AGU, MMA e jovens ambientalistas fazem acordo em ação que discutia "pedalada climática" do governo anterior
Partes reconheceram que ação perdeu objeto após Brasil retomar compromisso internacional com redução de emissões de gases do efeito estufa mais ambiciosa
A Advocacia-Geral da União (AGU) e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima celebraram nesta terça-feira (21/11) acordo com um grupo de jovens ambientalistas que ingressou na Justiça em 2021 contra a revisão da meta de redução de emissões de gases do efeito estufa, feita pelo governo anterior, que permitia ao Brasil emitir cerca de 400 milhões de toneladas de gases a mais até 2030 – alteração que ficou conhecida como “pedalada climática”.
O acordo foi feito após a atual gestão do governo federal retomar a meta mais ambiciosa, assumida perante a comunidade internacional em 2015, no Acordo de Paris, de cortar as emissões de gases do efeito estufa em até 48% até 2025 e em 53% até 2030, na comparação com os níveis de emissão registrados em 2005. A correção da chamada Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês) foi feita por meio de resolução do Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima, composto por representantes de 18 ministérios, e já foi oficializada junto às Nações Unidas .
A cerimônia de assinatura do acordo foi realizada na sede da AGU, em Brasília, com a participação do advogado-geral da União, Jorge Messias, da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva e de autores da ação judicial.
Próximos passos
O acordo entre a União e o grupo de jovens ambientalistas (os ativistas Paulo Ricardo de Brito Santos, Thalita Silva e Silva, Walelasoetxeige Paiter Bandeira Suruí, Paloma Costa Oliveira, Marcelo dos Santos Rocha e Daniel Augusto Araújo Gonçalves Holanda) será agora submetido à homologação da Justiça Federal de São Paulo, onde tramita o processo movido pelos ativistas.
Além de reconhecer que o compromisso assumido pelo Brasil no Acordo de Paris foi retomado, a conciliação entre a União e os ativistas também prevê que a nova meta climática do país, que deverá ser comunicada em 2025 para a comunidade internacional, seja estabelecida de forma transparente e com ampla participação da sociedade civil.
Compromisso climático
O advogado-geral da União, Jorge Messias, destacou o comprometimento do governo federal com as metas climáticas. "Sob a liderança do presidente Lula, o Brasil reafirmou seu compromisso com o Acordo de Paris. Percebemos a urgência de manter o aquecimento abaixo de 2ºC e concentrar esforços para limitá-lo a 1,5ºC. Este compromisso não é apenas uma meta, é uma promessa para as futuras gerações, uma garantia de futuro sustentável", afirmou Messias.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ressaltou a importância de o Brasil dar o exemplo nas medidas contra o aquecimento global. "Nesse caso aqui trata-se de um final feliz, onde a gente tinha a subtração do compromisso do Brasil durante o governo anterior, e agora nós voltamos para o compromisso originário e já estamos comprometidos em fazer o nosso novo compromisso, aumentando cada vez mais a potência e a intensidade desse compromisso, porque o Brasil precisa liderar pelo exemplo", assinalou.
Para a procuradora Nacional de Defesa do Clima e do Meio Ambiente, Mariana Barbosa Cirne, a assinatura do acordo resgata o compromisso do Brasil com as metas climáticas. "Dizer da felicidade que nós temos de estar fechando esse ciclo, de dizer que nós voltamos, o Brasil voltou e as nossas metas voltaram, e a gente vai construir de maneira participativa, de uma maneira como a gente sabe fazer uma gestão pública sustentável para um futuro muito melhor", acrescentou a procuradora.
A ambientalista Talita Silva e Silva, uma das autoras da ação, ressaltou a importância do diálogo entre a sociedade civil e lideranças comprometidas com o combate às mudanças climáticas. "Nós, como juventude, carregamos esse peso de ser a última geração capaz de fazer alguma mudança, mas para a gente conseguir solucionar esses impactos ambientais a gente precisa de líderes comprometidos com o avanço no combate da crise climática e que estejam de portas abertas para fazer essa construção através de muitas mãos e principalmente dando protagonismo às populações mais vulneráveis", disse.
O ativista Marcelo Rocha, também autor da ação, destacou a participação da juventude na construção das políticas ambientais. "Essa ação é um começo de um processo desse desejo da juventude de estar perto. A gente quer a atualização da NDC, e a gente está muito feliz de a gente conseguir barrar essa pedalada, mas também a gente está muito feliz de saber que esse é um espaço aberto para a gente construir mais futuros", afirmou Rocha.
Por: Advocacia-Geral da União (AGU)
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