Meio ambiente

Desastres naturais são foco de encontro da Inteligência na Região Sul

Evento promovido pela ABIN reuniu representantes do Sistema Brasileiro de Inteligência para discutir a atuação do poder público frente a mudanças climáticas

21/11/2023 17:50
Desastres naturais são foco de encontro da Inteligência na Região Sul

 

Em meio aos atuais desafios causados pelos desastres naturais na Região Sul, a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) promoveu encontro do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) no auditório do Ministério Público Federal (MPF), em Porto Alegre/RS, nesta terça-feira – 21 de novembro. A Agência vem realizando, desde setembro, ciclos de encontro regionais no âmbito do Sisbin para discutir as mudanças climáticas.

Diretor-geral da ABIN realiza abertura do evento

Na Região Sul, o tema foi “Inteligência e Mudanças Climáticas: atuação do poder público frente aos desastres naturais”. Recentemente, os três estados da região - Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina – vem enfrentando ciclones, enchentes, estiagem, chuvas de granizo e incêndios florestais, provocando mortes e prejuízos econômicos. No evento, foram abordados temas como o papel da ABIN frente aos desastres naturais, contribuição de oscilações climáticas e adaptações da Defesa Civil às mudanças climáticas.

Participaram do encontro autoridades federais, estaduais e municipais; acadêmicos e empresários. Entre os presentes, o diretor- geral da ABIN, Luiz Fernando Corrêa, o secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Sandro Caron, e o procurador-chefe da Procuradoria da República da 4 a Região, Antônio Carlos Welter.

Na abertura do encontro, o diretor-geral da ABIN afirmou que meio ambiente e segurança são assuntos que caminham lado a lado. “Diante dos desafios complexos da modernidade, a Inteligência se apresenta cada vez mais para novos temas aproveitando seu caráter analítico, preditivo e preventivo”, afirmou.

 

Superintendente da ABIN no RS, secretário de Segurança do RS e diretor-geral da ABIN

Para o diretor-geral, nenhum órgão público tem condições de enfrentar isoladamente os desafios e cabe à ABIN atuar como facilitadora, incentivando a troca de experiências dos parceiros do Sistema. De acordo com Corrêa, os alertas para eventos críticos não são mais suficientes para a prevenção a tempo de mitigar efeitos mais danosos e, nesse sentido, a resposta estatal precisa acolher previsões com mais eficiência e respeito à ciência.

“O serviço público é uno. Não podemos prescindir do relacionamento com meio acadêmico e centros de pesquisas para trabalhar com dados sérios e confiáveis e criar um canal de diálogo com a sociedade”, completou.

 

Diretor de Inteligência Interna da ABIN explica o papel da Agência diante dos desastres naturais

Atuação da ABIN

Em painel da ABIN, foi apresentado o papel da Agência a fim de orientar políticas públicas e apoiar a tomada de decisão frente aos desastres naturais. A Inteligência tradicionalmente atua no campo ambiental, respaldada na preservação dos recursos estratégicos do Estado e, recentemente, a atuação foi complementada por uma perspectiva mais ampla, que abrange a segurança humana.

A Inteligência trabalha na produção de conhecimentos que tratam de ilícitos ambientais (extração ilegal de madeira, mineração ilegal e grilagem, por exemplo), conflitos (invasões em terras indígenas na Amazônia) e desastres naturais (produção cotidiana, pré-crise e situações de crises e emergências).

 

Defesa Civil de Curitiba realiza palestra sobre gestão de desastres

Oscilações climáticas

Para a professora doutora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Alice Grimm, as mudanças climáticas são intensificadas por ações antrópicas, gerando danos materiais e prejuízos. Dados apresentados pela titular da Universidade mostram que o Brasil ficou em terceiro lugar em número de mortes por desastres naturais reportados na América do Sul de 1970 a 2019, atrás apenas do Peru e da Venezuela.

“Não se poderia atribuir a seca a efeito de tendência da precipitação devida ao aumento de gases de efeito estufa e consequentemente aquecimento global, pois modelos apontam aumento de precipitação no Sul do Brasil. Contudo, isto exime a mudança antrópica de responsabilidade sobre eventos extremos deste tipo? Não!”, declarou.

 

Professora doutora da Universidade Federal do Paraná

 

Defesa Civil

O coordenador de proteção e Defesa Civil de Curitiba, inspetor Nelson de Lima Ribeiro,  comentou a responsabilidade dos gestores e o papel da Defesa Civil para que a população obtenha informações e tenha resiliência. Além da palestra, a Defesa Civil foi tema de mesa redonda com representantes de órgãos dos três estados da região, mediada pela superintendente da ABIN em Santa Catarina, Mariana Morosini Muller.

Encerrando o evento, a superintendente da ABIN no Rio Grande do Sul, Marina Molon, destacou que "todo o planeta está sendo afetado pela mudança do clima e por seus impactos. O Brasil, por ser um grande país e por sua importância na temática, precisa se preparar para enfrentar as demandas, cobranças e consequências. A Inteligência de Estado e a ABIN precisam se inserir nesse debate, atuando como elo entre o poder público, academia e sociedade como um todo".

 

Mesa de debates sobre mudanças climáticas


Por: Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) 

Link: https://www.gov.br/abin/pt-br/assuntos/noticias/desastres-naturais-sao-foco-de-encontro-da-inteligencia-na-regiao-sul
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