Saúde

Fiocruz e Ministério da Saúde do Chile assinam acordo de cooperação

Documento prevêprojetos em diversas áreas, como pesquisa e desenvolvimento; epidemiologia, entre outros serviços de saúde.

30/11/2023 12:49
Fiocruz e Ministério da Saúde do Chile assinam acordo de cooperação
Foto: Divulgação/Fiocruz


O presidente da  Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Mario Moreira, e a ministra da Saúde do Chile, Ximena Aguilera, assinaram um Memorando de Entendimento (MdE) que abre caminho para a cooperação em educação, pesquisa e desenvolvimento tecnológico, além de comunicação, informação, gestão e políticas no campo da saúde em geral. Acompanhada pela chefe do Escritório de Cooperação e Assuntos Internacionais, Raquel Child Goldenberg, e pelo cônsul Carlos Marín, a ministra conheceu o Campus Manguinhos e se reuniu com representantes da Fundação no Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz).

O MdE tem duração de cinco anos, podendo ser renovado. O documento prevê a possibilidade de projetos em diversas áreas, como pesquisa e desenvolvimento; epidemiologia e vigilância de patógenos; políticas farmacêuticas e estratégias de produção; formação e recursos humanos; e serviços de saúde. Ele prevê ainda que as ações ocorram por meio de mecanismos de assistência técnica; intercâmbio de experiências e informações estatísticas e de pesquisa; cursos, seminários e visitas técnicas. A partir daí devem surgir acordos específicos.

“Este Memorando de Entendimento foi construído em pleno alinhamento com o nosso Ministério da Saúde e certamente será o primeiro de muitos acordos selados entre nós”, disse Mario Moreira. “O primeiro objetivo é organizar uma reunião técnica para identificar pontos de cooperação”.

Na reunião com a ministra, Moreira destacou a necessidade de fortalecer os sistemas de produção regional para que os países da América do Sul fiquem menos vulneráveis à escassez de vacinas e equipamentos, como ocorreu durante a pandemia de Covid-19, assim como reforçar a vigilância epidemiológica, lembrando que a Fiocruz faz parte do Hub da Organização Mundial da Saúde (OMS) para Inteligência Pandêmica e Epidêmica, em Berlim.

A ministra, por sua vez, destacou seu interesse em vários pontos, como acesso a diagnóstico e atenção primária. O Chile quer universalizar o atendimento primário e começou um projeto em cerca de 20 municípios. “Este acordo é muito importante porque nos permite assinalar alinhamentos para a cooperação”, disse Ximena Aguilera. “Esperamos ter apoio para desenvolver capacidades e também apoiar o Brasil no intercâmbio de oportunidades distintas e que são prioritárias. Estamos falando em atenção primária, regulação do tabaco e, em última instância, produção: aprender o que estão desenvolvendo no tema de recuperar a capacidade da soberania da região latino-americana em produção relacionada a reduzir a vulnerabilidade em emergências. Este é um tema prioritário tanto para o Brasil quanto para o Chile”, acrescentou.

Pelo acordo, um comitê especial será responsável por coordenar a elaboração de programas e projetos específicos. Ele será composto por um representante do Escritório de Cooperação e Assuntos Internacionais do Ministério da Saúde do Chile e por outro do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz).

Na reunião com Mario Moreira, no Castelo, a vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação (Vpeic), Cristiani Machado, e o coordenador adjunto do Cris, Pedro Burger, destacaram a cooperação estruturante da Fiocruz com instituições de outros países no campo da educação para profissionais de saúde, tanto com cursos de pós-graduação como de formação de técnicos. Na América Latina, por exemplo, a Fundação tem programas com instituições de Argentina, Peru, Uruguai e Paraguai. Na pandemia, o Campus Virtual formou mais de 400 mil profissionais de saúde, não só do Brasil. O vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAS/Fiocruz), Hermano Castro, ressaltou a importância de se trabalhar com a população local para modelos de alerta de contaminação do solo e dos rios.

À assinatura se seguiu a uma visita ao Castelo Mourisco, sede da Fiocruz. Na Biblioteca de Obras Raras, a delegação chilena pôde ver livros relacionados ao seu país, como Memorias del Manicomio de Santiago, de 1928, e dois volumes de Travels in South America, de Alexander Caldcleugh, de 1825, que atraiu bastante atenção da ministra.
Ximena Aguilera visitou ainda o Seminário Avanços e Desafios da Saúde Indígena no Brasil, o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), onde são produzidas vacinas, kits para diagnóstico e biofármacos, e a Unidade de Apoio ao Diagnóstico da Covid-19 (Unadig), construída em apenas 45 dias durante a pandemia e que agora amplia seu leque de atuação.

No Centro de Relações Internacionais em Saúde, a ministra pôde conhecer um pouco mais as áreas de atuação da Fiocruz e de cooperação internacional. Ela se reuniu com representantes das Vice-Presidências de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC), de Produção e Inovação (VPPIS), de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB) e de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS). Unidades como a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz), a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), Bio-Manguinhos e o próprio Cris fizeram parte da reunião.

Ximena Aguilera destacou três prioridades de seu ministério: reduzir as filas de espera por cirurgia e consultas, que como no Brasil cresceram durante a pandemia; atendimento à saúde mental, também relacionada a desastres como terremotos e incêndios; e a universalização da atenção primária. Os dois lados da conversa saíram com um trabalho de casa importante: identificar os principais pontos de interesse e destacar uma pessoa para dar prosseguimento às conversas.

Fiocruz

A Fundação Oswaldo Cruz tem 123 anos de existência. Sua história começou em 25 de maio de 1900, com a criação do Instituto Soroterápico Federal, no Rio de Janeiro. Fundada originalmente para fabricar soros e vacinas contra a peste bubônica, a instituição experimentou uma intensa trajetória, que se confunde com o desenvolvimento da saúde pública no Brasil. Com o sanitarista Oswaldo Cruz à frente, o Instituto foi responsável pela reforma sanitária que erradicou a epidemia de peste bubônica e a febre amarela da cidade. E logo ultrapassou os limites do Rio de Janeiro, com expedições científicas pelo Brasil.

Desde então, a Fiocruz tem sido peça chave no combate a doenças e epidemias no país, com sua produção voltada para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). A Fundação atuou como um dos principais centros de pesquisa e produtor de conhecimento na pandemia de Influenza A (H1N1), na epidemia de zika e microcefalia de 2105/2016 e na pandemia de Covid-19. Nesta última, teve papel estratégico na produção de uma das vacinas contra a doença, entregando milhões de doses de imunizantes ao SUS e ajudando a proteger a população brasileira.

Por: Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)

Link: https://portal.fiocruz.br/noticia/fiocruz-e-ministerio-da-saude-do-chile-assinam-acordo-de-cooperacao
A reprodução é gratuita desde que citada a fonte