Esporte

Do Bolsa Família ao Parapan, Maria Clara alimenta o sonho das Paralimpíadas de 2024

Contemplada com o Bolsa Atleta, velocista potiguar conta a trajetória de emancipação econômica familiar com apoio dos programas sociais do Governo Federal

23/11/2023 16:43
Do Bolsa Família ao Parapan, Maria Clara alimenta o sonho das Paralimpíadas de 2024

 

Maria Clara cresceu no pequeno município de Elói de Souza, no interior do Rio Grande do Norte. Com má formação no braço esquerdo, a jovem descobriu o atletismo aos 11 anos, em meio a crianças sem deficiência, durante brincadeiras na cidade de quase seis mil habitantes. Na época, a casa da atleta potiguar contava com o benefício do Programa Bolsa Família.

Agora, aos 19 anos, ela integra a delegação brasileira em Santiago, onde participa pela segunda vez dos Jogos Parapan-Americanos. Na edição de 2019, em Lima, era a atleta mais jovem da delegação brasileira, quando passou a receber o auxílio financeiro do Programa Bolsa Atleta, o que permitiu complementar a renda da família de cinco pessoas.

Em pouco tempo, o esporte transformou a vida da jovem, dando uma nova perspectiva pessoal, profissional e econômica. A família se mudou para Natal e conquistou melhores condições de vida.

"Depois que nos mudamos para a capital, deixamos de receber o Bolsa Família, porque todos passaram a trabalhar. Está todo mundo bem, agora. Mas quando recebíamos, naquele período, foi bastante importante, principalmente na transição de sair do interior para a capital", recordou Maria Clara da Silva.

No período em que a família morava no interior, a mãe da jovem vendia salgados e doces. Segundo a atleta, eram horas de trabalho a fio e noites sem dormir. "Em 2019, o valor do Bolsa Família ajudou a minha família a se mudar para Natal. Foi um ano importante, porque foi o período em que o pessoal de casa conseguiu arrumar emprego e as coisas começaram a melhorar. Depois, o Bolsa Atleta passou a ajudar na minha vida também", completou.

"O Bolsa Atleta tem me ajudado muito, porque a maioria das competições é em São Paulo. Então, eu tenho que me deslocar do Rio Grande do Norte para São Paulo. E isso acaba me ajudando a custear as passagens aéreas também", disse.

Foto: CPB

Abrindo caminhos

No início do atletismo, Maria Clara competia com atletas convencionais. A história no esporte paralímpico começou em 2016, graças ao treinador Felipe Veloso, que apresentou um universo desconhecido a ela.

"Participei do meu primeiro campeonato Escolar Paralímpico em 2016. Disputei três provas e conquistei três medalhas de ouro. Voltei em 2017 e conquistei mais três ouros. A história se repetiu em 2018", enumerou.

No entanto, Maria Clara ainda passa por grandes desafios na carreira, a ponto de pensar em desistir do atletismo no início deste ano, quando teve que lidar com comparações e questões emocionais.

Foi quando a família, que tanto ajudou a ingressar no esporte, entrou em cena novamente e foi primordial para ela permanecer sonhando com pódios internacionais. Maria Clara não desistiu, voltou a treinar e, neste ano, conquistou a medalha de bronze no Campeonato Mundial de atletismo.

"Eles ficam muito orgulhosos, inclusive o meu avô é o meu maior fã. Se você for ver meu WhatsApp, tem milhões de áudios dele acima de cinco minutos. Ele não tem limite, não", brincou. "Eu fico muito feliz de eles estarem me apoiando", completou.

Mesmo morando em Natal, a atleta faz questão de manter um vínculo próximo com a parte da família que segue no interior do estado. Essa proximidade, segundo ela, é fundamental para seu equilíbrio emocional e desempenho esportivo.

Em sua primeira prova neste Parapan de Santiago, Maria Clara surpreendeu ao conquistar o quarto lugar em um desafio não planejado. "Não era uma prova que eu treinei, mas fiquei em quarto. Para quem não treinou, está ótimo", revelou a atleta.

Na prova dos 200m T47, Maria Clara terminou em quarto lugar (26s06). A prova foi vencida pela venezuelana Marina Lisbeli, com o tempo de 24s88. A brasileira Fernanda Yara conquistou a prata, ao cruzar a linha de chegada com 25s48, e a canadense Elaine Sheriauna levou o bronze com 25s65.

Maria Clara ainda vai encarar as provas dos 100 e 400 metros da classe T47, para atletas com deficiência nos membros superiores. Mesmo estando em Santiago, a brasileira já traça sua próxima meta: "Competir nas Paralimpíadas de Paris 2024. Correr bem, ganhar uma medalha e inspirar outros atletas”.

Por: Ministério do Esporte

 

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