Acompanhamento de egressos da graduação é tema do Seres em Diálogo
Evento mensal da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior abordou o acompanhamento de egressos de graduação por meio de registros administrativos
O Ministério da Educação (MEC), mediante a Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres), promoveu, nesta quinta-feira, 16 de novembro, em sua sede, em Brasília (DF), a quinta edição do Ciclo de Seminários Seres em Diálogo.
O seminário contou com a presença do pesquisador Luiz Carlos Zalaf Caseiro, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que apresentou a palestra “Acompanhamento de egressos de graduação por meio de registros administrativos: Análise dos cursos STEM e licenciaturas”. O termo STEM é a abreviação em inglês de “Science, Technology, Engineering and Maths” e se refere aos cursos de ciência, tecnologia, engenharia e matemática.
Para análise dos egressos STEM, Luiz Caseiro cruzou dados do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) de 2011; do Censo da Educação Superior 2011-2018; da Plataforma Sucupira 2012-2018, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes); e da Receita Federal de 2018. Esse trabalho foi realizado em parceria com Aguinaldo Maciente — pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e economista da Organização Internacional do Trabalho (OIT) —, por meio de um acordo de cooperação técnica (ACT) celebrado entre o Inep e o Ipea.
A pesquisa procurou esclarecer se a conclusão da educação superior contribui para reduzir as desigualdades sociais. Os autores acompanharam a trajetória ocupacional dos egressos antes e depois da graduação; assim, puderam estimar os fatores individuais e institucionais que influenciam a remuneração desses egressos, utilizando para isso modelos multiníveis.
Um dos resultados apontou que a maior parte da desigualdade de remuneração entre “os egressos cujas famílias nunca haviam concluído a educação superior” e “aqueles cujos pais já têm nível superior” ocorre em virtude da alocação desproporcional dos primeiros em cursos de menor prestígio. Todavia, quando essas pessoas completam a graduação em cursos de qualidade similar, obtêm remuneração do emprego similar aos indivíduos cujos pais possuem educação superior completa. Assim, para Luiz Caseiro, “isso indica que investir em educação superior de qualidade e em programas que estimulem o acesso e a conclusão de indivíduos de origem social mais desfavorecida tem o potencial de contribuir para a mobilidade social”.
A pesquisa também identificou que os efeitos de gênero e raça foram apenas parcialmente mediados pela educação superior, o que corrobora com pesquisas anteriores que indicam um padrão de discriminação contra as mulheres e os negros no mercado de trabalho.
Licenciaturas – O estudo intitulado “Carência de professores com formação adequada na educação básica: risco de apagão?”, o qual trata das licenciaturas, foi realizado em parceria com Alvana Bof e Fabiano Mundim, ambos da Diretoria de Estudos Educacionais (Dired) do Inep. Esse estudo, que ainda será publicado pelo Inep, teve como foco as licenciaturas de formação específica, as quais formam professores habilitados para atuar nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio.
A pesquisa destacou que o percentual de docências com a formação adequada aumentou nos últimos anos, porém ele não se encontra nem perto de atingir a Meta 15 do PNE (“Garantir que todos os professores e as professoras da educação básica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam”) para nenhuma das etapas de ensino. O desafio, portanto, permanece, com especial atenção para as desigualdades regionais. “Apenas cerca de um terço dos licenciados atuam como professores. As evidências apontam na direção de que a carência de professores no País não se deve à falta de vagas nos cursos de licenciatura, mas sim à baixa atratividade da carreira do docente”, concluiu o pesquisador Luiz Caseiro.
Seres em Diálogo – Desde junho, o Seres em Diálogo ocorre mensalmente e é aberto à comunidade do MEC. O objetivo é discutir temas importantes para a educação superior no Brasil, contando com a contribuição de especialistas de universidades brasileiras e do próprio Ministério da Educação. O Ciclo de Seminários Seres em Diálogo visa aproximar formuladores de políticas públicas e as pesquisas mais recentes desenvolvidas no meio acadêmico e no âmbito dos institutos de pesquisa governamentais. Ao todo, serão sete encontros até dezembro, que abordarão temáticas afinadas com as atribuições da Seres e com a educação superior em geral.
Por: Ministério da Educação (MEC)
A reprodução é gratuita desde que citada a fonte