. "É estratégico por vários motivos. O primeiro deles é porque consegue unificar três principais desafios que estão colocados para o Brasil e para o mundo, que é o enfrentamento da pobreza, o enfrentamento às mudanças climáticas e, também, a produção de alimentos saudáveis e sustentáveis", afirmou.
A diretora ressaltou que 75% dos beneficiários são do Cadastro Único (CadÚnico) e que a região Nordeste é um dos territórios mais afetados pela crise climática.
Há expectativa de que o programa transforme o semiárido nordestino em referência para solução dos desafios impostos pelo aquecimento global. Dos 1,8 milhão de agricultores familiares da região, há também assentados da reforma agrária e comunidades tradicionais (povos indígenas, fundo de pasto, quilombolas).
Os agricultores familiares beneficiados deverão adotar princípios e práticas que proporcionem acesso à água, aumentem a produtividade e a segurança alimentar das famílias beneficiadas, ampliem a resiliência dos sistemas de produção agrícola, restaurem ecossistemas degradados e promovam a redução das emissões de gases do efeito estufa.
Por: Agência Gov
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