Febre amarela: Fiocruz e Anlis assinam acordo para produção de vacina na Argentina
A assinatura ocorreu após a reunião dos ministros da Saúde do Mercosul, no Itamaraty, em Brasília, e contou com a presença da ministras da Saúde do Brasil, Nísia Trindade
Nesta sexta-feira (17/11), a Fiocruz, por meio do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) assinou um Termo de Compromisso com a Administração Nacional de Laboratórios e Institutos de Saúde Dr. Carlos Malbrán (Anlis), com o objetivo de capacitar a instituição argentina a produzir e fornecer a vacina de febre amarela em seu país. A assinatura ocorreu após a reunião dos ministros da Saúde do Mercosul, no Itamaraty, em Brasília, e contou com a presença das ministras da Saúde do Brasil, Nísia Trindade Lima; e da Argentina, Carla Vizzotti; do diretor de Bio-Manguinhos, Maurício Zuma; e do diretor da Anlis, Pascual Fidelio.
Atualmente, Bio-Manguinhos/Fiocruz é um dos quatro produtores mundiais da vacina febre amarela pré-qualificados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Por isso, além de atender à demanda nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), a Fiocruz tem um importante papel no fornecimento dessas vacinas para países da América Latina, Caribe e África, por meio das agências das Nações Unidas.
“Hoje é um dia histórico. É a primeira vez assinamos acordo para transferência de tecnologia da Fiocruz para um parceiro. É a Fiocruz transferindo conhecimento e tecnologia para a produção da vacina de febre amarela para um país irmão e uma instituição centenária como a nossa. Trata-se de uma cooperação Sul-Sul absolutamente estruturante. E acredito que podemos ir além no futuro. Mais do que transferir tecnologias, a Fiocruz busca fomentar o desenvolvimento de uma rede de produção regional de vacinas na América Latina em parcerias com os institutos da região”, destaca o presidente da Fiocruz, Mario Moreira.
Desde 2002, Bio-Manguinhos/Fiocruz já exportou para a Argentina, por meio das agências das Nações Unidas, mais de 7 milhões de doses da vacina de febre amarela. A febre amarela é uma doença endêmica na Argentina e a vacinação em áreas de risco foi introduzida no calendário de rotina do país em 2002, ano em que Bio-Manguinhos deu início ao fornecimento ao país.
“É com alegria que temos colaborado com o programa de imunizações argentino ao longo destes anos por meio do fornecimento da vacina febre amarela. Hoje, temos orgulho de poder fazer ainda mais, contribuindo desta vez para que esse país vizinho possa começar sua jornada rumo a sua autonomia em relação a esse imunizante”, celebra o diretor de Bio-Manguinhos/Fiocruz, Mauricio Zuma.
Com a transferência de tecnologia concluída, a Anlis estará capacitada a produzir o imunizante para o território argentino. Após o Termo de Compromisso, ainda será necessária a assinatura de um contrato de transferência de tecnologia entre as instituições para o detalhamento de todas as etapas do processo, bem como do cronograma a ser cumprido.
Para o diretor da Anlis Malbrán, Pascual Fidelio, o Termo de Compromisso está alinhado às estratégias do Mercosul: "Isso está em consonância com os acordos do Mercosul e com o que vendo sendo trabalhado no sentido de promover a produção de insumos estratégicos na Região com Brasil, Paraguai e Uruguai, e reafirma o compromisso assumido em conjunto com a Ministra da Saúde, Carla Vizzotti, e os comitês específicos de saúde", destaca.
Criada em 1893, ainda com o nome de Oficina Sanitária Argentina, a Anlis Malbrán é uma instituição de referência em pesquisa, produção, diagnóstico, vigilância ligada ao Ministério da Saúde e responsável pela coordenação de toda a rede de laboratórios públicos da Argentina e de executar as políticas públicas do país em saúde pública.
“Para o nosso país, é um avanço muito importante pode receber a transferência de tecnologia para produzir a vacina contra a febre amarela, que vai ocorrer no Instituto Nacional de Enfermidades Virais Humanas Dr, Julio Maiztegui, um dos 14 centros e institutos que compõem a Anlis Malbrán. É um passo inicial para outras transferências que poderão ocorrer no futuro, tanto no campo das vacinas, como para kits diagnósticos. Em diversos contatos que tivemos com a Fiocruz, essa é a primeira vez que avançamos com as condições para uma transferência desse porte”, comemora Fidelio.
Por: Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
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