Paulinho fala sobre racismo religioso, e Ministério do Esporte reforça compromisso no combate à discriminação
Em meio ao Novembro Negro, atacante convocado pela seleção brasileira sofre intolerância religiosa e cita “legado da escravidão” como causa da discriminação
A persistência de desafios relacionados ao racismo no esporte é evidente, como recentemente mostrou o caso do jogador da Seleção Brasileira, Paulinho. Desde sua estreia na última quinta-feira (16/11), o atleta tem sido alvo de declarações preconceituosas nas redes sociais devido à crença em religiões de matriz africana : “Foi só a galinha da macumba entrar. Pede gol para Exu agora”, foi um dos ataques no X, antigo Twitter.
Paulinho, angustiado, diz que a discriminação é um “legado da escravidão”. “As religiões de matriz africana são mais atacadas pelo simples fato de ter existido a escravidão. A gente sabe que na época, quando os negros cultuavam sua cultura, eles eram demonizados. Eram considerados pessoas ruins por tudo o que eles faziam e quando praticavam suas religiões”, afirma.
O atleta lamenta os casos recorrentes de preconceito que ocorrem ainda no século XXI. “A gente vem tendo muitos casos de preconceito. E não só por intolerância religiosa, mas também por vários tipos de intolerância, como a relacionada à cor de pele. Sabemos o quão é difícil lutar por essas causas, por essas minorias. Nós ficamos tristes por esses acontecimentos, mas como eu sempre digo, sempre vou continuar na luta, sempre vou continuar fazendo o meu papel, usando a minha voz para poder combater esse tipo de preconceito ", diz.
O atacante também fala que, por isso, o termo certo é racismo religioso. Algo além de intolerância religiosa. “A gente hoje em dia acaba falando que é um racismo religioso, por conta de que os negros praticavam a sua religião e eram demonizados pelos brancos”, explica.
O Ministério do Esporte, em meio aos episódios de discriminação não só do jogador Paulinho, mas de outras e outros atletas que sofrem discriminação racial, assinou junto ao Ministério da Igualdade Racial e à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) um protocolo de intenções para o combate ao racismo e promoção da igualdade racial no futebol.
O ministro do Esporte, André Fufuca, defende um esforço de todos os envolvidos para a implementação de uma política efetiva de combate ao racismo no futebol e nas modalidades esportivas em geral.
“É preciso sermos reconhecidos pela capacidade de coibir esse mal. O racismo deve ser abolido dos campos e também de fora deles. É dessa maneira que nós teremos uma sociedade mais fraterna e justa”, completa.
No Novembro Negro, o MEsp divulga o Disque-Esporte como uma importante ferramenta disponível para o atendimento das denúncias de racismo para atletas, torcedores, torcedoras e população em geral. Além de garantir o encaminhamento para as autoridades competentes, o canal poderá, quando possível, acompanhar o andamento e fornecer respostas para usuários sobre suas manifestações. As notificações podem ser feitas via ligações telefônicas, e-mail, formulários, aplicativos de mensagens e ainda há a opção de atendimento em Libras.
A utilização da ferramenta para o recebimento de denúncias é uma das ações que farão parte do Plano Nacional Esporte sem Racismo. A iniciativa será lançada em 2024 e reunirá um conjunto de ações para combate ao racismo e promoção da igualdade racial nas áreas de esporte e lazer.
Por: Ministério do Esporte
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