Igualdade racial

União diz ser preciso reconhecer violação sistemática de direitos da população negra e propõe plano para enfrentar racismo

Memorial distribuído aos ministros do STF no âmbito de ação que discute racismo estrutural também apresenta amplo conjunto de medidas adotadas pela atual gestão do governo federal para modificar esta realidade e promover a igualdade racial

21/11/2023 19:36
União diz ser preciso reconhecer violação sistemática de direitos da população negra e propõe plano para enfrentar racismo
Foto: Divulgação/AGU

 

A Advocacia-Geral da União (AGU) distribuiu para os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (21/11), na semana em que é celebrado o Dia da Consciência Negra, uma nova manifestação na qual a União diz ser preciso reconhecer a violação sistemática de direitos da população negra brasileira e propõe a elaboração de um Plano Nacional de Enfrentamento ao Racismo Institucional.

O memorial com a proposta foi apresentado no âmbito de ação (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 973) movida por um conjunto de partidos políticos para pedir que o STF reconheça o estado de coisas inconstitucional no Brasil em razão do racismo estrutural que resulta na violação sistemática de direitos da população negra do país à vida, à saúde, à segurança e à alimentação digna, bem como obrigue o Estado brasileiro a adotar um conjunto de medidas para enfrentar o problema – inclusive a elaboração do referido plano que a União propõe fazer, em prazo razoável, caso o STF entenda pertinente.

A proposta de elaboração do plano representa uma mudança do posicionamento da AGU no processo – que é de relatoria do ministro Luiz Fux e está pautado para começar a ser discutido nesta quarta-feira (22/11) –, uma vez que na manifestação anterior, apresentada em junho de 2022, durante o governo anterior, a União pediu apenas a improcedência da ação.

No memorial em que assume o compromisso de elaborar o plano pleiteado pelos autores caso o STF entenda pertinente, a AGU também assinala “ser preciso reconhecer a violação contínua e sistemática de direitos fundamentais da população negra ao longo de toda a história do Brasil e pondera que “o enfrentamento a esse complexo quadro social demanda a atuação conjunta, harmônica e com a preservação das respectivas atribuições, dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, a envolver a União, os Estados e os Municípios em um esforço conjunto, permanente e coordenado”.

Compromisso político-governamental

A AGU apresenta no documento um amplo conjunto de medidas que têm sido adotadas pelo atual governo federal para enfrentar o racismo estrutural, razão pela qual a União sustenta que, “no âmbito federal, o cenário existente quando do ajuizamento da ação, em maio de 2022, já não subsiste, pois o compromisso político-governamental com os direitos da população negra, de base constitucional, não tem se limitado à retórica, mas tem sido objeto de ações efetivas”.

Entre as medidas destacadas, estão: aprimoramento das normas de acesso e permanência de estudantes negros nas instituições federais de ensino (Lei nº 14.723/23); criação de um ministério voltado à promoção da igualdade racial, sob a liderança de uma ministra de Estado negra, Anielle Franco; o estabelecimento de um percentual mínimo de 30% de vagas em cargos em comissão e funções de confiança no âmbito da administração pública federal para pessoas negras (Decreto nº 11.443/23); lançamento do programa Esporte Sem Racismo; lançamento do Programa Esperança Garcia, que concede bolsas de estudo e cursos preparatórios para candidatos negros aos concursos da advocacia pública; lançamento do Programa Aquilomba Brasil e criação da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental Quilombola, com políticas para garantir direitos e desenvolver comunidades quilombolas; regulamentação do Fundo Nacional de Segurança Pública para que 80% dos recursos sejam destinados a iniciativas que objetivem a redução de mortes violentas, que vitimam mais a população negra; formação e capacitação de forças de seguranças sobre temas relacionados à desigualdade racial e direitos humanos; revisão das diretrizes relativas ao uso da força por policiais; celebração de acordo entre a Polícia Rodoviária Federal e a organizações da sociedade civil que prevê a adoção de medidas de combate ao racismo na instituição; criação, no âmbito do Ministério da Saúde, da Coordenação de Atenção à População Negra.

“Conclui-se, portanto, que o Governo Federal vem atuando de forma sistemática com o intuito de aprimorar e executar diversas ações e políticas públicas voltadas para a superação das desigualdades raciais nas mais diversas esferas de atuação”, pondera a AGU em trecho do memorial. “O racismo é elemento estrutural que perpetua desigualdades para a população negra, impactando seu acesso a direitos fundamentais. É necessário enfrentar o racismo como uma estrutura social, reconhecendo-o e aplicando medidas efetivas para superar as vulnerabilidades que dele decorrem”, completa a Advocacia-Geral da União.

Por: Advocacia-Geral da União (AGU) 

 

Link: https://www.gov.br/agu/pt-br/comunicacao/noticias/em-nova-manifestacao-uniao-diz-ser-preciso-reconhecer-violacao-sistematica-de-direitos-da-populacao-negra-e-propoe-plano-para-enfrentar-racismo
A reprodução é gratuita desde que citada a fonte