Ministério da Saúde amplia diálogo sobre Plano Setorial de Adaptação à Mudança do Clima
Reunidos em Brasília, especialistas cooperam na construção do documento
O Ministério da Saúde realizou a 1ª Oficina Técnico-Científica sobre Mudanças Climáticas, Saúde e Equidade. O encontro aconteceu na sede da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), em Brasília, na terça e na quarta-feira (31 e 1), com pesquisadores e especialistas de diferentes áreas de conhecimento.
O propósito central da oficina foi consolidar um conjunto de evidências e estratégias para subsidiar a elaboração do Plano Setorial de Adaptação à Mudança do Clima. O plano será construído a partir da consulta e da colaboração direta de especialistas que atuam no segmento. A versão atual deste plano foi publicada em 2016, tornando essencial sua atualização e adequação às necessidades atuais.
Frente à emergência climática, a iniciativa destaca o papel das ações em saúde ambiental coordenadas pelo Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. O monitoramento atento da água, substâncias químicas e qualidade do ar reflete a consciência dos impactos das mudanças climáticas na saúde humana. “A estratégia adotada pela pasta se alinha diretamente com o Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima, buscando não apenas a mitigação, mas também a adaptação ativa aos desafios climáticos em questão”, explicou Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde.
Para Inamara Melo, coordenadora geral de adaptação à Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, a oficina representa um espaço fundamental, onde se darão os debates essenciais sobre o tema. “Esta reunião é de extrema importância para nós, pois envolve o engajamento de todos. Aqui, teremos a oportunidade de apresentar agendas coordenadas pela Secretaria Nacional para a Elaboração do Plano Climático. Este plano abarca investigação, adaptação e visa consolidar a agenda política brasileira para o clima, possibilitando um impacto social e político significativo ao abordar essa questão”, enfatizou.
Alex Roswell, representante da OPAS, destacou que entre 2030 e 2050, as projeções da OMS indicam que as mudanças climáticas acarretarão mais de 250 mil mortes anualmente. O aumento das temperaturas, eventos climáticos extremos e a poluição do ar, juntamente com incêndios florestais, afetarão negativamente a segurança alimentar, a água, a terra e a saúde. “Isso resultará em impactos adversos na propagação de doenças infecciosas, condições de calor, doenças não transmissíveis e complicações relacionadas à gravidez. Essas consequências terão impactos econômicos significativos, ampliando desigualdades”, disse.
Estima-se que até 132 milhões de pessoas possam mergulhar na pobreza até 2030, enquanto aproximadamente 1,2 bilhão serão forçadas a abandonar seus locais de origem até 2050 devido às mudanças climáticas. Os custos diretos relacionados a danos na saúde podem atingir entre 2 e 4 bilhões de dólares por ano até 2030, particularmente impactando áreas com infraestruturas de saúde menos eficientes, predominantemente em países em desenvolvimento.
União
Agnes Soares, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador da SVSA, enfatizou que a união de esforços é fundamental para que se possa oferecer respostas estruturadas, organizadas e institucionais diante desses eventos, com impactos significativos na saúde e nas unidades de saúde.
“Nos próximos dias, temos um intenso trabalho pela frente. Tenho plena confiança de que sairemos daqui fortalecidos, renovados em nossa energia e entusiasmados com nossa colaboração em equipe para o bem do nosso país”, afirmou.
Desafios
Durante a cerimônia de abertura da oficina, Ethel Maciel também destacou a importância da contribuição da comunidade científica na questão da elaboração de políticas públicas voltadas para a questão das mudanças climáticas e desastres ambientais, principalmente em áreas prioritárias, como a Amazônia Legal.
“Nossa atenção se volta para questões ambientais adormecidas, visando superar desafios complexos com apoio coletivo na definição de prioridades para o país, buscando soluções complexas para desafios maiores. Agradecemos o intenso trabalho destes dois dias, esperando que este grupo científico possa colaborar com o Ministério da Saúde na definição de investimentos futuros. Desejo sucesso a todos neste trabalho”, concluiu.
Por: Ministério da Saúde
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