Esporte

Choque de 13 mil volts na infância mudou o destino de Samuel Oliveira, que estreia em Parapans

Atleta precisou amputar os dois braços e conheceu a natação durante a reabilitação. Hoje, faz parte dos 40% da delegação brasileira que vão disputar a maior competição esportiva das Américas pela primeira vez

17/11/2023 16:34
Choque de 13 mil volts na infância mudou o destino de Samuel Oliveira, que estreia em Parapans

 

A infância de Samuel da Silva de Oliveira foi abruptamente interrompida por uma escolha inocente - tentar recuperar uma pipa presa em uma árvore. O que deveria ser um momento de diversão transformou-se em um pesadelo quando uma barra de ferro encontrou a rede elétrica. Aos nove anos de idade, ele levou um choque de 13 mil volts, queimando seu coração, fígado e rins. Os órgãos internos se recuperaram, mas os braços precisaram ser amputados na altura do ombro, e a vida de Samuel mudou drasticamente de rota.

Com um destino entrelaçado ao de seu primo Tiago de Oliveira, também vítima do mesmo acidente com a amputação dos dois braços, Samuel encarou uma jornada de reabilitação que não apenas desafiou as limitações físicas, mas fortaleceu os laços familiares. "Éramos mais que primos, éramos amigos. Hoje, estamos no Parapan para garantir um pódio em família para o Brasil", projeta Samuel, anos 18 anos, atleta que recebe o apoio financeiro do Programa Bolsa Atleta e é estreante nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago.

A água se tornou o símbolo do renascimento para os primos. Com um ano de fisioterapia, a natação não era apenas um esporte, era uma paixão. "Conheci a natação durante a minha reabilitação. Com o tempo, não conseguia ficar longe da piscina," confessa Samuca, revelando como a água se tornou o símbolo de sua redenção.

Foi assim, a cada mergulho, que nasceu uma das grandes promessas da natação paralímpica brasileira, que estreará em Santiago, no Chile, nas piscinas dos Jogos Parapan-Americanos. Ele faz parte dos 40% de brasileiros que farão sua estreia na maior competição paralímpica do continente. O Brasil conta com 339 atletas em 17 modalidades, incluindo os 10 atletas-guia do atletismo, três calheiros da bocha e dois goleiros do futebol de cegos.

Lembro que nos primeiros dias do acidente, ao sair da UTI e ir para o quarto, já sabia que conseguiria fazer tudo sem os dois braços. Nunca perdi a alegria."

Samuel Oliveira, nadador

"Lembro que nos primeiros dias do acidente, ao sair da UTI e ir para o quarto, já sabia que conseguiria fazer tudo sem os dois braços. Nunca perdi a alegria. No quarto do hospital, comecei a correr para lá e para cá. Passei a jogar videogame com o pé, pintava com o pé. Assim, foi muito rápida a minha reabilitação", conta Samuel.

É essa maneira de encarar o mundo que leva o atleta adiante. Com os olhos fixos no futuro, Samuel se prepara para os Jogos Paralímpicos de Paris 2024, mas antes está determinado a deixar sua marca nos Jogos Parapan-Americanos. "É muito importante estar aqui no Parapan, pois sei que é um passo primordial para os Jogos Paralímpicos de Paris, em 2024. Nunca tinha participado de nenhum Parapan e está sendo uma experiência única", revela.

 

Gabriel com o primo Tiago: os dois foram vítimas do mesmo acidente e estão juntos na seleção brasileira de natação do Parapan. Foto: Ale Cabral/CPB

Estreantes no Parapan
Serão 17 modalidades que contarão com a presença de atletas brasileiros no Parapan de Santiago. A que tem a maior quantidade de novatos é o atletismo: dos 60 convocados para a modalidade, 25 farão sua estreia, o que representa 42% do total. Entre os estreantes, estão Marcelly Pedroso, da classe T37 (paralisados cerebrais), que teve seu talento descoberto nas aulas da Escola Paralímpica do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).

Já o badminton tem a maior representatividade de estreantes entre todas as equipes brasileiras que vão à capital chilena. Dos 32 atletas convocados, 22 vão competir de maneira inédita no Parapan, o que equivale a 68%. Entre eles, está Kauana Bekenkamp, que tem 14 anos de idade e é a caçula do Brasil em Santiago-2023.

Natação (12), ciclismo (11) e tênis de mesa (8) também estão entre as principais modalidades com maior quantidade de principiantes em Parapans. Na natação, destaque para Gabriel Bandera, que é campeão paralímpico e mundial na classe S14 (deficiência intelectual).

Bolsa Atleta
Do total da delegação Brasileira, 294 atletas são apoiados pelo Programa Bolsa Atleta do Ministério do Esporte (86,72% da delegação). O investimento do Governo Federal previsto para este ano nos atletas é de R$ 28,11 milhões.

Por: Ministério do Esporte

 

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