Sisteminha Comunidades: quilombo São Martins, no Piauí, recebe visita técnica
O objetivo foi compreender a experiência da comunidade com o projeto e planejar futuras ações para ampliar a experiência em localidades com desafios semelhantes
Uma visita técnica à comunidade quilombola de São Martins, em Paulistana (PI), referência na versão do Sisteminha Comunidades pela execução coletiva – e não somente familiar – da produção escalonada de alimentos, combatendo a insegurança alimentar e a fome na região, foi realizada na última quinta-feira (23/11).
O objetivo da visita foi avaliar o impacto e eficácia do "Sisteminha Comunidades", compreender a experiência da comunidade com o projeto e planejar futuras ações para ampliação da experiência em localidades com desafios semelhantes aos enfrentando no município do Piauí, além de fortalecer o relacionamento entre a equipe técnica, a comunidade e os parceiros envolvidos no projeto.
“A Comunidade Quilombola São Martins sempre enfrentou desafios relacionados à baixa pluviosidade e acesso à água. O projeto "Sisteminha Comunidades" foi introduzido para abordar essa e outras questões e trouxe mudanças muito significativas, tanto em termos de infraestrutura quanto no bem-estar e qualidade de vida dos das pessoas, como garantia de acesso a alimentos essenciais, preservação de suas tradições e promoção da sustentabilidade social, econômica e ambiental”, explica o pesquisador.
Entre os participantes, o criador da tecnologia, o pesquisador da Embrapa Cocais Luiz Carlos Guilherme e equipe técnica do projeto, gestores do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), líderes comunitários e beneficiários do projeto – em especial as mulheres - e responsáveis pelo "Sisteminha Comunidades". Do MDA estiveram presentes o secretário de Territórios e Sistemas Produtivos Quilombolas e Povos e Comunidades Tradicionais, Edmilton Cerqueira, e o agrônomo Carlos Ansarah.
Como funciona o Sisteminha
A tecnologia social é apropriada para produzir alimentos em pequenos espaços, em áreas urbanas e rurais, para atender às necessidades nutricionais de uma família de quatro a cinco pessoas, de acordo com as recomendações nutricionais da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em um quintal de tamanho entre 100 e 1,5 mil metros quadrados, o Sisteminha expressa toda sua versatilidade, sendo possível a produção de peixes, ovos e carne de galinhas e codornas, suínos, porquinhos-da-índia, grãos, legumes, frutas, hortaliças, húmus de minhoca e composto orgânico, entre outros. Além de garantir a alimentação básica às famílias, possibilita também a geração de renda, pela comercialização do excedente da produção.
Toda a implantação do projeto é voltada para a redução de custos e seguindo modelo agrícola sustentável. “É uma metodologia simples, de fácil construção, que não interfere culturalmente nas famílias e consegue retirar as pessoas da situação de pobreza e miséria, gerando segurança e soberania alimentar em menos de sete meses. E, o principal, ensina as famílias a conquistarem sua independência alimentar e nutricional, melhorando sua autoestima e capacidade de resolver problemas relacionados à execução das atividades”, explica o criador do Sisteminha, o zootecnista Luiz Carlos Guilherme, pesquisador da Embrapa.
O modelo do Sisteminha Comunidades favorece a execução coletiva nas comunidades e a produção escalonada de alimentos. Com isso, o empreendedorismo vai além da estabilização da segurança alimentar e nutricional da família. O excedente da produção dos alimentos pode ser compartilhado, trocado e/ou vendido entre a comunidade das famílias e comercializado no mercado local para compra coletiva dos insumos e demais necessidades do negócio. “O papel dos multiplicadores populares, que são pessoas da comunidadecapacitadas para implantação e manejo do Sisteminha, é essencial para o sucesso do empreendimento coletivo. São eles que levam o conhecimento técnico-científico para o entorno das comunidades, assim sucessivamente, movimento que pode ser potencializado nas regiões com o apoio institucional”, destaca o pesquisador. Ele afirma que a versão escalada da tecnologia é o Sisteminha melhorado e foca no desenvolvimento socioeconômico da região com sustentabilidade.
Por: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
Edição: Yara Aquino
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