InfoGripe: estados apresentam cenários variados para Covid-19
Os resultados laboratoriais apontam que cerca de 15% dos novos casos semanais de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por Covid-19 são crianças de 0 a 4 anos de idade
Divulgado nesta quinta-feira (9/11), o novo Boletim InfoGripe da Fiocruz destaca a manutenção de um cenário heterogêneo de casos de Covid-19 nos diversos estados brasileiros. Por um lado, a análise aponta um quadro de aumento de internações semanais associadas à Covid-19 na Bahia, acompanhando o crescimento já verificado nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Por outro lado, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná já mostram sinal de possível interrupção do aumento dos casos semanais. O Distrito Federal, por sua vez, une-se ao Rio de Janeiro no panorama de reversão de crescimento.
Com base nos dados inseridos no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 6 de novembro, o estudo é referente à Semana Epidemiológica (SE) 44 (29 de outubro a 4 de novembro). Os resultados laboratoriais apontam que cerca de 15% dos novos casos semanais de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por Covid-19 são crianças de 0 a 4 anos de idade, o que reforça a estratégia de vacinação para essa faixa etária.
"Antes da vacinação da população adulta, essas crianças representavam apenas cerca de 1% dessas internações. Com os adultos mais protegidos pelas vacinas, as crianças pequenas (muitas ainda não estão em dia com a vacina contra a Covid-19) passaram a ser parte dos grupos etários mais afetados pelos casos graves da doença, ficando atrás apenas dos idosos. Por isso, é tão importante vacinarmos nossas crianças pequenas. É algo similar ao que vemos na própria gripe, por exemplo”, destaca o pesquisador do Programa de Computação Científica da Fiocruz (Procc/Fiocruz) e coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes
O pesquisador ainda avalia que, com a vacinação em dia e o uso de máscara em situações específicas, será possível diminuir o risco de transmitir o vírus da Covid-19. "Para quem estiver com sinal de infecção respiratória, quadro de resfriado, de gripe, tosse, espirros, entre outros sintomas, a orientação é usar uma boa máscara para proteger o restante da população. O ideal é que quem apresentar esses sintomas fique em casa e faça repouso. Dessa forma, será possível se recuperar melhor e também proteger outras pessoas da doença", afirma o pesquisador.
Evolução dos casos de SRAG por faixa etária
Entre os meses de setembro e outubro de 2023, as crianças de até 4 anos de idade representaram, aproximadamente, 15% dos novos casos semanais de SRAG por Covid-19. Esse percentual só é inferior àqueles apresentados pelos pacientes de 60 a 79 anos e a partir de 80 anos de idade, ambos grupos respondendo por cerca de 30% dos casos semanais de SRAG por Covid-19, cada.
O InfoGripe verificou indícios de estabilidade ou oscilação nos casos de SRAG em crianças e adolescentes, porém manutenção de lento aumento na população adulta, especialmente no grupo a partir de 65 anos de idade. O aumento nos casos de SRAG nessa faixa etária é reflexo do crescimento dos casos positivos para Covid-19, a partir do mês de setembro, especialmente na metade sul do país (Centro-Oeste, Sudeste e Sul).
Estados e capitais
A atualização aponta que sete estados apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo: Bahia (BA), Ceará (CE), Maranhão (MA), Rio Grande do Norte (RN), Rio Grande do Sul (RS), Santa Catarina (SC) e São Paulo (SP). Na BA, RS, SC e SP, o aumento se observa nas faixas etárias da população adulta, decorrente do Sars-CoV-2 (Covid-19).
Em Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná, estados que, em boletins anteriores, apresentavam alerta para casos de SRAG por Covid-19 na população em idade avançada, já se observa possível interrupção do crescimento. Também no Distrito Federal e Rio de Janeiro destaca-se o sinal de início de queda.
No Maranhão, o crescimento está concentrado em crianças mais jovens. No Ceará e Rio Grande no Norte, verifica-se um aumento lento de crescimento e de concentração também nesse grupo etário, com pequena oscilação na população de idade avançada.
No Espirito Santo, ainda não é possível identificar se há início de crescimento ou apenas oscilação na população a partir de 65 anos de idade.
Entre as capitais, seis mostram sinal de crescimento: Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Maceió (AL), Porto Alegre (RS), Salvador (BA) e São Paulo (SP). Em Curitiba, Porto Alegre, Salvador e São Paulo se observa aumento principalmente na população de idade avançada, decorrente dos casos de Covid-19. Florianópolis e Maceió apresentam sinal ainda compatível com oscilação. No plano piloto e arredores de Brasília, já se observa indício de início de queda, juntando-se ao Rio de Janeiro, que já havia apresentado essa reversão no boletim anterior, conforme já informado anteriormente.
Casos e óbitos notificados de SRAG no Brasil
Os dados relativos aos resultados laboratoriais apontam manutenção do sinal de crescimento nos casos positivos para Sars-CoV-2, especialmente nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, não sendo ainda claro no Norte e Nordeste (com exceção do estado da Bahia). A influenza, o VSR e o rinovírus mantém sinal de queda ou estabilidade. O cenário atual sugere que os casos notificados de SRAG, independentemente de presença de febre, apresentam estabilidade na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) e de queda na de curto prazo (últimas três semanas).
Referente ao ano epidemiológico 2023, já foram notificados 155.628 casos de SRAG, sendo 60.959 (39,2%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 78.524 (50,5%) negativos, e ao menos 8.078 (5,2%) aguardando resultado laboratorial. Dentre os casos positivos do ano corrente, 7,7% são influenza A; 4% são influenza B; 35,1% são VSR; e 32,4% são Sars-CoV-2 (Covid-19). Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 1,2% para influenza A; 0,6% para influenza B; 9,5% para VSR; e 60% Sars-CoV-2.
Com relação aos óbitos por SRAG, independentemente de presença de febre, já foram registrados 9.546, sendo 4.883 (51,2%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 4.001 (41,9%) negativos e ao menos 170 (1,8%) aguardando resultado laboratorial. Dentre os registros de óbito positivos por SRAG no ano corrente, 10,1% foram por influenza A; 5,1% por influenza B; 7,4% por VSR; e 70,4% por Sars-CoV-2 (Covid-19). Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência de óbitos por SRAG foi de 0% para influenza A; 0,6% para influenza B; 0,6% para VSR; e 82,5% para Covid-19.
Por: Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
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